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EM CASA COM A DOCE FERNANDA YOUNG

INTIMIDADE DA ESCRITORA, APRESENTADORA DO GNT E ATRIZ TEATRAL ESTREANTE

Redação Publicado em 24/06/2008, às 15h19 - Atualizado em 05/11/2009, às 20h24

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Na sala, decorada com painel de grafite, brincadeira musical com Beatriz, amiga de suas filhas, as gêmeas Madonna e Estela. - Lailson Santos / Imagens & Imagens
Na sala, decorada com painel de grafite, brincadeira musical com Beatriz, amiga de suas filhas, as gêmeas Madonna e Estela. - Lailson Santos / Imagens & Imagens
por Amanda Lisboa Nascida em Niterói, Rio de Janeiro, apaixonada por São Paulo, cidade onde mora, intensa em emoções e pensamentos e muito mais tímida e conservadora do que sua figura pode aparentar. Isto sem dizer que é uma operária do exercício literário. Estamos falando de Fernanda Young (38), escritora, roteirista e apresentadora casada, há 15 anos, com o também escritor e roterista Alexandre Machado (48) e mãe das gêmeas Estela May e Cecília Madonna, de sete anos. Inquieta e questionadora, ela se desdobra entre suas múltiplas funções. No ar com o programa Irritando Fernanda Young, da GNT, estréia sua primeira peça teatral, o monólogo A Idéia. Onze anos após o lançamento de seu primeiro livro, Vergonha dos Pés (1996), sendo o mais recente Tudo que Você Não Soube (2007), a doce, vibrante e inspirada Fernanda encara o novo desafio profissional e abre as portas seu amplo apartamento no tradicional bairro de Higienópolis, no qual fala sobre sua vida. - Como foi a decisão de experimentar o teatro? - Escrevi esta peça há dois anos e a entreguei para a Marisa Orth, queria muito que ela interpretasse. Depois de um ano, ela me respondeu dizendo que eu é quem deveria fazer a personagem. Mas só há dois meses e meio, em uma conversa com Alexandre Reinecke, que está me dirigindo, decidi fazer. - Você já atuou como atriz na televisão, como é o palco? - Tive pequenas experências na década de 1990, mas aprendi muito e foi um exercício para escrever. Agora, atuando, estou vivendo a realização de um sonho que deixei para trás. Estou respeitando mais os atores (risos), quero dizer que estou sentindo na pele o alto nível de resistência física e emocional que o teatro requer, é uma doação. Outro dia me encontrei com a Fernanda Montenegro e ela comentou que o teatro iria me fazer muito bem. Já está fazendo, é uma forma de lidar com minhas próprias emoções porque minha natureza tímida me fez ser escritora. - Este trabalho mudou muito sua rotina de mãe e escritora? - Antes de começar expliquei à Estela e Madonna que não teríamos mais o mesmo tempo juntas. É que meu trabalho como escritora permite que eu trabalhe em casa ou em meu estúdio, onde escrevo meus romances, e elas fiquem sempre por perto. Mas agora dou um jeito de pelo menos levá-las ou buscá-las no colégio, elas fazem questão e sinto que isto é importante para elas. Ajudá-las com as tarefas do colégio tem ficado por conta do Alexandre. Também tenho escrito menos, mas dá para fazer em qualquer tempo livre. - De que forma você e Alexandre educam as meninas? - Os dois participam de tudo. A disciplina é muito importante, além de saber repreender sem sentir culpa. O principal é ser o mais honesto possível, é isto que garante a confiança entre pais e filhos. Acho inadmissível bater como forma de repreensão e as crianças não aprendem por meio da violência. Por exemplo, eu e Alexandre somos budistas mas não impomos nada a elas. Afinal, quando crescerem vão mudar de idéia. (risos) - Ano passado você passou por um momento difícil em relação à maternidade, como foi? - Sofri um aborto espontâneo aos três meses de gravidez. Foi a experiência mais devastadora da minha vida. Não sei como aconteceu a superação, mas entendi que não era a hora de aquela vida estar conosco, há algo maior regendo nossas vidas. Em homenagem ao bebê tatuei no braço um beija-flor, foi a forma que achei para representá-lo já que não pôde encarnar. Queremos ter mais filhos, ainda posso engravidar, mas queremos adotar. Mesmo os filhos biológicos têm de ser adotados, os pais tem de aceitá-os como são de acordo com suas mudanças ao longo da vida. Desde criança tenho vontade de adotar e o Alexandre também quer muito. Na hora certa vai acontecer. - Sua casa tem uma ambientação peculiar. Quem a decorou? - Eu e Alexandre mesmo. Moramos aqui há 11 anos e a decoração foi acontecendo ao longo do tempo. Quando encontrávamos algo bacana iámos incorporando aos ambientes. Não segue padrões, tem a nossa cara. - Vocês costumam receber os amigos em casa? - Sim, mesmo tendo poucos amigos adoro recebê-los. Até porque não vou a festas, sou disciplinada e sair interromperia o dia-a-dia. Acordo muito cedo e tenho minha rotina com as crianças e o trabalho. Além disso, corro 10 quilômetros por dia, a badalação noturna não combina com meu estilo de vida. O que faço muito é cantar no karaokê com as meninas. A Cecília está fazendo aulas de guitarra e eu toco um pouco, então ficamos horas brincando. - Você passa uma imagem muito pós-moderna. Como é sua relação com Alexandre? - Nos conhecemos quando eu tinha 16 anos, nossa empatia é intensa. Mas, ao contrário do que podem pensar, não temos uma relação aberta. Nossa relação é de fidelidade e sou ciumenta, muito mais que ele. Aliás, quando me pediu em casamento havíamos acabado de discutir por ciúme, foi em uma boate em Nova York. Era minha primeira viagem internacional e eu reclamava de tudo, depois da briga ele disse que queria passar o resto da vida comigo. Foi incrível! (risos). Nunca estive casada de forma hipócrita e não precisamos nos defender um do outro. Casar não é sessão da tarde para sempre mas é muito bom. Ele é um gênio, um fofo, o homem da minha vida. Só não está aqui porque não gosta de câmeras, ele é ainda mais tímido que eu. (risos) - Você está chegando perto dos 40, como lida com a questão da idade? - Fiz uma lipoaspiração depois do parto porque o corpo muda. Até saí na CARAS antes de fazer a cirurgia plástica, fiz questão de fotografar superinchada, que é como toda mulher fica após dar à luz. Eu não queria reforçar o mito e a cobrança do corpo perfeito pós-parto que recaem sobre as mulheres. Envelhecer é muito doido, um dia você olha no espelho e vê que as coisas mudaram. Já fui contra botox e cirurgia, mas mudei de idéia. Não vejo nenhum problema em mudar algo que incomoda, desde que preservada a leveza e a naturalidade da velhice.