Entrevista

Dora Zanin prova que é possível ser produtora rural e preservar o meio ambiente

Vinda de uma família precursora no cultivo de soja no Brasil, ela conduz propriedades no Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul

Ricardo Parra Publicado em 27/11/2023, às 09h58 - Atualizado em 01/12/2023, às 10h05

Dora Zanin é uma mulher acostumada a tomar decisões no dia a dia do trabalho - Foto: Arquivo Pessoal

O Brasil, hoje, é o maior produtor de soja do mundo. Nossa produção deve passar das 155 milhões de toneladas na safra 2023/24, representando 40% do total.

Grande parte deste sucesso se deve a homens e mulheres que foram precursores no cultivo da oleaginosa e que possuíam uma visão de futuro. Dora Zanin, sojicultora no Paraná e em Mato Grosso do Sul, é uma destas mulheres.

A sua história familiar se “confunde” com o início do cultivo da soja no norte paranaense. Ela pertence a um ramo de pessoas de rara visão empreendedora voltada ao agro.

Dora é formada em Direito, com especialização em Direito Ambiental; também cursou Comércio Internacional. Separada e com três filhos, ela é uma mulher de destaque e ativa nos negócios. Tomar decisões é parte de seu cotidiano.

O norte do Paraná é conhecido, entre outros fatores, pela qualidade e produtividade do solo. “É uma terra vermelha comparada às melhores terras da Ucrânia”, diz Dora Zanin com a certeza de quem tem vasta experiência como produtora rural. Ela sabe do que fala.

Nascida na região, especificamente na cidade de Sertanópolis, a família de Dora se estabeleceu no norte do Paraná no final da década de 1940. “O estado era produtor de café, não havia soja cultivada lá. Meu pai também foi cafeicultor”, relata.

Em fins da década de 1970, “ele começou a trazer a soja para o norte do estado e se tornou um comprador do grão. Foi ele quem introduziu a sojicultura no Paraná e depois em Mato Grosso e em Mato Grosso do Sul”, conta. Dora acrescenta que “isto é um fato histórico conhecido. Minha família também teve participação relevante no desenvolvimento das exportações de soja”.

Com a certeza da verdade provada pelos fatos históricos, ela afirma que “fomos precursores e empreendedores na sojicultura aqui no Brasil”.

Pelo histórico familiar e por ser uma mulher do agro acostumada ao trabalho diário, o cuidado com as questões da terra é uma constante em sua vida. “Eu venho defendendo o setor desde quando eu era menina. Eu fui a primeira candidata do Paraná, em quase 100 anos de República, a disputar um cargo na Câmara dos Deputados, em 1986”.

Sua plataforma eleitoral tinha como foco a defesa dos produtores rurais, principalmente das mulheres. Emocionada, Dora conta que sua filha enviou, certa vez, uma mensagem afirmando ter muito orgulho por ela ter se candidatado. A participação da paranaense em defesa do setor ajudou a abrir caminhos para outras mulheres na política.

Dora está alinhada com as boas práticas ambientais há muito tempo. Ela foi a representante do produtor rural na elaboração do Código Florestal do Brasil, “que é o melhor do mundo”.

Entretanto, a empresária faz uma ressalva, pois, “este documento não possui tradução para o espanhol nem para o inglês. Eu comecei a me preocupar com esta lacuna”.

Ela pontua também que o Código, em vigência desde 2012, está escrito em termos muito técnicos, “o que afasta um bom entendimento do cidadão urbano”.

Para enfrentar este problema, Dora contatou uma empresa de consultoria em comunicação “e, a partir daí, nós estamos formatando um projeto de facilitação da linguagem do documento”.

O pioneirismo corre em suas veias desde sempre: sojicultora, defensora das mulheres produtoras e atuante na política para o setor já bastariam para caracterizar Dora Zanin como precursora. Não satisfeita, ela também é uma empresária combativa em defesa da sustentabilidade ambiental. E finaliza afirmando “que ninguém preserva mais no mundo que o produtor brasileiro”.

Sua família tem um longo e rico histórico dentro do agro brasileiro - Foto: Arquivo Pessoal

 

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