Em entrevista à CARAS Brasil, Mestre Ivamar, Popó de Amor Perfeito, ainda destacou a importância das mudanças sociais
Em seu primeiro papel em novelas, Ivamar Santos, conhecido como Mestre Ivamar (65), empresta o zelo e respeito que guiaram sua trajetória para viver a história de Popó, concièrge de Amor Perfeito. Agora, nas telas da Globo, o pesquisador e ativista pretende usar a visibilidade para fortalecer novos talentos e também contribuir com as mudanças sociais vistas nas últimas décadas.
"É muito interessante [ver] como as pessoas se identificam com esse personagem. Esse espaço na mídia é uma conquista que veio com muito tempo, uma trajetória. Não foi fácil. [Busco entender] de que forma eu posso contribuir para esses núcleos com a minha imagem", reflete o ator de Amor Perfeito, em entrevista à CARAS Brasil.
Para Ivamar, a maior representatividade nas novelas da emissora é uma mudança que acontece em conjunto com outras transformações na sociedade, que caminha para a construção de um país mais humano. Vindo dos teatros, o ator ainda diz ter sentido falta da plateia ao chegar na TV, porém, encontrou o afeto ao ser reconhecido pelos fãs e enxergar seu papel como representativo.
"Hoje estamos vivendo em uma sociedade que não dá para discutir um tema. A questão racial não é importante [apenas] para o negro, mas para a sociedade. Quando eu olho a televisão, eu não olho como um fato isolado. Vejo uma mudança social. O representar se tornou um projeto de mudança", acrescenta. "Estamos vivendo uma época completamente diferente."
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Nascido no bairro da Penha, zona leste de São Paulo, o ator de Amor Perfeito viveu por mais de 20 anos em Macapá, capital do Amapá, trabalhando com os quilombos da região. Ivamar recebeu o convite para Amor Perfeito através de Chico Accioly, produtor da Globo, que o encontrou na capital amapaense. "O Popó tem um pouco de cada Mestre e de cada Mestra [da comunidade]."
Ativo no Movimento Negro desde 1970, o artista também viveu por quatro anos na Angola e participou da Conferência de Durban, na África do Sul, promovida pela ONU contra o racismo e a xenofobia. Desde que voltou ao Brasil, o trabalho de ensino da história da África, da música e da cultura dos quilombos e marajás do Amapá faz parte de sua vida.
Hoje, além da televisão, ele trabalha com o projeto Zumbi Jogava Xadrez e também faz parte do Coletivo Amazonizando, que leva pelo Brasil as tradições quilombolas dos povos da Amazônia Amapaense. Para o futuro, Ivamar pretende continuar com o trabalho de fortalecer o talento dos povos quilombolas e de unir artistas de várias regiões, através de seu papel.
Além disso, ele também conta ter sido convidado para trabalhos fora do Brasil, na Alemanha e em Portugal. Porém, o artista afirma que talvez os projetos no exterior precisem esperar, pois está aberto a possibilidades de continuar trabalhando na televisão.
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