ENTREVISTA

Michelle Rodrigues, de Vale dos Esquecidos, leva teatro francês para os palcos brasileiros: 'Desafio'

Em entrevista à CARAS Brasil, Michelle Rodrigues, que esteve na série Vale dos Esquecidos, fala sobre novo trabalho no teatro com espetáculo tragicômico

Bárbara Aguiar, sob a supervisão de Arthur Pazin
Michelle Rodrigues em A Farsa do Olho Traído - Créditos: Thiago Freire/Biscuvita Produções

Após encarnar Dalva em Vale dos Esquecidos, primeira série de terror brasileira da HBO Max, a atriz Michelle Rodrigues volta aos palcos com o espetáculo A Farsa do Olho Traído, que estará em cartaz até dia 27 de outubro em São Paulo. Em entrevista à CARAS Brasil, ela comenta sobre suas experiências no teatro de horror e revela inspiração no teatro francês para espetáculos em palcos brasileiros: "Desafio", comenta.

O estilo Grand Guignol

Apesar de ser pioneira, Vale dos Esquecidos não foi a primeira experiência de Michelle com o terror. A artista revela que, desde 2012, integra a companhia de teatro e cinema Vigor Mortis, que se inspira na linguagem do Grand Guignol, comum na região de Pigalle, em Paris.

O estilo, segundo a intérprete, é marcado pela "especialização em espetáculos de horror naturalista, com histórias macabras e sangrentas". Michelle explica, ainda, que a Vigor Mortis é destaque no uso da linguagem no Brasil: "A única companhia do Brasil que trabalha nessa estética de Grand Guignol e a mais antiga ainda em atividade do mundo", diz.

As experiências da atriz nos espetáculos da companhia foram importantes na sua trajetória como intérprete de obras de terror e, como ela conta, a auxiliaram a se capacitar para conquistar o papel na série da HBO Max. Foi em uma das apresentações da peça A Macabra Biblioteca do Dr. Lucchetti, produzida pela Vigor Mortis, que o produtor de elenco de Vale dos Esquecidos, Felipe Vidal, descobriu Michelle e a convidou para os testes.

Desafios do terror

Um dos desafios destacados pela atriz em seu trabalho em produções que mergulham no terror é entregar uma interpretação genuinamente verdadeira e natural. "Cenas de luta, morte e dor sempre são um ponto alto que precisam ser estudadas e ensaiadas com cuidado, para não parecerem farsescas", explica.

 

Diferente da série, onde a intérprete vivia uma personagem ingênua, com princípios e de caráter, em A Farsa do Olho Traído o papel é de uma mulher manipuladora, fria e narcisista. Além de trazer o macabro da linguagem Grand Guignol, a peça apresentou um novo desafio à Michelle: unir o terror com a comédia em um espetáculo tragicômico.

"O espetáculo é uma junção de Grand Guignol com palhaçaria. O terror e a comédia são separadas por uma linha muito tênue, e é uma delícia andar por ela", compartilha a artista, que chegou a realizar um curso de palhaçaria para dar vida à personagem dos palcos, Roberta. "O curso de palhaçaria com a Trupe de Festim, companhia que faz parte da collab na peça, me ajudou a dar o toque cômico que o espetáculo precisava", diz.

A versatilidade como artista

Além de atriz, Michelle também é aderecista, cenógrafa e efeitista. A multiplicidade de formações, segundo ela, é muito positiva para sua carreira. "Saber como as coisas funcionam por trás das câmeras e nas coxias faz com que a imersão profissional seja maior, trazendo, assim, mais qualidade para quem assiste", conta.

Durante os 17 anos de carreira, a intérprete já teve experiências em todas as áreas e se aventurou pelo cinema, streaming e até publicidade: "Tudo que fiz até hoje faz parte do meu crescimento como artista. Cada trabalho, por menor que seja, tem uma função muito importante no meu caminho".

 

Entre os trabalhos que encabeçam a lista de produções que marcaram sua trajetória artística, ela destaca A Macabra Biblioteca do Dr. Lucchetti, Vale dos Esquecidos e a atual A Farsa do Olho Traído, que consagra o retorno dela ao teatro: "Tem um lugar cativo no coração", compartilha.

Com a chegada do fim das apresentações de A Farsa do Olho Traído, Michelle se prepara para participar do espetáculo em comemoração aos 27 anos da Vigor Mortis, que ocorrerá no antigo IML de Curitiba e já conta com todos os ingressos esgotados. "Temos um público sedento esperando por essa temporada", conclui.

Leia também: Michelle Rodrigues desabafa sobre diagnóstico da colega de elenco de Vale dos Esquecidos: "Nenhum indício"

Bárbara Aguiar, sob a supervisão de Arthur Pazin

Bárbara Aguiar é jornalista em formação pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Amante de atividades culturais e entretenimento, ela escreve para a Caras, Contigo! e atua como diretora de Comunicação Visual na Jornalismo Júnior da ECA/USP.

Teatro Michelle Rodrigues Vale dos Esquecidos Grand Guignol

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