Respeitar o luto pelo rompimento ajuda no sucesso da nova relação
por Solange Rosset* Publicado em 30/04/2010, às 14h13 - Atualizado às 14h14
Separações e recasamentos já não causam estranheza. Em todas as famílias se convive tanto com rompimentos como com novos relacionamentos. Até mesmo os filhos, que são os que mais sofrem com problemas nessa área, hoje aceitam as novas configurações familiares mais facilmente. Ainda assim, ao se pensar em uma nova relação, após o encerramento de outra, cabe fazer algumas reflexões e tomar alguns cuidados.
A primeira questão fundamental é respeitar e suportar a fase de luto pós-rompimento. Por pior que a relação tenha sido, o rompimento traz dores inevitáveis. São os projetos frustrados, as raivas reacendidas, as culpas irracionais, as perdas de todos os tipos. Tudo isso, mais as dificuldades específicas de cada caso, provocam sensações dolorosas. Uma pessoa madura vivencia esses sentimentos e se permite chorar a dor, expressa a raiva e limpa a culpa antes de refazer novos projetos relacionais.
Quem não suporta viver esse período de luto corre o risco de sair em uma corrida desenfreada para colocar alguém no lugar do cônjuge perdido. Dessa maneira, vai começar uma nova relação ainda preso às frustrações e às expectativas da anterior. Aprender a viver sozinho e a lidar com a solidão são duas importantes tarefas no crescimento emocional e podem ser treinadas nessa fase.
Em função das dificuldades na relação anterior e do desejo de acertar dali para a frente, muitos passam a idealizar o próximo relacionamento. Nessa fantasia, correm o risco de não enxergar o novo parceiro com olhos de realidade. Podem esquecer que nem ele nem o outro são "zero-quilômetro". Desejam uma relação sem problemas e funcionam como se os filhos, ex-parceiros, famílias anteriores não existissem, ou têm desejos impossíveis de que eles não atrapalhem, não tenham necessidades nem dificuldades. Saber - e sempre lembrar - que na nova parceria estarão incluídos os vínculos anteriores, mesmo que de forma distante, ajuda a fazer contratos claros, a lidar com os sentimentos e a prevenir dificuldades.
Não forçar aproximações é também um cuidado importante. Os novos companheiros são íntimos da pessoa afetivamente envolvida, mas não o são dos filhos, dos familiares e dos ex-cônjuges. Uma relação harmoniosa não é necessariamente uma relação de encontros frequentes e de intimidade entre todos os envolvidos. Cada um deve ser aproximado na sua própria medida, respeitando suas disponibilidades e características. Os filhos, principalmente, não podem ser envolvidos na nova relação do mesmo modo, como se todos fossem um só, recebendo as mesmas informações e tendo o mesmo tipo de contato com o novo parceiro de seu pai ou mãe.
Outro ponto a ser considerado é uma preparação para fazer contratos claros. Para isso é preciso ter consciência do que se quer e do que não se quer na nova relação, e ter claras as concessões que se está disponível a fazer. Só então será possível examinar o novo parceiro e avaliar quais itens serão fáceis na convivência e quais precisarão de discussão e negociação mais elaborada.
Tomando esses cuidados, a nova relação poderá ser uma fonte de prazer e crescimento, livre dos tormentos da anterior e, na medida do possível, das armadilhas do imprevisto.
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