Etimologia

CARAS Publicado em 09/10/2013, às 20h21 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Apelidar: do Latim appellitare, de appellare, chamar as pessoas por outros nomes ou por epítetos. O compositor e radialista carioca Evaldo Rui Barbosa (1913-1954) tinha o apelido de Espanador da Lua, por sua alta estatura. Apaixonado por Elizeth Cardoso (1918-1990), cantora carioca de grande sucesso nas décadas de 1950 a 1970, suicidou-se 20 dias antes do presidente Getúlio Vargas (1883-1954). E deixou, não uma carta-testamento para o povo, mas um bilhete para a mulher amada. Algumas personalidades são mais conhecidas pelo apelido do que pelo nome, como é o caso do cantor e compositor Otávio Henrique de Oliveira (1919-1983), o Blecaute, apelido dado por ser negro. Hoje seria politicamente incorreto.

Cereal: do Latim cerealis, de Ceres, a deusa que na mitologia pagã fazia crescer messes e plantações. Era filha de Saturno e de Cibele, e mãe de Prosérpina. Na Roma Antiga, as festas que homenageavam Ceres equivaliam a modernos shows como o Rock in Rio, referido na mídia pelas iniciais RIR. Como os primeiros cristãos negassem os deuses pagãos, quando a colheita não era boa, eles eram martirizados porque a deusa, irritada com o descaso, tinha se vingado.

Empenado: de empenar, do Latim medieval penna, alteração de pinna, madeira de pinheiros, entortada pelo sol. É do mesmo étimo de empena, que designa o “oitão, parede lateral de um edifício, especialmente aquela
que termina em triângulo devido à forma do telhado”
, como esclarece o químico, filólogo e tradutor carioca Roldão Simas Filho (80) em Dicionário Lá & Cá, conhecido como um ferrenho defensor da norma culta do Português. 

Lepra: do Grego lépra, do verbo lépein, descascar, escamar, pelo Latim lepra. Na Antiguidade, era a denominação comum para as infecções de pele, mucosas e nervos periféricos, geralmente de caráter crônico e contagioso, na definição do Dicionário Caldas Aulete. Um dos evangelistas, Lucas (século I), natural da Lucânia, terra da luz, solteiro, sem filhos, era pintor e médico. Celebrado no dia 18 de outubro, é padroeiro dos médicos, dos curandeiros e dos pintores. Ele narra a parábola da cura dos 10 leprosos, dos quais apenas um voltou para agradecer. E este era samaritano, um estrangeiro. Não estranhemos, pois, a ingratidão. É de apenas 10% a taxa de agradecimento a Deus. Lepra designa também coisa de efeitos perniciosos e devastadores como uma praga. O papa Francisco (76), admitindo que “os chefes da Igreja frequentemente são narcisistas, adulados e estimulados de forma negativa por seus cortesãos”, concluiu: “A corte é a lepra do papado”. A lepra é conhecida também por hanseníase, do nome do médico norueguês que isolou o bacilo, Gerhard Henrik Amauer Hansen (1841-1912).

Ortoepia: do Grego orthoépeia, pela formação orthos, correto, étimo presente em ortografia, e épos, o que se esprime por palavras. É parte da gramática que estuda e normatiza as regras da boa pronúncia, integrando campo mais amplo, o da prosódia. São corretas as duas formas: ortoepia e ortoépia. Antônio Martins de Araújo (81), presidente da Academia Brasileira de Filologia, narra incidente curioso sobre o tema. Moradora do bairro Pavãozinho, no Rio, perguntou-lhe certa vez: “— Moço, eu não sei o que faço. Já rodei, já mexi, e não encontro essa rua. — Que rua, minha senhora? — Essa aí do papel, Porra de Ferro”. Era como tinha lido o endereço da rua, em Ipanema, que homenageia o aviador Paul Redefdern (1902-1927), que partiu de Brunswick, na Géorgia, rumo ao Rio, um percurso de 4600 milhas, 1000 milhas mais longo do que o voo de Charles Lindbergh (1902-1974), no trecho Nova York-Paris, feito três meses antes. Redfern não chegou ao Brasil. Ele e seu avião jamais foram encontrados.

Trigo: do Latim triticum, de tritum, o que é triturado, esmagado, referindo-se ao grão. Quer dizer, no Latim e no Português, o que produziu a designação foi o modo, a tecnologia de fazer a farinha com o cereal indispensável. Em Italiano, é grano, grão. Em Francês, é blé, usado também em sentido metafórico: doré comme les blés, dourado como os cabelos do trigo. Ao lado do milho e do arroz, integra o trio de cereais mais consumidos no mundo.

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