Em entrevista ao 'Programa do Jô', que vai ao ar nesta sexta-feira, 7, o cantor Gilberto Gil fala sobre morte, idade e politicamente correto. De acordo com ele, artistas não deveriam ser tão certinhos. 'É importante que eles sejam meio tortinhos', defendeu
O Programa do Jô desta sexta-feira, 7, será inteiramente dedicado ao cantor, compositor e músico Gilberto Gil (70), que volta a atração depois de 10 anos. Na entrevista a Jô Soares (74), Gil fala sobre como é ter 70 anos, o medo de morrer e diz que artistas não deveriam ser o tempo todo politicamente corretos.
“Quem deveria ser politicamente correto são os políticos, você não concorda?”, perguntou Jô. “Claro”, respondeu o cantor. “Outro dia estavam falando que o Monteiro Lobato, que era um homem comprometido com a integração, com a cultura, com a união, promovia racismo em suas obras. Imagina?!? Aquela era a linguagem da época. Gente, os artistas têm licença poética. Eu até entendo os militantes, as pessoas que se incomodam... Mas nestes casos não há necessidade. É importante que os artistas sejam meios tortinhos, não podem ser tão certinhos.”
No programa, Gil também contou com bom humor que quase teve problemas no momento de registrar a filha Preta Gil (38). “O escrivão perguntou o nome. Eu falei: Preta Maria. Ele, indignado: Preta, que nome é esse? E eu respondi: Preta, assim como Clara, Branca... ( risos) o Brasil é um pais democrático, eu escolho o nome que quiser.”
Sobre o medo de morrer e desaparecer, ele disse que chegou a escrever uma canção. “Eu não tenho medo da morte, tenho medo de morrer. Certa vez, fiquei em frente do papel, em Sevilha, e me coloquei a questão do desaparecimento, de morrer. A música "Não tenho medo da morte" veio aí. Muita gente não gosta do tema, mas foi uma questão que eu senti necessidade de abordar. Não tenho medo da morte tenho medo de morrer. Afinal a morte é depois, o morrer é o que está por vir. Está tudo na letra.”