Chama-se plagiocefalia à situação em que o crânio da criança, visto de cima, apresenta duas metades assimétricas, ou seja, com forma e tamanho diferentes. A rigor, vale alertar, nenhum crânio apresenta duas metades iguais, mas há uma “faixa de normalidade”. Assimetrias visíveis, que chamam a atenção e incomodam, caracterizam a plagiocefalia. Já o adjetivo posicional indica que a doença resultou do fato de que a criança se desenvolveu deitada com a cabeça apoiada muito mais tempo de um lado do que dos outros.
Uma parte dos casos da doença forma-se já na vida intrauterina, mas a maioria se desenvolve após o nascimento do bebê, isto é, nos quatro a cinco primeiros meses de vida. Embora não se saiba por quê, 56% dos casos ocorrem em meninos e 44% em meninas. O desenvolvimento intrauterino de plagiocefalia posicional é mais comum em gêmeos — metade deles nasce com algum grau da doença.
As causas, como já sugerido, podem ser divididas em anteriores e posteriores ao nascimento da criança. Causam plagiocefalia na fase intrauterina: a) espaço restrito, que leva o bebê a ficar com um lado da cabeça apoiado na parede do útero; b) gestação de gêmeos, pela mesma razão; e c) trabalho de parto prolongado demais. Podem causar a doença após o nascimento, de outro lado, o apoio viciado, ou seja, deitar a criança só de um lado, tanto pelo fato de ter nascido com torcicolo congênito, quanto por descuido da mãe e/ou da babá; e a colocação de tudo que chama a atenção da criança, como brinquedos, de um lado só do berço, o que a leva a ficar deitada sempre voltada para aquela direção.
Pediatras atentos e bem-informados em geral percebem quando a criança nasce com plagiocefalia e instruem os pais sobre como proceder. Nos casos em que a doença é discreta, ninguém percebe na hora do parto e só depois os pais veem ou desconfiam de que possa haver algo errado com a cabeça do filho. O pediatra é capaz de orientar os pais em relação às medidas para reverter ou pelo menos amenizar o problema.
Crianças portadoras de plagiocefalia posicional não têm prejuízo cerebral. Muitas delas, aliás, vivem com seu crânio diferente e não lhe dão importância. Mas uma parte se sente feia e diminuída sobretudo com as brincadeiras dos colegas e enfrenta graves problemas psicossociais, como diminuição da autoestima, o que se reflete em seu desempenho em todas as áreas ao longo da vida. Nas situações mais graves, podem ter também diminuição na qualidade visual e problemas físicos, como o desalinhamento das mandíbulas, com prejuízos para as arcadas dentárias e a face.
O ideal é evitar que o bebê desenvolva a doença. Pode-se fazer isso ao menos após o nascimento. Ponha seu filho na cama sempre de barriga para cima, como orientam os pediatras, mas alterne a posição da cabeça para um lado e para o outro. Estimule-o a brincar de barriga para baixo, quando acordado e sob a supervisão de um adulto, que também ajuda a evitar o problema.
É fundamental identificar a plagiocefalia logo no início e tratar. Se não encontrar um especialista e leu este artigo, alerte o pediatra. Muitas vezes basta alternar a forma de deitar o bebê que o crânio dele vai mudando. Se não der o resultado esperado, pode-se corrigir o problema com o uso de um capacete específico, tratamento que já está disponível no Brasil.