As férias chegaram! É hora de o casal relaxar e segurar a onda
por Paulo Sternick* Publicado em 03/01/2011, às 23h26 - Atualizado em 04/01/2011, às 12h12
Conheci uma pessoa que não conseguia iniciar uma viagem de férias sem que seus amigos ficassem cientes do lugar "maravilhoso" para onde estava indo. É um exemplo curioso do valor concedido a este momento tão singular na vida de todo mundo. Segundo Thomas Gilovich (56), pesquisador americano da Universidade de Cornell, férias dão mais satisfação do que a compra de bens materiais, pois são sempre experiências únicas - e portanto não passíveis de imitação por parte dos vizinhos.
Apesar do prazer proporcionado, porém, optar pelas férias - em lugar de comprar algo - não é fácil. Muitos receiam prejudicar-se no trabalho, ou criar problemas para a própria empresa. E há também os que se assustam com a ideia de passar tempo demais com o parceiro ou a parceira, correndo o risco de ver emergir problemas que o casal vem adiando.
Tal cenário - bem diferente da idealização que costuma cercar as férias, tidas como momento de suprema felicidade, quando o casal dispõe de todo o tempo para si, sem a pressão da vida diária, do trabalho ou dos filhos - é mais comum do que se imagina.
Para os parceiros que estão na fase do "só love, só love", o período tende a ser, sim, de celebração. Eventuais problemas que surjam pelo caminho são contornados com bom humor. Outros casais, no entanto, movidos pela ansiedade da situação, transformam as férias em uma experiência semelhante às vividas naquelas comédias hollywoodianas em que tudo dá errado.
Claro que o trabalho e as questões financeiras causam preocupação, assim como as mazelas da vida em comum, mas o propósito das férias é justamente relaxar, curtir o momento, desfrutar harmoniosamente as coisas boas. Ainda que em alguns casos pareça difícil, isso é possível, desde que se deixe prevalecer o lado bom e amoroso da relação. Às vezes, ainda que existam problemas, é produtivo tirar férias, até para esperar que o tempo sinalize um caminho prudente para solucioná-los.
Talvez esse receio de sair a passear com a cara-metade explique o resultado da pesquisa feita recentemente pelo especialista em informação David McCandless e pelo designer Lee Bryon. Eles analisaram 10000 mudanças de status - solteiro, casado, namorando - de usuários da rede social Facebook e constataram que o rompimento das relações - provavelmente dos mais jovens - é mais comum no período depois do Dia dos Namorados e antes das férias (no Hemisfério Norte), e entre novembro e duas semanas antes do Natal. Ah, nas segundas-feiras também existe um pico.
A conclusão que podemos extrair do trabalho é a de que há momentos na vida que são verdadeiras armadilhas, nas quais podemos derrapar se não estivermos atentos. As férias, com sua significação de prazer e liberdade, sua demanda de aproveitar tudo que não se desfrutou ao longo do ano, ocupado com obrigações e rotinas nem sempre agradáveis, é um desses momentos. Homens e mulheres devem estar conscientes disso. E também de que as férias são um período precioso para o casal demonstrar para si mesmo que a relação continua (ou não!) na vigência de seus fundamentos: o amor, o desejo original - ainda que evoluído -, sobrevivendo às intempéries da vida cotidiana - e também às próprias férias.
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