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Estudos defendem a preservação da safena nos tratamentos de varizes

por <b>Jorge Agle Kalil</b>* Publicado em 29/09/2009, às 02h16

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Na década de 1990, na maioria dos casos de cirurgia de varizes dos membros inferiores se retirava a safena em toda a sua extensão. Isso porque se acreditava que a veia era a principal causa daquelas varizes. Teses de mestrado em Faculdades de Medicina do Brasil e do exterior esclarecem que a realidade não é esta e sempre que possível se deve preservar a veia, ou parte dela. Os mesmos estudos estabelecem critérios para sua retirada. As safenas são veias superficiais das pernas. Existem duas: a interna e a externa. As internas são as mais longas do corpo, iniciando-se no peito do pé e indo até a virilha. Por volta de 85% do sangue das pernas é drenado pelas veias profundas e os outros 15% pelas superficiais e pelas comunicantes, ou seja, as que fazem a ligação das profundas com as superficiais. Algumas vezes elas se dilatam e passam a drenar o sangue das pernas com velocidade diminuída. O fluido acumula-se e força as outras veias superficiais, que se dilatam e acabam formando varizes. Estudos internacionais mostram que às vezes basta retirar as veias varicosas que a safena volta a funcionar bem. Mas, por precaução, nas cirurgias de varizes se retirava toda a safena. Com o objetivo de mudar esse quadro, as teses citadas estabeleceram critérios para a retirada da safena, adotados por vários cirurgiões vasculares do país. Segundo os novos entendimentos, só se retira a veia quando ela se dilatou tanto que seu diâmetro atingiu 8 milímetros ou mais. Nessa situação, segundo os estudos: a) a safena já teria refluxo sanguíneo tão grande que, mesmo retirando as veias varicosas, continuaria "incompetente"; b) o sangue que ficaria parado na região, pela incapacidade da safena de transportá-lo com eficácia, seria suficiente para formar novas varizes, além de propiciar complicações como flebites (inflamação das veias) e tromboflebites (tromboses de veias superficiais e/ou profundas); e c) uma safena com 8 milímetros está tão danificada que não pode mais ser usada para corrigir doenças cardiovasculares. Também se retira a safena quando o paciente sente muita dor ao longo dela. Os estudos recomendam, enfim, que, se possível, se retire só o segmento comprometido, não a safena inteira, ou que se preserve a veia. "E por que evitar a retirada da veia?", você poderia perguntar. Porque é usada no tratamento de doenças cardiovasculares, como alternativa para os stents, a artéria mamária e a artéria radial. Quando uma artéria cardíaca entope e o coração passa a não receber todo o sangue de que necessita, é possível corrigi-lo fazendo-se a conhecida "ponte de safena". Consiste em retirar uma porção da veia do paciente e, por meio de cirurgia, criar com ela novo canal de comunicação entre os dois lados sadios da artéria entupida. A safena é a melhor alternativa também para se reconstituir a circulação em quem perdeu artérias das pernas em acidentes ou ferimentos por armas. É fundamental que se adotem critérios rigorosos para se retirar a safena ou parte dela nos tratamentos de varizes. A veia deve estar à disposição quando as pessoas precisam dela para tratar de doenças cardiovasculares. Isso é importante em especial para quem está mais suscetível às doenças cardiovasculares, como os indivíduos que apresentam casos de doenças cardíacas na família; os portadores de hipertensão; os fumantes; e os diabéticos.