Braço: do Grego brakhíon pelo Latim clássico brachium e daí ao Latim vulgar braccium, do qual chegou ao Português braço. Pronúncia e escrita mantiveram semelhanças nas diversas línguas neolatinas. Designa, por metáfora, comando, força, divisão de rio etc. e está ligado a braça, do Latim brachia, plural de bracchium, medida que varia de país para país. Com os braços estendidos horizontalmente, braça é a distância da ponta do dedo médio da mão direita à do esquerdo, mais ou menos 2,2 metros.
Estante: do Latim stante, declinação de stans, do verbo stare, estar, ficar de pé, em oposição a sedere, sentar, depois adsedentare, no Latim vulgar. No scriptorium, escritório, no Latim clássico, ou na bibliothéke, biblioteca no Grego, os livros eram acomodados em móveis chamados estantes, onde os livros ficavam em pé, visível a lombada, do latim lumbus, costas, lombo, onde ainda hoje constam título da obra e nome do autor.
Lente: do Latim lente, declinação de lens, já redução de legens, aquele que lê. Como os professores lessem nas aulas a matéria que os alunos deveriam aprender e mais tarde o fizessem com uma luneta ou óculos sobre o nariz, pince-nez em Francês, isto é, aparelho preso ao nariz, os mestres foram chamados também de lentes, pois em fins da Idade Média já estava em circulação a luneta, uma ou duas lentes encaixadas em armação posta sobre o nariz, mais tarde presa também às orelhas, pelas hastes. As lunetas foram as avós de nossos óculos e lentes, sendo óculos o plural de óculo, do latim oculus, olho. O plural consolidou-se em óculos desde que a leitura foi facilitada pela fixação de óculo para cada olho. Já em binóculo o étimo bin, ligado a bis, bis, dois, repetição, designa par, como em binário. No romance O Nome da Rosa, do escritor italiano Umberto Eco (80), um jovem noviço admira-se de que seu colega de cela, um velho monge, ponha tal armação sobre o nariz para fazer suas leituras de noite, quando mestre e discípulo, em viagem, passam uns dias na abadia que é palco dos trágicos eventos.
Óleo: do Grego élaion pelo Latim oleum, designando primeiramente o azeite de oliva, fruto da oliveira, cuja variante árabe az-zayt, azeite, veio a tornar-se preferencial. Palavra de outros significados, óleo designou também, desde a origem, essência para perfumar corpos e ambientes. É frequente na Antiguidade que as pessoas se purifiquem antes de ocasiões especiais. Os povos do deserto, à falta de água ou atentos a seu racionamento, passavam finas camadas de óleo na pele, depois retiradas com um pano para o fim de fazer a higiene do corpo. Na tradição hebraica, o óleo de unção, diferente do azeite, aparece ainda em Êxodo 30, 23: “O Senhor disse a Moisés: Escolha as especiarias mais cheirosas para fazer o azeite sagrado, seguindo a arte dos perfumistas. Em três litros e meio de azeite misture o seguinte: seis siclos de mirra líquida, três siclos de canela, três siclos de cana cheirosa e seis siclos de cássia, tudo pesado de acordo com a tabela oficial.” O siclo, medida de peso no Egito e na Judeia, variava de 6 a 12 gramas.
Periguete: da gíria de Salvador, na Bahia, adaptação do Português peri(go) e do Inglês girl. Peri(gosa) girl, depois peri girl e por fim periguete. Substantivo feminino. Designa mulher que se veste de maneira sensual, chamando a atenção por revelar sem pudor os contornos do corpo e aquela que, não tendo namorado fixo, procura homens para um caso rápido. A atriz mineira Ísis Nable Valverde (26) representou a periguete Suelen na novela Avenida Brasil, contribuindo para a consolidação da nova palavra na língua portuguesa.
Volume: do Latim volumen, rolo ou coisa enrolada, substantivo ligado ao verbo volvere, virar, voltar. Em tempos idos, na Grécia, como em Roma e em Israel, os livros eram escritos em rolos de papiro ou couro. Quem lia um capítulo ou trecho ia desenrolando o que estava lendo e o enrolando de novo para ler o próximo. A própria palavra capítulo vem do Latim capitulum, diminutivo de caput, cabeça no Latim clássico, que no Latim vulgar era capitia. Nos artigos das leis, nas ordenações, nas determinações de orçamentos, caput veio a designar a parte principal do artigo ou da disposição e capitulum a subdivisão. Capítulo permanece como divisão de livro.