Etimologia
por <b>Deonísio da Silva</b>* Publicado em 28/09/2009, às 17h50
Avenida: do francês avenue, chegada, do verbo avenir, vir, chegar, cuja origem comum para as línguas neolatinas é o latim advenire, vir, chegar. Passou a designar um tipo de via pública das cidades, mais larga do que a rua, em geral arborizada, ao longo da qual estão os principais prédios e as residências luxuosas. A Avenida Paulista, em São Paulo, é um bom exemplo. Ali ainda estão várias das antigas residências dos chamados barões do café.
Endereço: de endereçar, do latim indirectiare, endireitar, enviar, palavra formada de in, em, para, mais directus, direto, particípio de dirigere, dirigir, atirar, mandar, expedir. Até há poucas décadas, o endereço de correspondência era mais comumente identificado pela avenida ou rua em que o destinatário morava, seguido do número de sua residência ou local de trabalho, o andar, o bairro, a cidade, o Estado, o país e o Código de Endereçamento Postal (CEP). Mas, com o advento da Internet, as cartas passaram a ser enviadas de preferência por meios eletrônicos. O e-mail, do inglês electronic mail, correio eletrônico, é o endereço dominante para a maioria das pessoas e instituições.
Domínio: do latim dominium, domínio, propriedade do dominus, senhor, dono da domus, casa, do grego doma, que era equivalente a oikos, casa. É também a origem de domar, sujeitar o animal, dar-lhe costumes domésticos, isto é, ligados à casa onde mora o dono. Domínio passou a designar na Internet a propriedade eletrônica de alguém. E aparece logo depois da arroba do e-mail. O e-mail está ligado a um IP, de Internet Protocol, Protocolo da Internet. A troca de mensagens dá-se pelo nome que o usuário adota, em geral é a redução de seu prenome ou nome, seguido do sinal arroba (@), do domínio (por exemplo, Terra, Uol ou empresa com domínio próprio), ponto, com, redução de comercial, ponto, e o país. No Brasil, os domínios das instituições públicas são seguidos de ponto e br (identificação do Brasil). Em muitos países, o endereço exclui o com. O símbolo @ (arroba) procede do inglês at, para, e recebeu a denominação da medida que tem este nome - a arroba tem 14,7 quilos, ou 32 arráteis. Mas sua origem remota é um costume dos copistas medievais para abreviar ad, para, que em inglês deu at. Em 1971, o engenheiro americano, nascido na Bélgica, Ray Tomlinson (68) usou o símbolo @ para identificar à esquerda o destinatário e à direita seu endereço eletrônico. O primeiro e-mail do mundo foi o dele: tomlinson@bbn-tenexa.
Predição: do latim praedictione, declinação de praedictio, predição, dito antes. O brasileiro médio acredita que mau-olhado e olho gordo predizem acontecimentos desagradáveis. Outras crendices advêm de situações como as que seguem: uma tesoura não deve ficar aberta por muito tempo: dá azar; pisar em rabo de gato atrai malefícios; não se deve passar debaixo de escada ou quebrar espelho: as duas coisas dão azar. Para o vistante indesejável ir embora, basta colocar a vassoura atrás da porta. Criança que de dia brinca com fogo, à noite faz xixi na cama. Não se deve deixar mala aberta: é mau agouro, pois se parece com caixão de defunto. A coruja, o anu, preto ou branco, o urutau, o beija-flor-de-rabo-branco, ou preto, ou cinzento, o gato preto e o canto de certas aves também compõem o rol de fenômenos que indicam desgraças futuras, dependendo das circunstâncias em que são vistos e ouvidos.
Saci: do tupi sa'si, entidade fantástica. É portador de deficiência física, como se diz, pois tem uma perna só. Usa um gorro vermelho, por isso foi tomado para mascote do Internacional de Porto Alegre, um dos maiores times do Brasil. O saci integra uma legião de seres fantásticos, presentes nas crendices de nosso povo, de que são exemplos a mula-sem-cabeça, o lobisomem, o boitatá e bruxas que voam em cabos de vassoura para ali adiante fazer seus feitiços.
Vencer: do latim vincere, vencer, do mesmo étimo de convencer, invencível, vitória. É uma das três possibilidades na maioria dos jogos: vencer, perder, empatar. Este último verbo tem sentido de acordo. Mas empate e embate já foram sinônimos de luta na língua portuguesa. Só o segundo permaneceu com o sentido de combate.