A atriz Betty Lago conta o que a fez ficar chateada quando era contratada da Rede Globo. Na nova novela da Record 'Vidas em Jogo', a atriz interpretará pela primeira vez uma personagem popular
A atriz Betty Lago voltará às telinhas na próxima novela da Record,
Vidas em Jogo. A ex-global, que está distante da TV desde a minissérie
Cinquentinha, fará pela primeira vez uma personagem pobre na pele da empregada doméstica Marizete.
"Eu estou adorando. É o personagem mais diferente que eu já fiz. É o primeiro personagem tão popular. Pena que será assim por pouco tempo porque eles [outros personagens] vão ganhar na loteria. Ela vai ficar milionária e vai se achar, como todo mundo que ganha dinheiro".
Em entrevista à
CARAS Online, Lago revelou que sentia falta de interpretar um papel menos sofisticado, diferente do que estava habituada a fazer. Ela também conta o que a fez ficar chateada enquanto era contratada da Rede Globo.
-
Você sentia falta de fazer uma personagem menos sofisticada?
- Sentia. Mas nem batalhava por isso. Até pedia para fazer testes, mas as pessoas diziam que não tinha nada a ver porque não iria ter credibilidade. Claro que tem, depende de quem está fazendo. Então, foi interessante quando o Avec [
Alexandre Avancini, diretor] me chamou e achou que eu poderia fazer. Fiquei emocionada. Está um trabalho muito bonito.
-
Você se inspirou em alguém específico? Na sua empregada doméstica, por exemplo?
- Não, eu acho que a gente vive isso. A minha empregada já tem atitude de quem já ganhou na loteria. É mega metida. E como estamos juntas há 30 anos, já virou uma relação de amizade. É uma amiga. Mas, às vezes, eu leio os textos e pergunto como ela leria. E ela sempre vem com um tom abusadíssimo. Então não chega a ser uma inspiração, mas é uma consultoria.
-
Então como você se inspirou?
- A gente sempre vê essas empregadas de uniforme. Eu tenho uma certa implicância com essa coisa uniformizada: Aquelas babás de manhã, de tênis, calça comprida, faça o calor que fizer. É uma coisa que você vê muito mais no Brasil do que em qualquer outro país desenvolvido, essa pseudo-pompa. Tem uma coisa subserviente que é a cara da nossa cultura. É a gente mesmo.
-
Você acha que tinha esse lado mais popular e o que você fazia não abria espaço para mostrar isso?
- Todo mundo tem. É um range que todo artista deve ter, de poder fazer de A a Z, independente do seu biotipo. É como se você dissesse que pessoas pobres não podem ter traços finos. É quase isso. Eu tinha vontade de fazer [uma personagem popular] e está sendo muito interessante, muito bom. Eu nunca tinha trabalhado com a
Beth [Goulart], lá na Globo. Então, estamos fazendo uma dobradinha muito gostosa.
-
Você andava meio longe da televisão. Foi por opção mesmo?
- Eu fiz
Cinquentinha. Depois, o
Miguel [Falabella] me chamou para fazer
Vida Alheia. Aí, o
Aguinaldo [Silva] ia fazer uma segunda temporada de
Cinquentinha, e aquela política da Globo de colocar reserva, que eu acho super errada, porque eu não estava contratada. E eles me reservaram e o Miguel não pôde [incluí-la no elenco de
Vida Alheia]. Aí, ele chamou a
Marília Pêra para fazer a personagem que eu faria. Isso me deu aquela desanimada porque eu queria fazer
Vida Alheia. Depois, vinha a novela do Miguel e eu fiquei meio que esperando. Sabe quando você fica com vontade de trabalhar com outra pessoa? Além disso, eu não tinha o
frisson de estar sempre no vídeo, só para me mostrar. Essa é uma mentalidade brasileira. Não é por aí. Tem outras coisas. Tô afim de viver! Quero ir para Nova Iorque, fazer outras coisas. Quero viajar, estudar. Não é que você se afasta, mas vai fazer outras coisas.