GUTHIERRY SOTERO

Vini de Vai na Fé, ator assume timidez e revela sonho de carreira no rap: 'Quero estar na música'

Estreando em Vai Na Fé, Guthierry Sotero ainda prepara série para streaming e lançamentos na carreira musical

Mariana Arrudas

por Mariana Arrudas

marrudas_colab@caras.com.br

Publicado em 01/03/2023, às 06h00

Guthierry Sotero, ator e rapper, que estreará em Vai Na Fé como Vini - Foto: Divulgação/Lukas Alencar

Coragem para deixar a timidez de lado e um empurrão na autoestima foram os elementos necessários para fazer com que Guthierry Sotero (21) guardasse a ideia de cursar direito e se jogasse de cabeça no mundo das artes. Hoje, o jovem da Maré, no Rio de Janeiro, conta os minutos para estrear em Vai Na Fé (Globo) como o estiloso e simpático Vini, e já prepara lançamentos em sua carreira musical e no streaming.

"A coragem foi o empurrãozinho que eu precisava", diz ele, sobre o início de sua carreira, em 2019. Para ele, ter um papel maior na trama da Globo trouxe desafios para se adaptar ao formato, com uma rapidez diferente dos palcos do teatro e das telinhas do streaming, mas também veio com uma torcida maior dos fãs e mais visibilidade em escala nacional.

Agora, na pele de Vini, ele diz que enxerga todos os seus aprendizados e trajetória condensados no mesmo trabalho. Segundo ele, seu personagem é "bissexual e bem resolvido" e, assim como Sotero, esbanja estilo por onde passa. O artista afirma que já se sentia envolvido nos bastidores da produção por ter muitos amigos na trama, e ainda ressalta a importância de um elenco composto por muitos atores e atrizes pretos.

"Já era uma grande representatividade para mim ver pessoas pretas com papéis importantes na TV, ainda mais os meus amigos. Precisava ter muitos pretos reunidos para as pessoas entenderem que o protagonismo também é necessário. Tem corpos iguais ao meu em todos os lugares", acrescenta, em entrevista à CARAS Brasil.

Antes, Sotero já havia atuado em Amor de Mãe, em uma participação especial, e estava escalado para trabalhar na última temporada de Malhação, que teve o projeto suspenso em meio à pandemia de Covid-19. Ele também esteve na série Tudo Igual… SQN, para o Disney+, e, desde 2019, começou a se dedicar à carreira de rapper, já tendo lançado singles e com um projeto de EP guardado. 

Na atuação, em simultâneo à novela Vai Na Fé, ele trabalha na série Veronika, novo projeto do Globoplay. O artista, que interpreta Rodriguinho, diz que ainda tem o grande desafio de conciliar as carreiras na atuação e na música, e que, até o momento, está imerso primeiro em sua carreira de ator, para depois focar na parte musical. Apesar disso, ele prepara o lançamento da música Ela Me Disse para o próximo mês.

Abaixo, Guthierry Sotero fala sobre o início do sonho de se tornar ator, desafios da profissão, sua trajetória antes das artes, referências, a importância da moda em sua vida e também sua carreira musical. Confira trechos editados da entrevista com o Vini de Vai Na Fé.


Foto: Divulgação/Lukas Alencar

 

Como você decidiu que seria ator?
Foi no boom das novelas infantis, vi o Jean Paulo e pensei: 'Olha, o Cirilo parece comigo. Acho que eu poderia ser esse cara'. Tentei fazer teatro onde eu moro, no Centro de Artes da Maré, por três anos consecutivos e nunca tinha vaga. Sempre fui muito tímido e nunca insisti. Até que, em 2019, fiz uma poesia, postei e teve uma repercussão muito grande, e um preparador de elenco da Globo, Felipe Aguiar, me mandou mensagem. De início achei que era um trote ou alguma pegadinha. Até que fui lá, fiz meu cadastro e trocamos ideia. Uma semana depois, fui ao show do MC Marechal, e conversei com ele, e ele falou: 'Se você tem um sonho, corre atrás dele, ninguém vai correr por você'. Depois disso, eu encontrei o diretor artístico do CAM e ele disse que não tinha vaga, mas eu insisti e consegui entrar para o teatro. Foi assim que eu comecei a ser ator e que era possível trilhar esse caminho.

Sua família sempre te apoiou?
Minha mãe sempre me apoiou, tive uma relação distante com o meu pai, mas ele sempre torceu para que eu seguisse as carreiras convencionais, mas passou a aceitar depois que as coisas começaram a andar. Minha mãe e minha irmã, que foram as pessoas que me criaram, sempre me apoiaram. Quando eu apareci em Amor de Mãe, em uma pequena participação, minha mãe gravou a tela, mandou no grupo da família, publicou nas redes sociais dela. Ela com certeza é a minha maior fã. Na novela, eu acordei um dia às 6h da manhã e falei: 'Mãe, saí no jornal. Sabe a novela que eu te falei? Então, tem uma matéria minha'. Ela foi voada, correndo para comprar todos os jornais que restavam na banca e distribuir para a família.

