Campanha nacional alerta para os perigos das moléstias dos rins
Gianna Mastroianni Kirsztajn Publicado em 23/03/2007, às 17h20
No último dia 8, cerca de 50 países comemoraram o Dia Mundial do Rim. O objetivo foi alertar para a importância de se diagnosticar e tratar logo no início as doenças desse órgão fundamental para evitar que inviabilizem seu funcionamento, o que pode pôr a vida dos portadores em risco. O evento ocorre anualmente desde o ano passado. A participação do Brasil é coordenada pela Sociedade Brasileira de Nefrologia. Aliás, o Comitê de Prevenção da SBN faz a campanha Previna-se desde 2003. Agora ela ocorre em todo o país durante o ano inteiro. No Dia Mundial do Rim, houve atividades de esclarecimento, como palestras, em cerca de 200 cidades de 24 Estados para a conscientização da população. Além disso, em muitas localidades foi possível fazer exames de graça para a detecção das doenças renais.
Só para se ter uma idéia da importância do alerta, listo dados internacionais e brasileiros. Por volta de 500 milhões de pessoas sofrem de problemas renais no planeta. Cerca de 1,5 milhão fazem diálise e tal número deve dobrar nos próximos anos. Mais de 80% dessas pessoas vivem em países desenvolvidos, pois nas regiões pobres muitos não têm acesso ao tratamento e simplesmente morrem. Aqui, estima-se que 2 milhões sofram de doenças renais crônicas, sendo que 60% nem o sabem. Dos 120 mil brasileiros que precisariam fazer diálise, apenas 70 mil têm acesso a ela.
O rim é um órgão duplo localizado na região lombar. Tem várias funções, como filtrar o sangue para retirar as impurezas resultantes do metabolismo corporal; manter o equilíbrio hídrico e eletrolítico do corpo, controlando o balanço de água, sais e eletrólitos; e produzir hormônios, entre eles a renina, que ajuda no controle da pressão arterial.
As moléstias dos rins que mais freqüentemente se "comportam" como doença renal crônica, progredindo para insuficiência renal terminal, são estas:
Ï Glomerulonefrites. Caracterizam-se pela inflamação crônica dos rins por motivos diversos, como lesão causada por lúpus, hepatites e aids. Se diagnosticadas em tempo, podem ser tratadas e curadas ou controladas.
Ï Nefropatia hipertensiva. Nessa condição, os rins são danificados pela hipertensão arterial. Quando diagnosticada, o principal tratamento é manter controlada a pressão.
Ï Nefropatia diabética. Resulta do diabetes. Lesa os rins, manifestando-se inicialmente por perda de proteínas pela urina. Pode ser diagnosticada facilmente, no entanto só dispõe de tratamento eficaz no início.
Ï Doença renal policística. Consiste na formação de grande número de cistos no interior dos dois órgãos.É hereditária, ou seja, se alguém a tem, é provável que outros na família sejam portadores e não saibam.
A doença renal crônica em geral ocorre ao mesmo tempo nos dois rins. Pode atingir qualquer um, mas é mais comum em pessoas de 30 a 45 anos. Os sintomas são: inchaço dos pés, pernas, rosto e às vezes do corpo todo, pelo acúmulo de fluidos; palidez e anemia sem uma causa aparente; enjôo, náuseas e vômitos; aumento da pressão arterial devido à retenção de sal e água; e espuma na urina pela perda excessiva de proteínas. É preciso ficar atento, pois, quando os sintomas aparecem, muitas vezes as doenças já estão em estágio avançado.
Pessoas com sintomas devem consultar logo um médico clínico geral ou nefrologista.É fundamental diagnosticar logo no início as doenças renais e realizar o tratamento. O diagnóstico é feito pela dosagem da creatinina no sangue e por exame de urina, no qual uma das principais alterações é a presença de proteínas. Quando os rins não estão bem, ou perderam sua função, os níveis de creatinina se elevam no sangue. O tratamento precoce evita que as doenças se tornem crônicas e danifiquem definitivamente os rins. No momento em que isso ocorre, só restam aos pacientes duas alternativas: a diálise e o transplante. Ambos evoluíram bastante nasúltimas décadas, mas a vida de transplantados e de quem faz diálise ainda é bastante difícil.
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