Veja como ajudar a criança a lidar com a separação dos pais. Na novela “Salve Jorge”, a personagem Raissa está passando por um processo traumático por causa do divórcio de Antonia e Celso. Na vida real, uma situação parecida pode prejudicar a criança
Antonia, personagem de Letícia Spiller, e Celso, interpretado por Caco Ciocler, em Salve Jorge, dão vida a um casal que passa por um processo difícil e doloroso de separação. E o pior: eles têm uma filha que está sofrendo com a situação. Ainda mais porque o pai inventa histórias para colocá-la contra a mãe. Fora da ficção, histórias semelhantes também podem acontecer e é preciso jogo de cintura - e bom senso - para não traumatizar a criança. “Um pai ou uma mãe é para o filho uma pessoa diferente da que é para a mulher ou marido. E isso tem que ficar claro para a criança porque, em algum momento, ela vai perceber a mentira”, diz Tiago Lupoli, psicólogo.
Quando a relação com os pais está mal resolvida e um fala mal do outro para o filho, ele pode ficar triste, agressivo e confuso, o que pode dificultar a convivência em casa e com as outras pessoas. O comportamento da personagem de Kiria Malheiros, a Raissa, prova que o processo pode ser doloroso para toda a família. A menina acaba rejeitando a mãe, entre muitos motivos, por medo de ser rejeitada. “Muitas vezes a criança não sabe explicar o motivo de estar triste. Ela pode achar que é porque está longe da mãe ou do pai, mas, na verdade, é porque pensa que o pai é um ‘monstro’, por exemplo”, afirma o psicólogo.
A melhor maneira de resolver o problema é estabelecer diálogo com o ex-companheiro e com o filho. “O pai ou a mãe que estiver se sentindo prejudicada tem que conversar e explicar o quanto a situação pode ser prejudicial. E ainda, buscar ajuda de um terapeuta ou analista, por exemplo”, diz Tiago. Para desfazer a imagem ruim da cabeça da criança, o pai pode passar mais tempo com ela. “O filho vai criar uma nova imagem a partir das experiências que ele vivencia. Mas vai ter uma nova frustração: por que o meu pai mentiu para mim sobre a minha mãe?”, continua.
Portanto, para evitar traumas, a separação precisa ser bem resolvida, pelo menos no que diz respeito aos filhos. “Os pais têm que entender que a briga é deles. Assim, têm que contar à criança que um ou outro vai sair de casa, mas que ainda vai amar, cuidar e estar perto dela”, afirma o psicólogo. Os dois não precisam contar juntos. “O ambiente precisa ser favorável à situação”, recomenda Tiago. Cada um pode contar de uma vez ou, se a situação entre o casal estiver bem resolvida, podem contar juntos.
Se a situação está bem explicada à criança e os pais se entendem bem, a nova rotina não vai gerar conflitos como os que acontecem em Salve Jorge. “É natural que cada casa tenha um funcionamento, pois trata-se, agora, de um outro núcleo familiar. Mas a mãe precisa saber o que acontece na casa do pai e vice-versa”, diz o psicólogo. Mesmo que o jantar aconteça em horários diferentes em cada casa, não tem problema. A única recomendação é: não ultrapasse os limites. “Bem-estar, edução e qualidade de vida vêm em primeiro lugar sempre”, aconselha o Tiago Lupoli.
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