CIRURGIA CARDÍACA

Welder Rodrigues relata problema grave no coração e médica alerta: ‘Dor no peito não é brincadeira’

Em entrevista à CARAS Brasil, a cardiologista Valéria Braile explica diagnóstico do ator Welder Rodrigues, que precisou passar por cirurgia no coração

Dra. Valéria Braile

por Dra. Valéria Braile

Publicado em 18/11/2024, às 21h35

Welder Rodrigues - Divulgação/Manoela Mello/Globo

O ator e humorista Welder Rodrigues (54), o icônico Sabá Bodó em No Rancho Fundo, revelou que foi submetido, recentemente, a uma cirurgia cardíaca para desobstrução de duas artérias coronárias. Durante entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, ele relatou a forma como detectou o problema: “Uma sequência de sortes. Estava sentindo uma dor muscular, debaixo da costela, no lado esquerdo. Vou ao médico e (faço) uma tomografia. O coração entupido”. Em entrevista à CARAS Brasil, a cardiologista Valéria Braile explica a doença do artista e faz um alerta importante: “Dor no peito não é brincadeira”.

De acordo com Welder, ele tinha hábitos alimentares muito ruins, e “comia açúcar de forma desesperada”. “Todo mundo sabe o que faz bem e o que faz mal. É só a gente parar e pensar no que está comendo”, disse ele, acrescentando como foi a sua recuperação. “Maravilhosa. Tem que obedecer os médicos, tomar os remédios e fazer a fisioterapia. Estou doido para voltar ao palco. Mas eu, particularmente, faço muito trabalho corporal em cena. Estou esperando o corpo ficar 100%", destacou.

Tudo começou com uma dor torácica que Welder achava que fosse muscular, mas já era uma dor de angina pectoris típica, segundo Valéria. “Uma dor em aperto, na região do coração, no tórax à esquerda. E, geralmente, essa dor ou cansaço se iniciam aos esforços físicos. Com o passar dos dias, vão ficando mais intensas e, muitas vezes, a pessoa vai se limitando nas suas atividades diárias. Chega a achar que não está sentindo nada, pois a atividade que costumava fazer, ao sentir a dor, não vai realizar mais. Por exemplo, se tem dor, ou falta de ar ou fôlego curto ao subir uma escada, já não sobe mais”, informa.

“E assim vai vivendo até por longos períodos. Quando passa a ter dor no peito ou esse cansaço fácil aos mínimos esforços habituais – como, por exemplo, tomar banho e caminhar dentro de casa –, a situação já está um pouco mais grave. E aí, nesse momento, que as pessoas acabam se alertando, se atentando de que realmente precisam procurar ajuda médica”, emenda.

A médica alerta: “Dor no peito não é brincadeira. É preferível procurar assistência médica e não ser nada grave, do que ficar correndo esse risco de ter um enfarte agudo do miocárdio, que pode até levar a uma morte súbita. Além desses sintomas de dor no peito do lado esquerdo, cansaço fácil, angina pectoris – que é o termo usado para definir a dor no peito de causa cardiológica –, pode apresentar dor no peito à esquerda irradiando-se para o braço esquerdo ou para a mandíbula; tendo até uma sensação de que seja dor nos dentes. Às vezes, também, pode ser confundida com dor de estômago. Muitos pacientes acham até que estão com gastrite”.

Valéria reforça que quando essa dor no peito se inicia e depois passa – que é o que chamamos de angina –, ainda não é um enfarte do coração. “No enfarte, a dor é muito intensa e não passa. A pessoa precisa procurar atendimento médico o mais rápido possível, pois quanto mais precoce for o atendimento, melhor são as chances de sobrevida e de não ter sequelas no coração. No caso do ator, ele não chegou a ter um enfarte. Procurou o médico que diagnosticou esse entupimento nas duas artérias do coração. Provavelmente, as lesões que ele apresentava nessas artérias coronárias, que são as artérias que irrigam o músculo do coração, não eram lesões simples e, assim, não tinham a possibilidade de serem tratadas com o implante de um stente coronariano – que é um procedimento muito mais simples e fácil do que uma cirurgia a peito aberto”, enfatiza.

“Como já disse, nem sempre o implante de um stende coronariano é indicado ou possível. Daí, temos que indicar a cirurgia cardíaca, que se chama revascularização do miocárdio cirúrgica. A cirurgia de revascularização do miocárdio é uma operação longa, dura aproximadamente umas quatro horas. O paciente necessita ficar em UTI depois da cirurgia por uns dois dias e, mais ou menos, uns quatro a cinco dias internado ainda no quarto do hospital. Depois da alta, ainda permanece em recuperação na sua casa, em uso de medicamentos, sessões de fisioterapia e visitas ao médico”, emenda.

Segundo a especialista, geralmente, após 30 dias da operação, já é possível ir retornando às atividades, inclusive profissionais. “O entupimento das artérias coronárias acontece por fatores genéticos e outros. Tem algumas famílias que têm mais tendência a ter problemas cardíacos”, fala Valéria.

A idade avançada está entre os fatores de risco para a doença aterosclerótica arterial. Quanto mais velho, segundo a cardiologista, mais chances de ter problemas. “Para os homens, após os 50 anos, e para as mulheres, após os 60 anos, essa chance de se ter placas de gordura nas artérias é bem maior. Estados como hipertensão – que seria pressão alta –, colesterol elevado, diabetes, tabagismo, obesidade, sedentarismo e estresse são fatores que proporcionam o organismo a produzir essas gorduras que entopem as artérias”, afirma.

“Após esses cuidados de pós-operatório imediato, até 30 dias da operação, no seguimento mais tardio, o paciente deve seguir orientações médicas para ter uma vida mais saudável, para sempre. Sempre serão também necessários o uso de medicamentos para o controle desses fatores de risco citados acima e outros que possam vir. O fato de ter sido diagnosticado com diabetes também colaborou para o aparecimento do entupimento das artérias do artista”, finaliza Valéria.

Leia também: Médica alerta possíveis complicações da doença de Silvero Pereira

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Dra. Valéria Braile

Dra. Valéria Braile é graduada em Medicina (CRM 66720 SP) pela Unicamp e possui residência médica em Clínica Geral pela USP e residência especializada em cardiologia no INCOR/USP-SP. É também especialista em cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e Fellow em Cardiologia no Memorial Hospital de Nova York. Atualmente atua como chefe de cardiologia da Braile Cardio. É chefe de Departamento da Clínica Médica e Diretora Clínica do Hospital Beneficência Portuguesa de São José do Rio Preto. Além dessas atividades é  membro do Conselho de Administração da empresa Braile Biomédica. Atua ainda como investigadora principal e responsável pelo Centro de Pesquisa Clínica da Braile Cardio, além de consultora de pesquisa clínica da Braile Biomédica.

Saúde coração Welder Rodrigues Cirurgia Cardíaca artérias coronárias

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