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Última entrevista de Cibele Dorsa a CARAS

Em 23 de fevereiro, quase um mês após a trágica morte do namorado, Gilberto Scarpa, Cibele Dorsa falou com o Portal CARAS sobre a dor e como estava tentando superar o drama; releia a última entrevista da atriz e escritora para CARAS

Redação Publicado em 26/03/2011, às 09h52 - Atualizado em 05/04/2011, às 13h19

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Cibele autografa a sua obra para amigos do casal - fotos: vivian Fernandez
Cibele autografa a sua obra para amigos do casal - fotos: vivian Fernandez
Última entrevista de Cibele Dorsa a CARAS Leia, abaixo, a última entrevista que a atriz e escritora Cibele Dorsa deu à CARAS Online quase um mês após a morte do namorado, o apresentador Gilberto Scarpa, em 30 de janeiro, na qual já demonstrava toda a tristeza que a abateu e que, na madrugada de hoje, terminou com um triste desfecho: a própria morte. Veja a entrevista completa, realizada pela repórter Karen Lemos, publicada em 23 de fevereiro: - Como Gilberto estava naquela noite? - Desde o lançamento do meu livro [5:00 da Manhã] Gilberto estava muito estranho. Ele demonstrava muita insegurança em relação a mim. Estava triste, eu perguntava o que era, mas ele não dizia. Sempre me perguntava por que eu não casava com ele logo, se eu não amava o suficiente. Respondia que casaria com ele caso largasse as drogas. Ele tinha um sério problema com cocaína. A partir daquele dia, Gilberto começou a beber muito e dizer coisas estranhas do tipo 'agora você vai conhecer gente interessante, esse livro vai te lançar, vai mudar sua vida'. - Ele já tinha ameaçado tirar a própria vida? - Já sim. No dia do suicídio, mais cedo, ele ameaçou. Carmem, minha cunhada, estava aqui em casa e teve uma briga com o Gilberto. Ele ficou descontrolado, jogou as coisas da minha cunhada pela janela e tentou expulsá-la do apartamento. Eu falei para ele que aquilo era se jogar num abismo e, então, ele respondeu: 'às vezes é bom se jogar do abismo'. Depois disso Gilberto resolveu fugir e minha cunhada chamou a polícia. - Você sabia onde ele tinha ido? - Sabia porque ele me ligou. Ele foi atrás de drogas e no telefone avisou que iria se drogar até se matar. Fiquei desesperada! Felizmente a polícia o encontrou e todos nós fomos parar na delegacia. Gilberto me parecia muito normal e pedi que o liberassem para que voltássemos para casa. Queria acabar com aquela confusão toda. Mas, ao chegar em casa, ele estava mais descontrolado e agitado do que nunca. Chegamos e brigamos por isso e ele, que nunca tinha me agredido antes, me mordeu no olho! Fiquei chocada e revidei com um soco para me defender. - Esse foi o estopim? - O problema é que ele queria se drogar de qualquer jeito naquela noite. Depois da briga, colocou na cabeça que iria sair à procura de drogas. Eu tentei impedir dizendo que, se ele saísse, não casaria mais com ele. 'Você vai casar e ter filhos com a cocaína', eu disse. Gilberto questionou se eu não acreditava no amor dele e eu respondi que não. Depois eu lembro que ele prometeu que iria me provar e, dito isso, saiu correndo e pulou pela janela. - Qual foi sua reação? - Fiquei descontrolada! Cai no chão, gritei e chorava porque não acreditava naquilo. Desci correndo pelo elevador e encontrei o Gilberto estirado no chão, com os olhos abertos e ainda com pulsação. Pensei que ele fosse se salvar. Quando os policiais chegaram, tentaram reanimá-lo, mas me disseram que estava morto. Eu estava anestesiada. Subi, peguei minhas coisas e os documentos do Gilberto, e vesti uma roupa preta. Já me sentia de luto quando fui para a delegacia. Fiquei detida uma noite na delegacia como suspeita. Só fui liberada quando o laudo do IML acusou suicídio. Minha cunhada e meu sogro, Gilberto Balsamo Scarpa, foram me buscar. De lá fomos para o velório em Campinas. Foi íntimo, só chamamos familiares e pessoas próximas. Passei muito mal ali, tive crise de desmaios e por vezes pedi a Deus para ir junto com meu noivo. O que me ajudou foi a mão de minha cunhada e de meu sogro, que não me soltaram durante o velório e o enterro. - Sabia dos problemas do Gilberto com as drogas? - Quando o conheci, já sabia que ele tinha problemas com drogas. Ele já ficou um ano internado em clínica de reabilitação. Nos últimos anos ele estava se recuperando, tínhamos uma vida normal. No meio do ano passado ele teve uma recaída e eu disse que não ficaria com ele se ele não largasse o vício. Evitava sair com o Gilberto porque ele sempre encontrava amigos da noite que lhe forneciam drogas. Tentei salvá-lo; pelo fato de ter visto o Tiago morrer daquela maneira no acidente, tinha vontade de salvar uma vida, me apeguei na causa do Gilberto. Pela primeira vez eu estava feliz desde o acidente. - Como está sua recuperação? - Não vou dizer que eu não choro mais. Às vezes me pego vendo fotos nossas e choro muito. Depois do enterro, comecei a tomar remédios fortes para dormir, porque não conseguia mais pegar no sono, não conseguia mais falar. Aos poucos, fui melhorando, diminuindo a dosagem dos remédios e o Doda Miranda [cavaleiro e medalhista olímpico, ex-marido de Dorsa] contratou um serviço de homecare para que eu me sentisse melhor e o mais apoiada possível. Mesmo de longe, ele fez de tudo. - Onde você encontra forças para superar o que aconteceu? - Estou me apoiando no teatro. Estou ensaiando seis horas diárias para estrear a peça As Princesas do Castelo Encantado e isso está me levantando. Esqueço de tudo quando estou no palco. É uma forma de suavizar meu luto, sinto uma energia gostosa que é a troca do público que me dá forças.