Depreciação sutil é parte da nefasta luta que parceiros travam pelo poder

Redação Publicado em 18/06/2013, às 20h49 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Frequentemente há entre os casais, por mais harmoniosos que sejam, um jogo de poder. Este poderia até ser considerado um instinto universal, tão espalhado está, envolvendo até pessoas mais propensas ao entendimento. Mas o fato de ser comum não o torna aceitável e sua frequência pode ter um efeito devastador, acabando com relações promissoras.

É o caso daquele casal em que um dos parceiros é sempre interrompido pelo outro, tendo dificuldade de terminar seu pensamento. A repetição dessa situação causa naquele que costuma ser interrompido um sentimento de falta de espaço, de não ser importante, de não ter um lugar digno, onde se sinta valorizado e participante em condições de igualdade com o outro.

Às vezes os parceiros nem se dão conta do jogo existente entre eles. Alguns comportamentos são tão sutilmente depreciativos que poderiam gerar num observador pensamentos do tipo “que criancice reagir a essa bobagem”. O problema é que a tal bobagem se repete e essa repetição acaba por tornar-se insuportável.

Um bom exemplo me foi dado por cliente outro dia. Ele me disse que a esposa, tarde da noite, cansada, tentava estacionar o carro numa vaga do edifício de forma que a saída no dia seguinte ficasse facilitada. Tentou repetidas vezes e apesar de ser ótima manobrista estava cansada e sonolenta, falhando seguidamente. Mas continuava em seu propósito. O marido então ofereceu ajuda. A oferta foi feita várias vezes sem que obtivesse uma resposta verbal. Finalmente, ele julgou perceber na expressão corporal da esposa um pedido de socorro. Saiu do carro e passou a orientar as manobras. De repente a esposa, que não estava seguindo suas instruções, desistiu e pôs o carro em posição incômoda, obrigando a uma manobra difícil para a saída, exatamente como ela não queria.

Meu paciente se ressentiu deste gesto, pois acreditava ter respeitado a capacidade e autonomia dela, só interferindo quando sentiu que ela queria a sua ajuda. O casal foi dormir agastado. A situação havia sido agravada pelos precedentes: ele estava impaciente para chegar logo em casa e naquele dia já havia passado por situações em que suas ideias não foram acolhidas; ela também vinha enfrentando dificuldades que exigiam uma força aparentemente superior às suas possibilidades, mas das quais tentava dar conta.

O acontecimento foi felizmente eventual e logo o mal-estar dissipou-se. Mas poderia ser diferente. Pequenos atos como este, se insistentemente repetidos, podem ter grandes repercussões na relação. Tomam proporções de uma luta pelo poder, pela superioridade de um sobre o outro (que muitas vezes vem de sentimento de inferioridade ocasional ou permanente). Essa peleja acompanha o homem desde priscas eras, sendo preciso aprender a lidar com ela.

Como? Não passando por cima das pequenas depreciações. Quando ocorrem, o casal deve ter uma conversa franca e tranquila para esclarecer os sentimentos de um e de outro, tomando o cuidado de evitar fazer desse diálogo mais um episódio de luta pelo poder, onde a razão e a superioridade de um teria de prevalecer sobre o outro. Desse modo, tais eventos banais não adquirirão dimensão maior do que a que têm e ambos estarão alertas para não repeti-lo, evitando aumentar o peso do ressentimento.

Revista amor Amor [26126]

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