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Etimologia

por <b>Deonísio da Silva</b>* Publicado em 23/09/2009, às 21h06 - Atualizado em 25/09/2009, às 11h23

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Binômino: do latim binominis, que tem dois nomes, pela formação bi, dois, e nominis, genitivo de nomen, nome. Designa aqueles ou aquilo que têm dois nomes, sendo conhecido por um deles ou pelos dois, dependendo das circunstâncias. A cidade russa de São Pertersburgo, fundada pelo czar Pedro, o Grande (1672-1725), teve o nome mudado para Petrogrado, em 1914, para Leningrado, em 1924, e para São Petersburgo, em 1991. É mais conhecida por dois nomes: Leningrado e São Petersburgo. Intelectuais catarinenses insistem em nomear Florianópolis com o antigo nome de Ilha do Desterro. Saigon virou Ho Chi Minh. Às vezes o novo nome se consolida e o primeiro é esquecido, como é o caso do Estado de Rondônia, que, quando território, era conhecido como Guaporé. Chinchorro: de chincha, do latim cingulus, cinta, faixa de pano ou couro, utensílio doméstico para apertar o queijo e espremer o soro. Designa rede de arrasto utilizada na pescaria e o veículo ou animal que se desloca com lentidão. E ainda o indivíduo indolente, vagaroso, sem iniciativa. Na pecuária, tornou-se feminino e, em vez de espremer o soro, serviu para apertar a barriga do animal com o fim de fixar os arreios. Feita de barbante, a chincha semelha rede. Erudito: do latim eruditus, erudito, formado de ex rudis, aquele que deixou de ser rude, aplicou-se ao estudos, tornou-se instruído. No Brasil, confunde-se o erudito, homem de saber, com falsos conhecedores de um assunto, levando ao significado de pernóstico, incapaz de ser entendido quando fala ou escreve. Designa também aquele que rejeita as contribuições populares da língua, como o gramático Antônio de Castro Lopes (1827-1901) que propôs substituir abajur por "lucivelo"; anúncio por "preconício"; cachecol por "castelete"; turista por "ludâmbulo"; repórter por alvissareiro"; e futebol por "ludopédio". Rejeitando a proposta, Machado de Assis (1839-1908) escreveu: "Nunca comi croquettes, por mais que me digam que são boas, só por causa do nome francês. Tenho comido e comerei filet de boeuf, é certo, mas com restrição mental de estar comendo lombo de vaca". De lá para cá, filet de boeuf tornou-se filé de bife e depois bife apenas. Os gramáticos, como o sapateiro de Apeles, não podem ir além das sandálias. À semelhança dos sexólogos, podem orientarnos, jamais nos substituir na hora de falarmos ou escrevermos. Gúgol: do inglês googol, número seguido de cem zeros, o maior possível na época, 1938, quando Milton Sirotta (1929-1980), então com apenas 9 anos, imaginou a grande quantidade e sua designação, a pedido de seu tio, o matemático Edward Kasmer (1878-1955). A criança provavelmente inspirou-se no personagem Barney Google, criado em 1919 pelo cartunista William Morgan 'Billy' DeBeck (1890-1942). O episódio está narrado no livro Matemática e Imaginação (Zahar Editores). Devido à famosa magnitude, a designação do espantoso número, conhecido por googol, já com a variante Google, do célebre personagem, serviu para nomear o motor de busca mais utilizado hoje na Internet. Pavana: do italiano pavana, pelo espanhol pavana, designando antiga dança realizada durante procissão católica. Tem este nome porque surgiu no então condado de Pádua. Tornou-se sinônimo de reprimenda. Provavelmente a palavra, feminino de pavano, redução de padovano, nasceu da expressão danza padovana. Tristão de Atayde, pseudônimo de Alceu de Amoro Lima (1893-1983), a utilizou em artigo no Jornal do Brasil, no dia 2 de junho de 1978: Pavana para um Direito Traído. O pensador e crítico comentava o livro O Direito, um Mito (Editora Rio), de João Uchôa Cavalcanti Netto (75), lançado no ano anterior. Assegurava que o livro era "um ensaio dos mais originais e temerários que se têm escrito entre nós". Não é difícil identificar no livro temas que desconcertaram o intelectual, marcado por um catolicismo exemplar. Eis uma amostra (páginas 122-123): " Lúcifer abarrotou de crucifixos os tribunais do mundo inteiro. Nisso, porém, antes desvendou o irremediável paganismo do Direito: porque o símbolo só entra onde não se consegue introduzir o simbolizado, a cópia existe para se prescindir do original e o retrato se por um lado recorda por outro grita que o retratado está ausente". Silepse: do grego syllepsis, pelo latim syllepsis, silepse no português, nas duas línguas de origem designando reunião, inclusão, compreensão. No português indica sutil concordância das palavras na frase, processada pelo significado e não de acordo com as regras da gramática, de que é exemplo a seguinte frase: "Muita gente aqui, pelo que dizem, não sabem se portar em público". No grego, está ligada ao verbo syllambano, reunir, incluir, comprimir.