História inspiradora!

Ellen Camp entregou currículo de porta em porta antes de ganhar papel em filme internacional

Em entrevista à CARAS Brasil, a atriz mineira Ellen Camp fala sobre começo da carreira e desafios enfrentados até conquista de papel em Meu Amigo Pinguim

Bárbara Aguiar, sob a supervisão de Arthur Pazin
Após participar de duas peças, Ellen Camp inicia carreira no audiovisual com filme de Hollywood - Reprodução/Instagram

Com uma história de vida inspiradora, a atriz Ellen Camp (26) conquistou seu primeiro papel em um filme internacional no mesmo ano em que concluiu seu curso de atuação no Célia Helena Centro de Artes e Educação, renomada escola de teatro em São Paulo. Em entrevista à CARAS Brasil, a intérprete conta sobre os dramas do início de sua carreira e como superou desafios até conquistar seu papel em Meu Amigo Pinguim, filme que estreará esse ano e é protagonizado pelo astro Jean Reno (75).

Ellen revela que o desejo de ser atriz nasceu aos 8 anos, quando esteve em um cinema pela primeira vez. A paixão se acentuou ainda mais na adolescência, após a jovem assistir ao clássico O Pianista: "No momento em que assisti ao filme, tive certeza de que eu queria fazer aquilo. Transformar, impactar e influenciar a vida de outras pessoas positivamente através do meu trabalho, através da arte", relembra. 

A atriz começou no meio artístico como modelo, profissão que sua família apoiava, com objetivo de se aproximar da realidade de uma carreira fora do convencional. Ellen modelou dois anos em Minas Gerais, então foi para uma temporada em São Paulo e, com a experiência, chegou à conclusão de que não poderia ser feliz na profissão: "Tive certeza de que aquilo não era para mim e voltei para Minas Gerais, completamente decidida de que eu, de fato, queria ser atriz. Eu tinha 16 anos na época, então, como não tinha outros trabalhos, continuei como modelo enquanto juntava um dinheirinho e fazia cursos online gratuitos para ser atriz".

"Coragem é a palavra que me define"

A rotina de trabalhos como modelo e os estudos para a carreira de atriz foram interrompidos bruscamente quando, aos 19 anos, Ellen perdeu o pai. "A gente tinha infinitos planos, infinitas coisas para realizar juntos. E, do nada, de um dia para o outro, eu não tinha mais continuidade desses sonhos", fala. Além do sentimento de perda, Ellen afirma que a morte do pai lhe deu muita coragem para alcançar seus objetivos: "Quando meu pai faleceu, eu tive certeza e toda a coragem do mundo de falar: 'Eu não vou fazer o mesmo ciclo que o meu pai, eu não quero perder meus sonhos'".

Depois disso, a intérprete decidiu, mesmo sem o apoio da família, se mudar para São Paulo e se formar atriz. "Minha família se reuniu e falou: 'Ellen, se você precisar de um real para voltar de São Paulo, você vai voltar andando. A gente não te apoia'. Então, eu peguei um dinheiro emprestado, comprei minha passagem de ônibus para São Paulo e comecei a minha jornada como atriz", relembra.

"No final das contas, eu entendi a minha família. Eu tinha 19 anos, mas talvez minha família me enxergasse com 16. É normal que eles tenham tido medo, tenham tentado me fazer desistir. Além disso, a vida de ator, infelizmente, é uma vida muito difícil, por isso, não julgo minha família", afirma a atriz.

Em São Paulo, a jovem morou de favor na casa de um amigo até conseguir um emprego — o que ela arranjou depois de entregar currículos em muitas lojas e comércios na região próxima ao Célia Helena, faculdade para qual ela almejava conseguir uma bolsa de estudos. 

"Depois de mais ou menos uma semana e meia em São Paulo, consegui um trabalho como modelo fixa de showroom. Trabalhava durante 10 horas por dia, mais ou menos", explica. Com o emprego, Ellen conseguiu pagar aluguel em uma república e partir para sua busca pela bolsa de estudos.

"Como eu tinha pouco dinheiro, só consegui pagar para dormir na lavanderia, em um beliche com outra menina. Eu já tinha encontrado minha casa e meu trabalho em duas semanas de São Paulo, só faltava a faculdade. Então, bati lá no Célia Helena, contei toda a minha história e expliquei que não tinha nenhuma possibilidade de pagar a faculdade", conta. Depois de um longo processo avaliativo, Ellen conseguiu a bolsa e, logo no primeiro ano, integrou sua primeira peça de teatro.

Direto para Hollywood

Assim que se tornou atriz, Ellen conseguiu seu primeiro papel no cinema — também seu primeiro papel internacional. Em Meu Amigo Pinguim, a intérprete vive uma jovem curiosa que, segundo ela, é quase como uma "repórter da vila", sempre interessada nas novidades e em compartilhar descobertas.

Para viver a personagem, a atriz enfrentou alguns desafios, como a necessidade de dominar a língua inglesa e se transformar em uma jovem que cresceu em uma vila de pescadores: "Quando tive a oportunidade de fazer o teste para o papel, fui atrás de um professor, de falar inglês com todo o mundo o tempo todo, para ter o melhor sotaque possível".

Quanto à aproximação com a realidade da personagem, Ellen não poupou esforços: a intérprete fez uma imersão profunda e passou alguns dias em uma vila de pescadores no litoral de São Paulo. "Tudo para entender quem era a minha personagem naquela circunstância e tempo, como ela conversava e interagia com as outras pessoas, já que era algo bem diferente da minha vida longe da praia”, afirma.

Ellen define a oportunidade de estrear em um filme internacional, ao lado de grandes nomes do audiovisual como Jean Reno, Adriana Barraza (68) e o diretor David Schürmann (50), como "algo fantástico, eu estava no meu primeiro filme com dois mestres de atuação" e acrescenta, ainda: "Foi sensacional trabalhar com eles todos os dias no set, ver como cada um se concentrava de um jeito, a forma deles no set, foi uma aula completa".

A atriz está de malas prontas para acompanhar a estreia internacional do filme, que ocorrerá em agosto, na cidade de Los Angeles. Assim que retornar ao Brasil, ela se preparará para a estreia nacional, em setembro. Além da participação em Meu Amigo Pinguim, Ellen integra o elenco de Por um Fio, longa inspirado no livro do Dr. Drauzio Varella (81).

Na obra nacional, a intérprete será Dr.ᵃ Claudia, uma médica dos anos 70, em duas fases da personagem: aos 17 e aos 33 anos. O filme está em pós-produção e ainda não tem previsão de estreia, mas nomes como Bruno Gagliasso (42) e Rômulo Estrela (40) já estão confirmados como atores centrais da adaptação.

Bárbara Aguiar, sob a supervisão de Arthur Pazin

Bárbara Aguiar é jornalista em formação pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Amante de atividades culturais e entretenimento, ela escreve para a Caras, Contigo! e atua como diretora de Comunicação Visual na Jornalismo Júnior da ECA/USP.

cinema Meu Amigo Pinguim Ellen Camp

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