Antes de entrar de vez na TV, você fez peças no teatro e uma série para streaming. Como foram essas experiências?
Fiz uma peça chamada Enquanto Respirar, no final de 2019. Em 2021, fiz o Tudo Igual… SQN, do Disney +, e no final do ano passado estava com duas peças simultâneas, uma era do curso processo de encenação, e a peça A Lua da Maré de um coletivo que faço parte agora, o Entre Lugares. Foram coisas essenciais para que eu pudesse ter uma bagagem para trazer para o audiovisual. O principal foi contracenar com pessoas mais experientes, que eu absorvo muito. Na série, eu consegui incorporar tudo o que eu aprendi no teatro.

Qual o principal desafio de migrar do streaming para a TV? 
O principal desafio da TV é a cobrança rápida, é tudo instantâneo. Você pode cair no jogo de focar o que as pessoas estão pensando sobre o seu personagem… tem que encontrar o equilíbrio. Você tem que dar o seu melhor em todas as cenas, tem que estar sempre pronto.

Além da carreira de ator, você também tem singles lançados. Como você começou a cantar?
Foi um processo longo, porque eu sou muito tímido. Em 2016 comecei a acompanhar as batalhas [de slam] e comecei a escrever algumas poesias, e nunca postei por ficar com medo do que as pessoas iriam achar. No início de 2019 decidi que precisava expor a minha arte, se não eu seria uma pessoa frustrada na vida. Lancei minha primeira música em 2020, chamada Momentos, com ajuda do Dongo, meu amigo e hoje meu produtor. Comecei a cantar em 2020, mas o processo começou em 2019, e o sonho despertou em 2016.

Como você faz para equilibrar a carreira de ator e cantor?
É uma tarefa muito difícil. Essa semana eu tinha sessão de estúdio, mas não consegui porque estou estudando para a novela. Tem coisas que não dá para conciliar. Este ano eu passei para uma série do Globoplay, Veronika, e estou na novela. As coisas se unem. Com o sucesso que a novela está fazendo, as pessoas vão começar a se interessar quem é o Guthierry. É só questão de tempo. Acredito que eu me dedico muito mais à atuação, de fato. Mas eu quero estar na música 100%. 

 

Qual outra carreira você seguiria se não fosse para o lado das artes?
Por um tempo, eu pensei em ser historiador por conta do rap. Sempre fui muito estudioso e isso me ajudaria a ter mais referências nas músicas. Mas eu trabalhei por 1 ano e 9 meses no Ministério Público, fui estagiário. Lidava com promotor, advogado, assessor. Isso era algo muito recorrente na minha vida, e por um momento eu quis ser promotor de Justiça. Queria ser assessor de promotoria, depois virar promotor de Justiça e, por fim, ser desembargador. Eu rio hoje porque eu não me vejo fazendo. Mas na época, fazia sentido para mim. Mas eu não sei se eu seria feliz como eu sou com a arte. No final de 2019, fiz o ENEM para a UERJ em Direito, e eu conseguiria entrar na universidade, e tinha pontos no ProUni para fazer Artes Cênicas. Mas foi quando eu passei para a Malhação, que não aconteceu.

No seu Instagram, você posta várias fotos esbanjando estilo! Você tem alguma inspiração para as suas roupas?
Me considero um cara estiloso, gosto de estar bem arrumado e tenho uma fissura em tênis. Tenho uns 16 pares, tem alguns que eu nem usei ainda. Sempre gostei de moda e de estar bem vestido. Vejo muito o que os gringos usam, gosto bastante do estilo dos Estados Unidos e de Angola, meu pai é angolano, e tem uns conjuntos que ele me deu. Foi um processo de aceitação para eu estar vestido da forma que eu me visto hoje. Antes eu não tinha grana para comprar, nem autoestima. Comecei a usar essas roupas entre 2018 e 2019 e eu era o único que usava, na época, então as pessoas me olhavam. Depois percebi que a roupa agrega ainda mais a minha beleza. Isso vai além de uma roupagem, tem toda uma questão histórica, por muito tempo o tênis foi visto como um símbolo de alforria.

Em paralelo à novela, há algum projeto que você esteja trabalhando?
Tenho um single chamado Ela Me Disse, vai ser lançado mês que vem. É uma espécie de love song, com trap, um pouco nessa levada com mpb também. Tenho algumas músicas solo que estão para sair, eu ia fazer um EP, mas assim que surgir a primeira folguinha vou amadurecer essa ideia. No momento estou gravando de forma simultânea a nova série do Globoplay, Veronika. Eu sou o Rodriguinho, estou no núcleo da primeira fase. Passei o bastão de uma forma boa. É uma série policial. Ele faz muito bullying com outro personagem, no início foi bem pesado para separar.

Mariana Arrudas

Mariana Arrudas é repórter de pautas especiais do Grupo Perfil. Formada em Jornalismo pela Universidade de São Paulo (USP), já integrou a equipe de entretenimento da Folha de São Paulo. Apaixonada por música, filmes, viagens e cultura pop, escreve sobre o universo das celebridades. Instagram @marixf

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