Carmelita: do Latim carmelites, designando primitivamente o habitante do Carmelo, cadeia de montanhas na Porfíria, nos arredores de onde hoje está Haifa, em Israel. No século XII, por inspiração do exemplo do profeta Elias (século IX a.C.), eremita judeu que fazia prodígios com seu manto e era alimentado por corvos, foi fundada a Ordem dos Carmelitas. Com as invasões sarracenas, os monges fugiram e se espalharam pela Europa. Coube ao religioso espanhol João da Cruz (1542-1591) e à religiosa e escritora espanhola Teresa d’Ávila (1515-1582) reformar essa organização religiosa na Espanha. Vivendo em conventos separados, adotaram novos costumes, em busca do que ela definiu como caminho da perfeição, a ser obtido numa vida de recolhimento. Em 1560, reunindo algumas colegas monjas em sua cela, Teresa fundava, então, uma dissidência. Inspirando-se no exemplo do santo espanhol Pedro de Alcântara (1499-1562), deixou os Carmelitas da Antiga Observância, fundando novo convento em Ávila, dedicado a São José (século I).
Descalça: do Latim discalcea, sem calcea, isto é, sem calçado, sem coturno, sem sapato, sem bota, sem sandália, e não sem calça, significado que calcea tomou pela nova indumentária do exército romano nas invasões da Europa do Norte, quando precisaram proteger as pernas com meias longas, chamadas calceae. O plural descalças mudou de significado em 1593, quando o papa Clemente VIII (1536-1605) determinou que o nome da ordem religiosa fundada por Teresa d’Ávila e João da Cruz deveria ser mudado para Ordem das Carmelitas Descalças, para diferenciá-la daquela que lhe tinha dado origem.
Menino-prodígio: de menino, vocábulo de origem expressiva, criado pelas mães, e de prodígio, do Latim prodigium, em cujo étimo está o verbo agere, fazer, significando o que faz as coisas antes. É o menino de inteligência privilegiada, que faz as coisas antes dos outros de sua idade. Carlos Matheus Silva Santos (27), filho de professores de Sergipe, foi um menino-prodígio. Em 2000, aos 15 anos, tornouse mestre e, aos 19, doutor em Matemática, mas não pôde receber os títulos porque não concluíra a graduação, que concluiu só em 2005. Trabalhou na Associação Instituto Nacional de Matemática Pura (IMPA), no Rio, passou pelo Collège de France e hoje está vinculado ao Centre National de la Recherche Scientifique, na França.
Sincronizar: do Francês synchronizer, palavra formada dos étimos do Grego syn, juntamente, e khrónos, tempo. Há 498 anos, num 9 de março, nascia Teresa d’Ávila, que morreria no dia 4 de outubro e seria enterrada no dia seguinte, 15 de outubro, pois naquele dia o papa Gregório XIII (1502-1585) mudava o calendário, que dali por diante seria conhecido como calendário gregoriano, acrescentando 10 dias para sincronizar a contagem do tempo com o calendário solar.
Treta: do Espanhol treta, vindo do Francês tracte, ambos radicados no Latim tractus, trato, mas que ganhou no Português um significado pejorativo. Após designar destreza no jogo da esgrima, tornou-se sinônimo de astúcia, ardil, manha, praticados por dois para enganar um terceiro. Misturou-se a mutreta, do Quimbundo muteta, mercadoria trazida na muhamba, cesto comprido para transportar cargas em viagem. Outro sinônimo de treta e mutreta é marmelada. Faltava marmelo em certas regiões do País, mas a marmelada era feita do mesmo jeito, misturandose chuchu e abóbora, que eram mais baratos.
Véu da noiva: de véu, do Latim velum, e noiva, do Latim nupta, do mesmo étimo de núpcias, formou-se esta expressão para designar, no futebol, a rede posta nas traves, daí ser o goleiro chamado também guarda-rede. A regra 10 do futebol, que trata do gol, prescreve: “Se terá marcado um gol quando a bola tenha ultrapassado totalmente a linha de meta entre os postes e por baixo do travessão, sempre que a equipe a favor da qual se marcou o gol não tenha cometido previamente alguma irregularidade às regras do jogo.” Mas o véu da noiva, como nos casamentos, parece optativo na regra 1: “Poderão ser colocadas redes fixadas nas metas e no solo atrás da meta, com a condição de que estejam presas de forma conveniente e não atrapalhem o goleiro.” Há um quê de erótico no gol quando a bola vai para o fundo da rede.