Em entrevista à CARAS Brasil, Luisa Arraes, a vilã Blandina, de No Rancho Fundo, confessa que não se divertia no início da carreira de atriz
Publicado em 24/07/2024, às 10h00
Luisa Arraes (30) está fazendo o maior sucesso na pele da vilã Blandina, de No Rancho Fundo, da TV Globo. Durante abertura das gravações das novelas nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro, com a participação da CARAS Brasil, a atriz fala sobre sua nova personagem e do quanto ela tem repercutido nas ruas e nas redes sociais, e ainda relembra o início da carreira, cheio de autocobranças. “Não me divertia trabalhando”, confessa.
Na trama, Blandina é uma mulher sofisticada, capaz de armar grandes golpes com a maior frieza do mundo. Falsa e muito esperta, a jovem forma uma dupla de trapaceiros com Marcelo Gouveia (José Loreto). Apesar de malvada, a personagem carrega uma dose de humor, o que tem conquistado o coração de muita gente e até o de Luisa.
“Ela é o máximo. Eu amo essa personagem! Poderia fazê-la por cem anos. Ela é muito legal”, diz a atriz, acrescentando como tem sido a reação do público nas ruas. “Na internet a gente vê um pouco, mas muito na rua. Muito! Já me pegaram pelo braço falando: ‘Garota, se liga, se toca’ (risos). (Outro dia) estava vindo de São Paulo, passando pelo raio-x, uma mulher falou: ‘Você vai parar de enganar esse menino? Aí eu falei: ‘Não, cara, não vou, por enquanto, não (risos)”, fala.
Para Luisa, construir essa vilã está sendo muito especial. “É muito legal, ela é divertida, ela é humana, demasiadamente humana. Ela tem um lado dela que é ambicioso, mas você vê como ela é humana. Tanto é que todo mundo fala: ‘Peraí, mas ela é vilã? Ela não é vilã? Ela vai ficar boa?’. Porque ela é uma atormentada, sabe? E acho que, mesmo fazendo crueldade, quando você mostra a sua fraqueza, o seu lado humano, todo mundo se envolve com a personagem. Ela não é psicopata, maquiavélica. Ela é cheia de falhas. E acho que isso é o que mais aproxima do público, quando se é humano”, destaca.
E continua: “Às vezes, quando é uma pessoa muito perfeita, a gente fala: Não acredito. Ninguém é assim, né? Então, acho que a Blandina é muito humana. Claro que o que ela faz – não consigo ver o que ela faz de errado – sei que ela engana e tal, mas acho que é humana; e como toda humana, tem falhas”.
FILHA DE RENOMADO DIRETOR DE CINEMA
Luisa é filha da atriz Virgínia Cavendish (53) com o diretor de cinema Guel Arraes (70). Os dois trabalharam juntos, pela primeira vez, no filme Grande Sertão. O longa é uma adaptação do clássico da literatura brasileira Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, para a realidade da periferia urbana. A comunidade Grande Sertão é controlada por facções criminosas, e Riobaldo – interpretado por Caio Blat (43), marido de Luisa – acaba entrando em uma delas para seguir Diadorim, vivida pela artista.
Questionada se ainda existe muita cobrança por ser filha de um grande cineasta, a atriz conta que com o tempo, aprendeu a não ligar tanto e a se cobrar menos. “Todo mundo sabe a dor e a delícia de ser quem é, né? Ninguém fala: Não, minha vida é maravilhosa, (ou) minha vida é terrível. Tudo tem uma coisa muito legal e uma coisa que é mais difícil, é óbvio que tem. Quando comecei a trabalhar, sentia muita cobrança em mim, não me divertia trabalhando, por exemplo. Só achava que tinha que ser para provar que eu poderia estar ali. Isso mudou. Já trabalho há 15 anos, então construí a minha turma no teatro, no cinema, na televisão, e hoje não mais sinto isso”, ressalta.
“Por exemplo, hoje me divirto muito trabalhando, coisa que não tinha. Eu continuo obviamente obcecada, porque sou filha de dois artistas muito obcecados e aprendi a ser obcecada com o trabalho, mas hoje consigo me divertir, já não tenho essa pressão de mim mesma. Porque dos outros, claro que chateiam, mas o pior é quando vem da gente”, acrescenta.
Luisa, então, fala sobre a experiência de trabalhar com o pai. “É a primeira vez também que estou trabalhando com ele, e lançando um filme com ele, e a gente pensa sobre essas coisas. Ele falou que no set parecia professor de escola que a filha estuda (...) Ele falava que tinha que ser o mais disciplinado e eu também. A gente não se falava muito, realmente. Era uma coisa meio assim: E aí, cara, beleza? Beleza, e tal (risos). É engraçado, a gente nunca tinha trabalhado junto, nunca tinha pensado que poderia algum dia trabalhar junto e veio nesse projeto. Mas veio legal, e depois de muitos anos de trabalho e de um projeto que veio meio de mim, porque fazia peças, então é bonito”, finaliza.