Premiada em mostra de Décor, ela esbanja estilo único também na vida
Um tronco sinuoso de cinco toneladas dá forma ao bar. O lounge que dá acesso aos banheiros tem pintura em terceira dimensão em estilo retrô. Os encostos das cadeiras trazem frases inusitadas como “Aqui a tristeza dá pulos de alegria.” Munida de bom humor, ousadia e alternativas sustentáveis, a arquiteta e decoradora Bya Barros (48) deu vida ao Restaurante Brasileiro Badebec, um dos espaços mais visitados na Casa Cor 2011, mostra reconhecida como a maior da área de arquitetura e decoração das Américas. Entre 24 de maio e 12 de julho, os visitantes do evento no Jockey Club de São Paulo ajudaram a ecoar elogios à profissional, que arrebatou o prêmio de Melhor Projeto Comercial da Casa Cor 2011.
“Fazer o projeto já foi um prêmio, ainda mais com a credibilidade que conquistei com este trabalho. Sempre tive vontade de fazer o restaurante da mostra e dar uma dinâmica diferente ao espaço. Este ano, depois de participar de quase todas as edições do evento, vi que podia encarar o desafio. Tem hora em que paro para pensar e não sei como criei isso ou aquilo... Acho que foi a luz de Deus que me guiou para fazer esse projeto”, afirma Bya, uma mulher de gosto ousado e de invejável segurança não apenas em seus projetos: a loira vai do tailleur à exuberância das peles com igual desenvoltura e usa como poucas um chapéu panamá.
Cheia de orgulho, Bya ciceroneou a revista CARAS por um passeio pelo espaço com 400m² e capacidade para 200 lugares entre as áreas interna e externa. Com altoastral contagiante, a arquiteta nascida em Campinas, interior de São Paulo, revelou-se também em ótima fase pessoal. “Nunca estou sozinha! Estou sempre cercada de amigos. Tenho companhia para qualquer situação, desde dançar e jantar fora a ir ao Iate Clube de Santos, no Guarujá”, ressalta a mãe de Leopoldo (25) e Veridiana (27).
– Você sempre quis fazer o Restaurante. Valeu a espera?
– Sim! Acho que consegui fazer tudo o que eu queria em termos de criatividade. Saí do óbvio em todos os espaços, pensei ‘fora da caixa’ para soltar a imaginação ao máximo. A marca dos meus projetos é o toque de humor em qualquer canto. Você não vai ter como não rir. E ainda fui premiada!
– Como chegou ao tema A Beleza do Imperfeito?
– O tema faz referência às peças antigas. Sabe aquela calça jeans rasgada que você tem e pela qual se sente abraçada? É a sensação de que o mais velho é mais aconchegante e confortável. Você vê que tudo aqui tem uma harmonia, mas nada faz parzinho! (risos)
– Quais diretrizes seguiu?
– Meu projeto é um restaurante com cores, que puxa para a alegria para que a pessoa se sinta à vontade e queira voltar ao ambiente. Tanto que tivemos 800 couverts por dia! Há uma grande referência ao retrô, com os lustres e as pinups. Há quem use o bege e o branco na decoração com medo de errar... Mas aí se cai na depressão. Uma tendência que vamos ver cada vez mais é o uso das cores, tanto na mobília quanto nas tintas.
– Como lapidou as peças que reinaram no ambiente?
– A base do mobiliário é da minha loja, mas peguei algumas peças emprestadas, como o balcão de madeira do bar. Trouxe peças autênticas da Europa para dar um ‘peso’ ao espaço, como o lustre de cristais de rocha e Baccarat. O banco de arame veio da América do Norte. Os sofás são europeus.
– O que mais destaca?
– Na cozinha, os armários com fotos de macarrão são um sucesso. Todos pensam que é um painel; ninguém percebe que cada foto é uma porta que se abre. Na sala de jantar, as cadeiras são as mais confortáveis. Você não quer deixar a mesa, quer ficar ali, conversando por horas. O tronco do bar veio do Pará e dá uma energia gostosa. Os homens adoram os bancos giratórios e a TV de alta tecnologia. Já as mulheres gostam da pista de dança, onde, além dos DJs, temos aulas de estilos variados. Os casais levantam e dançam naturalmente. É gostoso ver. Há os quadros de pin-ups assinados pelo Kobra e o piso em terceira dimensão. Eu mesma já tirei várias fotos “na piscina.” Quem vai ao banheiro é surpreendido com vozes. No masculino, a gravação é com a minha voz: ‘Uau, adorei. Caprichou, hein? Você está muito elegante. Adorei sua presença, obrigada.’ No feminino, o Edson Vieira, o meu assistente, que tem um vozeirão, diz: ‘Nossa, como você está bem, hein? Muito elegante, produzida. Obrigado pela presença.’ (risos)
– Você contou com um time afinado em seu espaço...
– Esta mostra é uma vitrine, temos de projetar gente de talento, como os DJs e irmãos Rafael e Leandro Lira Antonacci, o dançarino João Ricardo Trevisani e os demais integrantes da Companhia de Dança Philip Miha. O chef Marcelo Ozi fez sucesso na cozinha, mas também com as mulheres. (risos)
– Você parece ser do tipo mãezona, que cuida de todos.
– Sou mesmo. Uma mãezona tradicional, gosto de ter os filhos debaixo dos braços, de unir a família no jantar pelo menos aos domingos. Eles me chamam de senhora e não saem da mesa antes de mim. Leopoldo tem meu jeito festeiro e empreendedor. Veridiana é meiga e de bem com a vida. Também adoro ir a Campinas, ficar com minha mãe, Ilda, de 83 anos, ganhar um colo.
– Como se definiria?
– Como uma pessoa feliz, uma mulher de fé, generosa, comunicativa, detalhista e com um olhar que capta facilmente o perfil e o desejo das pessoas. Sou uma profissional que tenta realizar os sonhos de cada um, proporcionar o cenário no qual a pessoa vai viver bem e se realizar como ser humano. Além disso, sou uma mulher completa, vivendo a plenitude. Sou mãe de dois filhos maravilhosos, tive dois casamentos ótimos e nesses últimos nove anos me realizei profissionalmente na íntegra.
– E o coração, está livre?
– Estou solteira, pronta para um novo amor. Descartei a possibilidade de me casar pela terceira vez. O que quero hoje é um “namorido”, um homem que me complete, assim como todo mundo deseja. Mas não procuro amor, nem nada. Planto o meu jardim e espero que as borboletas venham.
– Pode falar quais são os seus próximos projetos?
– Sempre sonhei fazer casas e apartamentos e ter uma loja em uma fábrica desativada, como tenho hoje, em São Paulo. Minha loja é o paraíso dos separados! Eles vão lá ‘fazer’ os apartamentos novos comigo e em três dias já têm tudo. Talheres, enxoval... Organizo tudo pra eles. Agora quero lançar uma empresa de negócios imobiliários, para vender, alugar e decorar. E vou escrever um livro sobre maturidade e plenitude, fase que vivo hoje. Tenho sempre em mente: ‘Avance e não olhe para trás.’ Já cheguei onde queria como ser humano, mas em relação aos negócios é só o começo...