Em cartaz

Gustavo Waz encara o desafio de humanizar Elvis Presley em musical: ‘Figura icônica’

Em entrevista à CARAS Brasil, o ator Gustavo Waz revela detalhes de seu trabalho como Elvis e compartilha desejo de entrar no audiovisual

Bárbara Aguiar, sob a supervisão de Arthur Pazin
Gustavo Waz como Elvis Presley - Divulgação

Em cartaz como a versão mais jovem de Elvis Presley até o dia 1º de dezembro em São Paulo, o ator Gustavo Waz celebra a oportunidade de lançar luz para uma versão pouco conhecida do astro. Em entrevista à CARAS Brasil, ele comenta sobre o desafio de humanizar a figura do Rei do Rock em Elvis - A Musical Revolution: “Figura icônica”, afirma.

Para viver o personagem em uma versão nada conhecida pelo público, o ator precisou mergulhar para além da primeira página na história de vida do músico, principalmente porque, como ele explica, faz parte de uma geração que não sentiu o sucesso de Elvis na pele.

"O primeiro contato que tive foi já durante as audições. Assisti muitos vídeos para entender seu jeito de se vestir e se expressar. Durante os ensaios, tivemos muitas reuniões para falar sobre a vida dele", afirma o intérprete. Acontecimentos marcantes, polêmicos e desconhecidos da vida de Elvis também foram usados como base na montagem do personagem.

 

"O próprio roteiro do espetáculo é muito rico em informações, e isso é ótimo até para o público que sai com uma overdose da história de Elvis", reflete Gustavo. Ele próprio foi marcado com a história do artista e revela que as semelhanças entre sua história e a da figura de Elvis o pegaram de surpresa:

"Assim como ele, eu ganhei meu primeiro violão no meu aniversário de 11 anos dos meus pais, e curiosamente, o cenário do quarto é muito parecido com o meu quarto dessa época. A primeira coisa que comentei com Miguel [Falabella] quando vi foi: 'Caraca, que surreal, o meu quarto era exatamente assim'", diz e acrescenta que se emocionou ao fazer sua primeira cena no cenário.

Depois de toda a pesquisa, Gustavo destaca que o desafio foi compartilhar com o público, que só conhece o astro Elvis Presley, sua versão do icônico antes da fama. "Como ator, o desafio no palco é apresentar para as pessoas um 'projeto de Elvis em construção' ainda cru, mas ainda enérgico e cheio de personalidade, para que ele, depois, possa se tornar o Elvis adulto que o público conhece", fala. Para o intérprete, essa é "uma tarefa muito delicada que precisa ficar muito clara para garantir a compreensão da história".

 

Felizmente, pelo feedback que o espetáculo recebe do público, o trabalho está sendo mais do que bem feito pelos quatro atores que vivem Elvis em suas diferentes fases. Dois na fase adulta e dois na fase jovem. 

A troca de visões com os colegas de elenco, como aponta Gustavo, contribui muito para a sua interpretação. "Enriqueceu o repertório de referências e informações para todos nós. 'Os Elvis' são um time de atores incríveis que eu respeito e admiro, e aproveito para me inspirar e acrescentar trejeitos e propostas dos meus colegas nas minhas performances", revela.

Dos palcos para as telas

Apesar da grande paixão pelo teatro musical, que chega a descrever como uma "missão de vida", o ator compartilha anseios de se aventurar em produções audiovisuais para televisão e streaming.

"Sinto que esse formato conversa com muitas pessoas atualmente e faz parte do dia a dia delas. A ideia de contar histórias inspiradas em pessoas reais e tocar elas, não importa onde elas estejam, me encanta, e acho que a televisão e o streaming têm feito isso de uma maneira muito inteligente", compartilha.

