Em entrevista à CARAS Brasil, o ginecologista Dr. Alexandre Pupo detalhou sinais, riscos e cuidados com a pré-eclâmpsia, que afetou Lexa e Meghan Markle
A pré-eclâmpsia é uma condição que pode surgir durante ou, eventualmente, após a gravidez, oferecendo sérios riscos tanto para a mãe quanto para o bebê. Casos recentes como os de Meghan Markle e Lexa trouxeram maior visibilidade para o tema, por isso, a CARAS Brasil conversou com o ginecologista e obstetra Dr. Alexandre Pupo, associado à FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), para esclarecer os sinais de alerta, os fatores de risco e a importância do diagnóstico precoce.
“A pré-eclâmpsia é elevação da pressão na gestante que ocorre principalmente no último trimestre da gestação e pode eventualmente acontecer após o parto ou permanecer por algum tempo após o parto”, explicou o especialista, fazendo um alerta para os sinais que merecem atenção.
“Normalmente, a pré-eclâmpsia é inicialmente um quadro de alteração de pressão. Então, a gestante vai ter momentos de pressão mais alta e depois a pressão normaliza, volta a subir num certo desequilíbrio inicial até que ela se torna elevada em definitivo.”, detalhou. “A paciente começa a apresentar um inchaço inicialmente mais concentrado nas pernas, mas ele já se instala desde o início do dia, não é aquele inchaço típico da gestação, no final da gestação, que quando a paciente chega no final do dia, a perna tá um pouco mais inchada, o inchaço que permanece durante todo o dia desde o início do dia. Ela evolui também com um edema ao redor dos olhos, ela acorda com olho inchado e é demasiado o rosto.”, completou o Dr. Alexandre.
Além disso, alterações na urina também podem aparecer: “Junto a isso, ela pode começar a perceber a urina um pouco mais espumosa, tá? E conforme o quadro avança e você começa a ter uma alteração dos rins, a urina pode começar a ficar muito concentrada em pequena quantidade, mesmo bebendo bastante água.”
No caso de Meghan Markle, a pré-eclâmpsia foi diagnosticada no pós-parto, o que, apesar de menos comum, também pode acontecer. “A pré-eclâmpsia só surgir após o nascimento não é o evento mais comum, mas pode acontecer sim. Tanto que a gestante após o parto deve, via de regra, permanecer hospitalizada por pelo menos 48 horas e nesse período ela é acompanhada e seus sinais vitais são medidos constantemente para essa avaliação”, ressaltou o obstetra. “Esse momento inicial após o parto, se ela rapidamente demaciar, inchar e a pressão subir é um sinal de que ela tá desenvolvendo uma pré-eclâmpsia pós-parto.”
Na sequência da conversa, o médico explicou os fatores que aumentam o risco de desenvolver a condição, que também atingiu a cantora Lexa. “Nós sabemos que mulheres que engravidam muito no início da sua vida menstrual ou mulheres que engravidam após os 40 anos de idade estão mais sujeitas à pré-eclâmpsia. Mulheres que já têm uma hipertensão arterial sistêmica de base têm um risco maior, pacientes com diabetes, em especial diabetes gestacional e mulheres que já tiveram pré-eclâmpsia antes também têm um risco aumentado de novamente ter pré-eclâmpsia.”, pontuou.
Sobre o diagnóstico, ele é feito com base em sinais clínicos e exames específicos. “O diagnóstico é feito com elevação da pressão arterial sistêmica da gestante, associado à presença de proteína na urina, edema generalizado, então não só nos pés, mas no corpo.” Exames laboratoriais também são importantes: “Você vai ter elevação da creatinina por conta da lesão renal, causada pela hipertensão, você vai ter alteração no ácido úrico que vai subir bastante. E o seu clímax é a falência dos rins que param de funcionar e eventualmente a eclâmpsia, que é a coisa mais temerária, que é quando o cérebro começa a inchar e a paciente tem uma convulsão.”
Os riscos da pré-eclâmpsia são graves e o profissional fez um alerta sobre eles. “Os riscos estão relacionados à falência dos rins, falência do fígado ou ruptura do fígado, o inchaço cerebral levando à eclâmpsia. O risco em relação ao feto é que conforme o processo se desenvolve, a placenta vai sofrendo o processo de trombose e isso vai fazendo com que a transferência de oxigênio e alimentos entre a mãe e o feto vá diminuindo. Se nada for feito, chega um momento que o feto não consegue mais enviar sangue para placenta e começa a inchar e eventualmente pode vir a óbito.”, destacou.
De acordo com Pupo, o tratamento começa com o controle da pressão arterial. “O primeiro tratamento é tentar reduzir a pressão da gestante, diminuindo a ingesta de sódio e se necessário introduzindo medicação anti-hipertensiva específica”. Em casos mais graves, o parto pode ser antecipado. “Se o quadro começar a agravar e você perceber que existe um risco de complicação grave para mãe ou para o feto, essas duas situações indicam a necessidade de resolução prematura da gravidez.”
Sobre a prevenção, o Dr. Alexandre aconselhou: “Evitar engravidar muito precocemente na vida, quando ainda adolescente, e evitar engravidar após os 40 anos de idade na medida do possível, já seria um fator de proteção. Durante a gestação, buscar fazer atividade física, não engordar em demasia, procurar se alimentar de forma saudável, evitar excesso de sódio na alimentação, são coisas que podem ser feitas para tentar diminuir o risco dessa doença.”
Mulheres que já tiveram a condição devem manter acompanhamento rigoroso nas gestações futuras. “Quem teve pré-eclâmpsia tem um risco aumentado de ter pré-eclâmpsia novamente e por isso o médico deve ficar bastante alerta. Pacientes que já tiveram pré-eclâmpsia em gestação prévia, têm já a indicação formal de uso de anti-agregante plaquetário nas gestações futuras para tentar mitigar, diminuir esse risco.”
Por fim, o ginecologista reforçou a importância do pré-natal. “O acompanhamento pré-natal é fundamental por conta do acompanhamento e das orientações que o médico vai dar ao longo de toda a gestação e eventualmente na existência de uma complicação ou um problema, ele buscar formas de atenuar esse problema e essa complicação o mais precocemente possível. Uma pré-eclâmpsia identificada precocemente e rapidamente tratada terá uma chance muito grande de evoluir favoravelmente. O problema maior são as pré-eclâmpsias não diagnosticadas a tempo.”, finalizou o Dr. Alexandre Pupo.
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