Cassio Scapin, o eterno Nino do Castelo Rá-Tim-Bum, afirmou que é contra o casamento e relembrou que ganhava muito mal no início da carreira
Aos 60 anos, Cassio Scapin segue trabalhando muito e tem emendado um projeto atrás do outro. O eterno Nino de Castelo Rá-Tim-Bum interpretou Odorico Paraguaçu no espetáculo O Bem Amado Musicado e também participou da peça Sylvia. Agora, o ator se prepara para viver o físico Albert Einstein no palco.
Em entrevista ao Terra Nós, o famoso comentou quais suas perspectivas após completar 60 anos. "Algumas coisas mudaram, como o entendimento de tempo, principalmente em relação à premência das coisas que tenho para fazer. Eu analiso certas coisas e digo: 'Não preciso mais pensar nisso'. A perspectiva de vida é diferente. Com 30 anos, você ainda tem o dobro de tempo. Com 40, também. Aos 60, você não dobra mais. Admito que sinto uma certa dificuldade em encarar a rapidez do tempo. Eu busco me cuidar. Muita gente elogia meu corpo, por exemplo, mas eu me exercito e faço ballet para me manter funcional, principalmente para dar conta do meu trabalho no teatro", disse ele.
Cassio sempre foi assumidamente da comunidade LGBTQIA+ e nunca se preocupou em esconder a orientação sexual. "No meu caso, não foi deliberado. Nunca escondi nenhum namorado, nunca deixei de me relacionar, só fui vivendo a minha vida dessa forma. Nunca divulguei, mas não fiz disso uma pauta identitária. Sempre procurei falar mais sobre meu trabalho, evidentemente, para preservar o mínimo de privacidade. Quanto ao interesse em tirar as pessoas do armário, na minha concepção isso ocorre porque é bom para o mercado. É vendável. Só acho que não podemos fazer as coisas certas pelos motivos errados, por um fetiche da necessidade de exposição".
O famoso também surpreendeu ao comentar sobre a evolução dos conteúdos infantis na TV. "Acho natural que haja mais diversidade e representatividade na TV porque o mundo caminha para isso. É importante que se tenha desde cedo um entendimento mais global do ser humano. Sobre as críticas aos conteúdos infantis diversos, vou falar algo que vai fazer todo mundo me odiar, mas preciso falar. Eu sou contra o casamento, não importa se hetero ou gay. Sou contra a instituição chamada casamento".
Em seguida, ele explicou seus motivos. "Acredito que por trás das críticas a esses programas há uma conceituação errada da família com base no casamento e no conceito tradicional de família. Não há uma preocupação genuína com a infância, como alegam, mas a vontade de manter a estrutura de tradição, família e propriedade, que nada mais é do que um desejo de manter a ordem estabelecida. Só o fim do matrimônio como instituição poderia causar uma desordem econômica e social que levaria a algum lugar, à uma evolução".
Na entrevista, o ator relembrou o momento em que percebeu que estava famoso após interpretar Nino em Castelo Rá-Tim-Bum. "Gravamos todo o programa antes de ir para o ar, então nenhum de nós sabia o que ia dar. Para mim, o estalo aconteceu quando levamos o Castelo para o teatro e nos deparávamos com plateias lotadas. Também chegamos a lotar estádios de futebol. Em uma dessas apresentações cheias, lembro que em um determinado momento, em cena, eu ouvi uma voz dizendo no meu ouvido: 'Calma, isso passa'. Ali entendi que, para o bem e para o mal, tudo realmente passa. Tive o pé no chão", afirmou.
Porém, se engana quem pensa que Cassio já ganhava muito bem nessa época. "Lembro também que fui capa de uma revista dizendo que Nino, o 'garotão trintão', ganhava uma quantia espantosa por mês. A gente não ganhou dinheiro, só trabalho. Na época se ganhava muito mal e se trabalhava como um animal. A publicação fez um apanhado de tudo o que eu tinha recebido e colocou como se fosse um salário. Pensei: 'Então isso é a p***a do sucesso? Uma mentira?'".
Sobre seus planos para o futuro, Cassio garantiu que não pretende parar de trabalhar. "Continuar trabalhando, sempre. Gostaria que São Paulo tivesse mais casas de espetáculos. Hoje é uma briga para conseguir palco, muitos grupos dividem a mesma sala e é preciso montar e desmontar cenários o tempo todo. Gostaria que o teatro, de forma geral, tivesse uma rotina menos bruta e massacrante. Eu exerço a minha profissão de ator com muito amor e alegria, adora ensaiar, ter contato com o público... Quero que isso perdure por muito tempo. Aliás, quero morrer fazendo isso", concluiu.
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