Consagrado como ator de musical por outros trabalhos como Paw Patrol, espetáculo em que viveu seu primeiro protagonista, e O Rei Leão como os personagens Ed, Timão e Zazu, Gustavo destaca a versatilidade como uma de suas qualidades: "Artistas de musical são muito versáteis e hoje em dia, os produtores de elenco estão percebendo isso". O ator afirma estar aberto para novas possibilidades, mas anseia por trabalhos que se conectem com a sua verdade: "Quero que sejam trabalhos que eu me orgulhe de fazer, para poder me comunicar também com o público das telas".

 

Enquanto aguarda as oportunidades no audiovisual, Gustavo mergulha em sua grande paixão, os palcos. "O teatro musical foi uma forma que encontrei de mudar a vida das pessoas, unindo todas as coisas que eu amo. Quando você descobre que consegue tocar o coração das pessoas em cada apresentação, é como se essa profissão fosse também uma missão de vida", pontua.

Em um novo momento da carreira, ele destaca a busca por personagens que o desafiem como artista. "Quero focar em conquistar personagens que me desafiem e conversem com o público de alguma forma. Personagens que tenham uma mensagem a dizer e que não sejam apenas entretenimento", conclui.

Abaixo, o ator conta mais sobre Elvis - A Musical Revolution e revela impressões sobre a cena cultural paulista. Leia trechos editados da conversa.


Há algum momento específico de Elvis - A Musical Revolution que seja particularmente especial para você? 

A cena da loja de discos é um momento que explica muito sobre quem foi Elvis, quais eram as suas referências e qual era o seu jeito de ver o mundo. É uma cena que mostra a pobreza de onde ele veio, crescendo no meio de uma situação política de segregação racial, e que, com o apoio das pessoas que acreditavam no seu potencial, foi construindo o seu universo de referências para depois se tornar uma estrela.

O que você espera que o público sinta ou leve consigo ao assistir ao musical?

O público de Elvis tem sido muito caloroso e receptivo com o show! Desde a estreia, tenho recebido feedbacks lindos sobre o musical e sobre a minha construção de personagem, com o Dani que interpreta o Elvis adulto. Além das mensagens, muitas pessoas trazem presentes personalizados que guardo com muito carinho no camarim e em casa! Fotos, depoimentos, doces, é um carinho incrível.

O musical está em São Paulo, que é uma cidade nova para você. Quais são os desafios de ser um ator de fora?

São Paulo é uma cidade incrível, repleta de oportunidades, especialmente artisticamente falando. É uma cidade muito rica culturalmente e isso possibilita um crescimento pessoal e profissional enorme. A cidade é muito diferente de onde vim, do interior do Rio Grande do Sul, e no início tiveram momentos bem difíceis por conta disso.

O circuito de teatro musical é bastante concorrido aqui, repleto de artistas muito talentosos e preparados para o mercado, e quem chega precisa se provar duas vezes mais competente para conseguir a confiança das produções. Isso muitas vezes se torna um desafio, mas também te deixa preparado para a indústria. Tenho sido muito feliz aqui com as oportunidades que têm surgido. São Paulo tem se tornado minha nova casa.

Bárbara Aguiar, sob a supervisão de Arthur Pazin

Bárbara Aguiar é jornalista em formação pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Amante de atividades culturais e entretenimento, ela escreve para a Caras, Contigo! e atua como diretora de Comunicação Visual na Jornalismo Júnior da ECA/USP.

Teatro musical Elvis Presley Gustavo Waz

Leia também

Victor Grimoni destaca relação da arte com o meio ambiente: 'Me transforma'

Vânia Canto, estrela de Hairspray, entrega planos após protagonizar musical: 'Cada vez mais'

Tiago Abravanel encaixa TV brasileira em musical: 'Referência para o público'

Rodrigo Garcia e Thales César entregam bastidores de Hairspray: 'Fazia mímica"

Isabel Teixeira afirma viver o auge da carreira nos palcos: 'Sou triatleta na atuação'

Igor Rickli brilha nos palcos da vida com seu papel de pai: 'É muito sagrado'