Soraya Ravenle: uma família em harmonia

O encontro de Soraya Ravenle (51) com o ex-marido, Isaac Bernat (53), e a filha deles, Julia Bernat (24), municia qualquer um de bom humor. Com piadas e carinho, o trio de artistas mostra que é possível manter intacta a cumplicidade, o sentido de família, apesar dos rompimentos. E ri enquanto vai desfiando acontecimentos recentes, entre eles a indicação de Julia ao Prêmio Shell, na categoria Atriz, pela peça E Se Elas Fossem para Moscou? “É sempre assim, a gente se zoa muito. É um esporte. Mas, agora sério, vivemos a arte o tempo todo, é um cotidiano nosso, trocamos muito”, conta Soraya, em sua casa, no Rio. “Ei, esse sino era da minha mãe?”, pergunta, subitamente, o ator, olhando para o objeto na cozinha americana. “Pois é, ficou comigo”, responde tranquilamente a cantora, bailarina e atriz. O casal se separou quando a filha tinha 11 anos, após 14 de união. Isaac, agora, está casado com a atriz Letícia Isnard (39) e vai ser pai pela segunda vez. Teresa deve nascer em dezembro e a madrinha já foi escolhida... “Soraya vai ser ótima madrinha, as crianças a adoram. Com Julia, foi uma mãe fantástica”, elogia. Essa grande parceria abarca ainda o campo profissional. Após 15 anos sem participar de produções para crianças, Soraya vira a Mulher Barbada, sob a direção de Isaac, no infantil Lili – Uma História de Circo, em cartaz no Rio até 21 de setembro. “Faço uma homenagem, através da voz, a Dalva de Oliveira, às irmãs Batista, a Isaurinha Garcia. Compus a personagem pensando nelas, interpreto as músicas como as antigas cantoras de rádio”, diz ela. Outro projeto envolvendo ainda a filha vem sendo arquitetado a três: viver uma família no palco em Cara de Fogo, do alemão Marius Von Mayenburg (42). “Tenho uma grande vontade de que aconteça. Eu e meu pai já dirigimos minha mãe no duo com Marcelo Caldi Entre o Espanto e a Ternura, mas nunca estivemos os três juntos em cena”, torce Julia.

– Como manter tanto afeto e união mesmo após a separação?

Soraya – Quando a separação acontece, nada é tranquilo. O que temos juntos, agora, é fruto de uma reconstrução da nossa relação de outra maneira, sem destruir o que já existiu. Isso só é possível porque Letícia abriu a porta para mim, tivemos simpatia imediata. Precisa haver disponibilidade de todos os lados e, assim, tudo se torna muito mais fácil, agradável e feliz.

Isaac – Soraya e Letícia ficaram muito amigas. Há três anos e meio, quando comecei a namorá-la, Julia passou a morar comigo. Todos nos damos bem. Sou feliz de ser amigo de Soraya, torcemos um pelo ou- tro. Já havíamos trabalhado juntos em Boca de Ouro, em 1988, e em Pirandello Nunca Mais, de 1994. Em Lili, agora, ela ajudou muito, sabe tudo de musicais, foi parceira, deu respaldo ao elenco também.

– Por que montar Lili?

Isaac – Quando Soraya estava grávida da Julia, não podia atuar. Então, trabalhou na parte administrativa da peça. Assisti e fiquei encantado com o espetáculo, com texto da Lícia Manzo e músicas do Eduardo Dussek. Há uns quatro anos, pensei: por que não remontá-lo? Queria Julia como Lili, mas por conta dos seus compromissos profissionais, não pôde aceitar

– Julia, houve pressão para você se tornar atriz?

– Dos meus pais, nunca, mas as pessoas da vida faziam. E, quando me perguntavam se seria atriz, não tinha resposta. Na verdade, sempre gostei, estou feliz com o caminho. Nunca idealizei a profissão, botei o pé no palco com 4 anos, mas profissionalmente apenas com 17, em A Noviça Rebelde. Era muito boa aluna e pensava em estudar Relações Internacionais. Mas optei por fazer Artes Cênicas. Agora, estou escrevendo a monografia.

– E a chegada de Teresa?

Isaac – Vai ser especial ter outra filha, e com a Letícia, que é maravilhosa. Tive Julia com 29 e Teresa nascerá quando estiver com 54. É grande incentivo para me cuidar.
Soraya – Teresa vai ganhar as roupinhas que foram de Julia!
Julia – Vai ser o máximo para a família ter uma criança. Serei quase tia da minha irmã. É uma situação única!