Decoração: Beleza exata

Rodolfo Dordoni, Jeffrey Bernett, Jurgen Bey. Todos esses designers consagrados e muitos outros convivem harmoniosamente neste apartamento de 450 m2 no bairro do Pacaembu, em São Paulo. Com a proposta de criar um ambiente integrado minimalista, o arquiteto e decorador Francisco Cálio apostou em espaços abertos e mobiliário de peso. Bancos assinados pelo italiano Rodolfo Dordoni, lustre do holandês Jurgen Bey e poltrona que leva o nome do norte-americano Jeffrey Bernett são alguns exemplos. Separando o living do home theater, essa poltrona se destaca não só pela cor amarela, mas também pela beleza de suas formas. "Trabalho a casa como se fosse um quadro. No fundo neutro, com móveis em tons de cinza, gelo e cru, dei uma pincelada de amarelo com essa poltrona", diz o arquiteto. Integrar os ambientes - o que é uma grande tendência, segundo Cálio - foi um desejo dos proprietários. Living, sala de jantar e home theater estão no mesmo espaço, porém podem ficar isolados por meio de portas de correr de laca. Embutidas na parede, ficam imperceptíveis quando estão recolhidas. "As pessoas querem viver e receber bem, então optam pela integração", diz ele. Pensando nisso, Cálio teve a preocupação de oferecer no living assentos suficientes para ao menos 20 pessoas e de preservar espaços vazios. "Criei um ambiente elegante e atual, mas também habitável. De que adianta encher de adornos se as crianças não vão poder brincar à vontade?", explica o arquiteto. Para equilibrar o ambiente extremamente contemporâneo, Cálio escolheu cortinas com um certo ar retrô. "Elas são de musselina, um tecido de alfaiataria mais nobre que o voal e que tem um caimento reto", explica. Esse tipo de cortina, além de conferir glamour ao ambiente, "não rouba espaço". "O tecido tem uma trama elegante como se fosse um vestido de festa", diz. O tapete e a mesa de centro do living acompanham o alinhamento geométrico da casa. De laca preta, a mesa é uma composição de quatro módulos, com alguns espaços abertos, onde normalmente ficam livros. Nos tapetes da casa, o decorador preferiu tons mais quentes para fazer contraponto às cores neutras do mobiliário. "A tonalidade dos tapetes, que lembra areia, aquece os ambientes", afirma Cálio. A iluminação da casa tem o mesmo propósito. Utilizando luzes dicróicas e AR 48, Cálio conseguiu conferir uma atmosfera aconchegante. "Não queria perder o pé-direito alto, por isso preferi pontuar o teto lateral e não o central com luminárias, o que ajuda a alongar o espaço e garante um efeito cinematográfico", diz. Segundo ele, móveis mais baixos, também uma característica da decoração da casa, dão sensação de amplitude. Outro truque para aumentar o ambiente foi usado na sala de jantar. Cadeiras pretas posicionadas estrategicamente na cabeceira da mesa, também preta e rodeada de cadeiras brancas, dão sensação de continuidade. A cabeceira dupla, segundo Cálio, é para o casal sentar-se junto. Os demais cômodos seguem a mesma linguagem do living e da sala de jantar. "Não gosto de fazer colcha de retalhos. Tudo na casa tem uma unidade de cores, formas e texturas", afirma o arquiteto. O preto do living está presente na cama ebanizada da suíte do casal. A laca branca das portas de correr, que segmentam o living, a sala de jantar e o home theater, aparece também na suíte em um grande painel atrás da cama. O charme fica por conta das luminárias cromadas, do lustre inspirado em um casulo e do banco Oblio, do designer Von Robinson. Outros dois focos de luz chamam a atenção na casa. Um deles é uma luminária de piso que está no living, ao lado do divã. Com design de Mariano Fortuny y Madrazo, lembra um refletor usado em estúdios fotográficos. "Apesar da dimensão, ela tem uma luz supergostosa, difusa, em tom amarelado. E é possível girar seu foco para onde desejar", conta o arquiteto, que a chama carinhosamente de "parabólica". O segundo é um imenso lustre pendurado sobre a mesa de jantar assinado por Jurgen Bey. Tão inusitada quanto essa peça é a cor aplicada na cozinha. Fugindo do lugar-comum, Cálio escolheu o berinjela. O tom cinza, que tem presença forte no living, também está ali. "Quis fazer uma cozinha bem moderna. Revesti toda a parede, bancada e gavetões com Corian (uma combinação de minerais naturais e polímero acrílico puro) em tonalidade cinza. Além da fácil manutenção, é superhigiênico", afirma. "Como não tem microfuros, como o mármore, não acumula resíduos", completa. Prova de que o funcional também pode e deve ser bonito e elegante. | FRANCISCO CÁLIO 11 3031-4139 / 3813-4803