A saudade do samba e a união ao rock. Foi esse o tema da mais nova ousadia de Elza Soares (75), a cantora do milênio que acaba de divulgar o clipe Samba de Preto, em parceria com a banda de rock alternativo Huaska. Dizendo estar feliz com o resultado do trabalho - que fala sobre um samba de luto e da lembrança - Elza afirma que o samba mudou e que considera positiva a mistura de gêneros musicais, desde que haja qualidade.
“Não sou capaz de dizer o que sinto sobre o samba de hoje, porque tenho medo. Como uma boa brasileira, que viu o samba de verdade, na raiz, eu vejo uma transformação muito grande: na letra, melodia, no próprio samba... Não quero dizer se foi para pior ou para melhor. Mas a juventude, hoje em dia, aceita tudo o que tem. Muitas vezes, estamos bem longe da qualidade de Luis Reis (1926-1980), Cartola (1908-1980), tanta gente boa”, afirmou.
Apesar da opinião, Elza diz não ser saudosista, que procura levar o seu trabalho para outros estilos e que gosta da nova geração. “Eu fiquei apaixonada pelo trabalho desta banda de rock, mas não considero o ‘Samba de Preto uma crítica ao samba. Fala, na verdade, de uma saudade, do samba que foi, mas que sempre está ali. Eu gosto de misturar os estilos, com uma turma talentosíssima. O resultado é maravilhoso, uma coisa louca, muito gostosa”.
Segundo a artista, ela chegou a chorar ao ver o resultado. “É uma emoção muito forte, que também vem com alegria. Afinal, eu quero ver o Brasil sorridente, acreditando, com esperança, alegria, para cima. A vida é gostar do que é bom. E eu pretendo fazer outras parcerias com esses artistas. Eles são ótimos”.
As novas gerações
Ao comentar como faz para se manter e sobreviver ao mercado fonográfico por mais de cinco décadas, Elza afirma que é abençoada por Deus e que procura se juntar às turmas novas, aos bons profissionais, sempre mantendo as raízes e o apreço pela qualidade. Recentemente, ela fez um dueto com o cantor Thiaguinho (29) e segue com participações e "amadrinhamentos" de novos artistas.
“Eu sou muito moleca no palco, então as pessoas se surpreendem. Acham que vão ver algo mais antigo e eu vejo com um funk, uma música eletrônica. Então, o povo leva uma porrada, fica surpreso e curte. É claro que canto os antigos sucessos, mas sempre trago uma roupagem nova. A música é vida e reflete uma qualidade de vida. Você pode trazer uma transformação, desde que haja qualidade”, filosofa.
Depois de passar por uma delicada cirurgia na coluna, ela garante que sua voz melhorou ainda mais: “Deus existe, pois a minha voz está limpa”, diz ela. “A medicina aliada a música e aos aplausos me ajudam a levantar, erguer, viver. Saio dos meus shows sem dor nenhuma”.
Em plena atividade, Elza também está na trilha da novela Guerra dos Sexos, com a versão homônima da trama. Haja fôlego!