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As três grandes paixões do maestro André Rieu

Em seu castelo, na Holanda, André Rieu fala de música, família e futebol antes do concerto em São Paulo

Redação Publicado em 02/05/2012, às 11h07 - Atualizado em 23/07/2012, às 16h54

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Referência na música clássica mundial, André Rieu narra trajetória de vida em seu castelo, em Maastricht, na Holanda. - Alvaro Teixeira
Referência na música clássica mundial, André Rieu narra trajetória de vida em seu castelo, em Maastricht, na Holanda. - Alvaro Teixeira

Conhecido como o Rei das Valsas, o maestro e violinista holandês André Rieu (62) trilha, há mais de 30 anos, uma carreira pontuada pelo sucesso internacional. Os singulares espetáculos — que unem música clássica à irreverência dos shows populares — fazem o segredo do artista. “Meus concertos são para todo mundo e não unicamente para os eruditos. Aliás, nem sei o que é isso. O importante é você deixar falar seu coração”, dispara ele, em seu castelo, em Maastricht, na Holanda. Preparando-se para temporada paulistana — serão 18 apresentações entre o fim de maio e a primeira semana de julho —, André compara o espírito do brasileiro com seu jeito de fazer música. “Vocês têm descontração e é isso que quero levar ao interpretar o clássico”, atesta ele, que morou no Rio de Janeiro, em 1970.

Seis meses. Esse foi o curto e intenso período que o artista passou em terras cariocas. “Fui a convite do saudoso pianista cearense Jacques Klein e aprendi muito com ele. Era a primeira vez que saía de meu país, pois, na época, apenas tocava na orquestra do meu pai. Para mim, ali foi o começo da minha vida profissional como músico”, recorda. “Jacques me falava muito de bossa nova, umas das mais belas músicas do mundo”, acrescenta André, garantindo que seu show em São Paulo terá tempero verde e amarelo. “Claro que irei tocar uma canção brasileira! Mas é surpresa”, brinca André Rieu.

Assim como no trabalho, a paixão é a grande regente em sua vida pessoal. Casado com Marjorie, com quem tem Marc (35) e Pierre (31), ele não economiza elogios à família. “Eles são minha vida. Acho que o momento mais emocionante de minha vida foi o nascimento de meus filhos”, destaca.

– Você vive uma verdadeira maratona musical pelo mundo...

– É preciso muita disciplina, senão não dá para viver nesse métier. Me levanto sempre muito cedo. À noite, durmo, em vez de fazer outras coisas. Também faço jogging e bodybuilding, só para manter a forma.

– Apesar da experiência, ainda fica nervoso antes das apre-sentações?

– Sempre! Em todos os concertos. E acho necessário, se você não sente aquele friozinho, algo está errado.

– Porque agregar música clássica a outros elementos?

– Não suporto a religiosidade das pessoas quando assistem a um concerto. Se um tosse, tem uma certa agressividade do público. A música clássica, no entanto, é uma coisa formidável e meus concertos são para todos e não apenas para os eruditos. O importante é deixar falar o coração.

– Quais lembranças tem do tempo que morou no Rio?

– Jacques viajava bastante à Europa e, em uma visita à Maastricht, me convidou a ir ao Brasil. Foi uma época formidável na minha vida, pois não conhecia outro país. De repente você sai de uma cidade pacata e aterrissa no Rio de Janeiro! Foi uma outra vida. Para mim, foi o começo da minha vida profissional como músico. Jacques me ensinou muito e, todos sabem, ele era um gênio, na época um dos melhores pianistas do mundo.

– Apesar de conhecer o Brasil, este será seu primeiro concerto no país... 

– Além de morar, fui algumas vezes para fazer promoções, mas apresentação será a primeira. Graças ao contato com pessoas maravilhosas poderei fazer os concertos. E isso é uma gigantesca responsabilidade. 

– Acha que os cariocas sentirão pelo fato de não se apresentar no Rio?

– Paciência, paciência... Um dia, irei. Certeza. Simplesmente porque eu amo o Rio de Janeiro.

– Você tem uma forte relação com o Brasil. Isso se repete quando o assunto é futebol?

– Se tem uma coisa a que eu assisto muito é futebol. Aliás, é a única coisa interessante neste momento no mundo. Sério, gosto bastante e, claro, o futebol brasileiro é o melhor do mundo, mas os holandeses não ficam atrás.

– E para qual time torce?

– Ajax. E tenho uma história interessante com o clube. Foi por volta de 1995. Meu sucesso da época era a segunda valsa de Dmitri Shostakovich e me pediram para tocar durante o intervalo de partida do Ajax contra o Bayern, sinta o drama! Era um risco enorme. Se no intervalo o Bayern estivesse vencendo eu seria vaiado, mas como o Ajax estava bem o público todo começou a cantar comigo. Foi emocionante e, no dia seguinte, vendemos 200000 CDs.

– Qual o momento mais marcante de sua vida?

– Sem hesitar, o nascimento de meus filhos. Para o ser humano é a coisa mais bela.

– E sempre mantêm a discrição em relação à família… 

– É uma escolha nossa. Minha família é minha vida. Minha família é só para mim!