Após deixar o musical para se tratar do linfoma, Reynaldo Gianecchini volta à cena como espectador e aprova atuação de Guilherme Magon
Quando viabilizou a produção do musical Cabaret, Claudia Raia (44) fez festa dupla. Afinal, daria vida a mítica Sally Bowles, prostituta inglesa radicada na Berlim pré-Segunda Guerra, e dividiria cena com o amigo Reynaldo Gianecchini (38), seu par romântico na história. No início de agosto, entretanto, os planos se alteraram. Após ser diagnosticado com um tipo raro de câncer, um linfoma não-Hodgkin T Angioimunoblástico, o ator precisou deixar o palco — na época ele encenava o drama Cruel — e o projeto de Claudia para se dedicar ao tratamento contra a doença. Seu personagem, o escritor americano Cliff Bradshaw, foi entregue à jovem revelação Guilherme Magon (25).
O galã, que na última semana perdeu o pai, Reynaldo Cisoto Gianecchini, morto aos 72 anos, vítima de câncer no pâncreas e no fígado, não se abateu diante das adversidades da vida e, no papel de espectador, prestigiou Claudia e elenco em ensaio exclusivo para convidados, no Teatro Procópio Ferreira, em SP. “Estou emocionado. O espetáculo está perfeito, assim como Claudia. Quando íamos começar os ensaios, fiquei sabendo da doença. Não participei desta etapa... Mas acompanhei toda a produção”, falou o ator, com sua tia Ângela Fernandes, irmã de sua mãe, Heloísa Helena (71), e Vitória (10). “Vitória faz tratamento comigo. Ela é uma graça de menina”, emenda ele, mais uma vez demonstrando a sua solidariedade com as crianças. “Giane é um grande amigo, tem todo nosso amor e este espetáculo é, no meu coração, inteiramente dedicado a ele”, atesta Claudia. “Estou ansioso para a estreia, mas muito feliz. Sou um escritor que viaja à Europa para compor um romance. Meu trabalho será uma homenagem a Giane. Quero que ele sinta orgulho”, frisa o talentoso Guilherme, que deixou o elenco de Mamma Mia! para substituir, com louvor, o ator global.
Com direção de José Possi Neto (64), a montagem, originalmente escrita pelo dramaturgo Joe Masteroff (91), em 1966, tem versão brasileira assinada por Miguel Falabella (55) e estreia marcada para esta sexta-feira. A mescla de cenas ousadas, picantes, dramáticas e cômicas une o que Claudia, aqui em seu décimo musical, mais gosta no palco: canto, dança e atuação. “Iniciei a carreira fazendo musicais. Já no primeiro trabalho fazia as três coisas ao mesmo tempo. Mas isso não quer dizer que não tenha mais que estudar. Ainda hoje faço religiosamente aulas de canto e dança. Não quero parar de me aperfeiçoar”, assegura ela, com admirável trajetória artística de 28 anos, entre peças, musicais e novelas.“A personagem me persegue e eu persigo a personagem. Liza Minnelli, que viveu Sally no cinema, era meu referencial de adolescente. Assisti montagens pelo mundo e agora chegou minha vez!”, festeja a atriz, que enfrenta verdadeira maratona nas coxias ao fazer nove trocas de figurino. Sucesso na Broadway e na telona, o enredo é ambientado em um cabaré alemão dos anos 1930 e conta com os brilhantes Jarbas Homem de Mello (41), como o Mestre de Cerimônias; e Marcos Tumura (43), como Herr Schultz.
Exemplo de mulher moderna, Claudia se desdobra nos bastidores. Aquecimento vocal e corporal, maquiagem e atenção especial à filha, Sophia (8), fruto da união de 17 anos com o ex Edson Celulari (53), com quem ainda tem Enzo (14). A caçula da atriz parece trilhar os passos da mãe e fez exercícios de dança com o elenco, com postura e concentração de gente grande. “Tudo indica que ela seguirá a carreira, mas é cedo para dizer. Sophia ama o palco, gosta de fazer TV e diz que quer ser atriz. Se de fato escolher este caminho, não vou me opor. Minha filha tem de fazer o que a deixar feliz”, explica a paulista de Campinas, que segue solteira. Atento, Giane mergulhou no universo que mais gosta, a arte, e aplaudiu calorosamente a peça. As palmas, aliás, foram retribuídas pela plateia, em forma de apoio ao galã, que deixou o teatro a pé e bem disposto, rumo ao seu apartamento paulistano.