ATRIZ EXIBE O IMÓVEL QUE COMPROU COM O PRÊMIO DA CASA DOS ARTISTAS E BRINDA SUA VOLTA AO SBT
por Juliana Saboia
Não são apenas os janelões da década de 1960, o pé direito alto, os espaços amplos e integrados que saltam aos olhos de quem chega ao apartamento de 200 m2 de Bárbara Paz (31), no Centro de São Paulo. Além dos detalhes do prédio com vista para o edifício Copan - marco da arquitetura modernista paulistana projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer (98) -, a atenção volta-se para frases de autoria do poeta português Fernando Pessoa (1888- 1935), do escritor francês Marquês de Sade (1740-1814) e do dramaturgo americano Tennessee Williams (1911-1983). Todas escritas pela própria atriz nas paredes do imóvel comprado há três anos, com parte do prêmio de 300 000 reais que ganhou na primeira edição da Casa dos Artistas, reality show exibido pelo SBT, em 2001.
"Minha família não tinha cultura. Corri atrás. Bati na porta de grandes nomes da literatura porque sempre gostei de escrever", revela a gaúcha, feliz por estar de volta à emissora que a lançou ao estrelato, e na qual viverá a cabeleireira Inocência, na novela Cristal, com estréia marcada para 5 de junho. "É uma personagem muito safada, alegre, bem diferente da Marisol que fiz na novela de mesmo nome, em 2002. Darei o melhor de mim", diz ela, também escritora e pintora nas horas vagas, em entrevista exclusiva à CARAS.
- Foi difícil achar este imóvel?
- Demorei dois anos para encontrar um apartamento com a minha cara. Decidi asssim que bati o olho neste. A maioria dos artistas passa a vida inteira para se livrar do aluguel. Tive sorte.
- Por que morar no Centro ?
- Sempre sonhei morar no centro de São Paulo. Os apartamentos aqui são enormes. Circulo, gosto de ver a mistura de raças na rua. A confusão de alto-falantes me atrai. Aqui, sou igual a todo mundo. Adoro a Avenida São Luiz, os edifícios Itália e Copan.
- E a decoração?
- Nunca está completa. Casa é para ser construída com a vida, com o tempo, com a caminhada de cada um. Sempre trago algum objeto de viagem. Se algo especial aconteceu em uma cidade ou em um país, compro um santuário.
- Você é religiosa?
- Tenho fé, acredito em todas as religiões, em um Deus maior. Sou católica mas gosto do budismo. Buda, Nossa Senhora, até o poeta português Fernando Pessoa estão juntos no santuário ao lado da cama.
- Você também escreve, não?
- Escrever é uma necessidade. Preciso registrar o que pulsa dentro de mim. Minha família não tinha cultura. Então tive que correr atrás sozinha. Bati na porta dos grandes nomes da literatura porque sempre gostei de escrever. A leitura é fundamental para o auto- conhecimento, faz a gente saber mais da vida, saber mais da gente mesmo. O Pessoa, por exemplo, está sempre no subterrâneo da alma. E isso não tem nada a ver com tristeza. No entanto, consigo trabalhar o sofrimento por meio das palavras. Para mim, funciona como uma catarse.
- E a pintura?
- Comecei há 13 anos. Uso muito palavras na tela, não pesquiso nada. Geralmente pinto quando me sinto sozinha.
- Gosta de morar sozinha?
- É bom. Não tenho problemas com a solidão, às vezes ela é necessária. Mas prefiro viver com outra pessoa. A vida é feita para ser dividida. Nascemos sozinhos, mas estamos sempre na busca de alguém para aquecer nossos dias.
- Você ainda "fica" com Dalton Vigh, seu ex-namorado, com quem foi vista recentemente?
- Estou solteira e tranqüila. Namoramos por dois anos e meio.Temos muita afinidade, os mesmos ideais, a troca foi bacana. Somos amigos. O Dalton foi uma grande paixão. A "química" era forte! Ele é para sempre na minha vida.
- E você fica bem solteira?
- Não acredito em quem diz que é completamente feliz solteira. Gosto da liberdade de poder fazer o que quiser, mas prefiro estar com alguém. Porém, não procuro, deixo as coisas acontecerem. Enquanto o outro não vem, aproveito para me namorar, me alimentar de coisas bacanas. É um período de crescimento. A gente sempre esquece um pouco da gente quando está namorando. Um tempo sozinha é uma chance para se cuidar, curtir os amigos, ir mais ao cinema, ler, malhar, adoro sentir o meu corpo vivo.
- Como você define esta fase?
- Hoje sei o que quero. Estou centrada no trabalho. Como mulher me sinto mais bonita e resolvida. Não tenho medo de envelhecer. A mulher não precisa ser bonita e sim, interessante.
- Um sonho que falta realizar?
- Chegar onde cheguei já é um sonho. Vim para São Paulo há 13 anos para ser atriz e construir a vida. O que vier agora é lucro, não posso reclamar. Mas ainda tenho muitos sonhos. Um dia pretendo publicar um livro, mas não tenho pressa. E quero ter um filho. Serei uma boa mão, com certeza.