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Adultos brancos de olhos claros são os que mais têm melanoma ocular

por <b>Clélia Maria Erwenne</b>* Publicado em 22/02/2010, às 14h26 - Atualizado às 14h27

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Adultos brancos de olhos claros são os que mais têm melanoma ocular
Adultos brancos de olhos claros são os que mais têm melanoma ocular
Melanoma é um câncer das células melanocíticas, aquelas que produzem melanina, pigmento marrom-escuro ou preto presente na pele, nos cabelos, nas membranas dos olhos e em regiões cerebrais. Ocorre na pele e nos olhos, muitas vezes a partir da transformação de pintas preexistentes. O melanoma ocular é um câncer primário, ou seja, com origem no olho, não proveniente de metástase. Apesar de pouco frequente, é o tumor mais comum no órgão. Ocorre tanto na úvea, porção interna do globo ocular que se compõe da íris, do corpo ciliar e da coróide, como na conjuntiva, membrana que recobre a parte branca do olho e a superfície interna das pálpebras. Pintas pretas na conjuntiva e na íris, que podem se transformar em câncer, geralmente são visíveis a olho nu. Já os melanomas da úvea, incluindo os da coróide, que são os mais frequentes, produzem os seguintes sintomas: flashes luminosos, "moscas" volantes acentuadas e algum grau de perda de visão. Estima-se que ocorram anualmente no planeta seis casos em cada grupo de 1 milhão de adultos. No Brasil, há cerca de 450 casos todo ano. A doença é rara em crianças e jovens. Manifesta-se mais em brancos de olhos claros após os 30 anos de idade. Em geral ocorre apenas em um olho. A causa desse câncer ainda é desconhecida. Diz-se que o sol seria um desencadeante, mas a ciência nunca o provou. Em 30 anos de trabalho com a doença, notei que parece haver uma correlação entre o desenvolvimento do tumor e estados de ansiedade e depressão. Muitos dos pacientes relatam que tiveram traumas psicológicos - como perda de filhos, assaltos e falências - e também se classificam como indivíduos pessimistas e frustrados. Parte dos portadores se incomoda com as alterações visuais e vai ao médico. Sorte deles, porque o tumor é diagnosticado logo no início. Se o indivíduo não valoriza pequenos sintomas, quando é descoberto o câncer já está grande, pois cresce cerca de 1 milímetro por mês. A visão vai ficando pior e pode surgir dor, em geral por aumento da pressão intraocular. Por ocasião do diagnóstico normalmente o melanoma não apresenta metástase sistêmica. Mas, como é muito vascularizado, pesquisas sugerem que todos os que recebem o diagnóstico têm células cancerígenas circulando no sangue. Se as defesas orgânicas são boas, elas podem ser eliminadas; se não são, irão dar metástases em órgãos a distância, o que ocorre em 20% dos casos, a maioria no fígado. Melanomas pequenos são tratados com laser; os médios, com placas radioativas; os grandes podem obrigar à remoção do olho e colocação de prótese; já metástases põem a vida do portador em risco. O diagnóstico é sugerido pelos sintomas relatados pelo doente e confirmado por exame ocular completo com mapeamento da retina e ultrassonografia. A oncologia ocular é exercida por poucos médicos no país. Quem recebe um diagnóstico de melanoma deve procurar uma segunda opinião em um serviço universitário. Os tratamentos são eficazes e a qualidade de vida dos pacientes tratados é boa. Mas sobretudo quem removeu um olho pode precisar de suporte psicológico. Nos casos em que houve metástase, o paciente é encaminhado a um oncologista clínico, que muitas vezes o trata com quimioterapia.