ENTREVISTA

Luana Xavier brilha em Pequeno Manual Antirracista e confessa: ‘Fui enganada’

Em entrevista à CARAS Brasil, Luana Xavier, estrela do monólogo Pequeno Manual Antirracista, fala sobre combate ao racismo e espetáculo

Tábata Santos e Bárbara Aguiar, sob a supervisão de Arthur Pazin

por Tábata Santos e Bárbara Aguiar, sob a supervisão de Arthur Pazin

Publicado em 27/11/2024, às 17h30

A atriz Luana Xavier - Foto: Douglas Jacó

Nesta quarta-feira, 27, acontece a estreia do monólogo Pequeno Manual Antirracista, no Teatro Nair Bello, em São Paulo. Com texto adaptado e direção de Aldri Anunciação, a atriz Luana Xavier é a grande estrela do espetáculo que marca a sua estreia em um monólogo. Em entrevista à CARAS Brasil, a artista fala sobre combate ao racismo, expectativas e confessa que foi enganada para encarar o desafio.

Leia a entrevista na íntegra 

Adaptação da obra de grande sucesso de Djamila Ribeiro 

"Eu acho que nosso maior trunfo na versão teatral é termos uma professora como condutora dessa história, porque eu não tenho dúvidas de que só através da educação conseguiremos atingir a tão sonhada sociedade igualitária." 

Primeiro monólogo de sua carreira

"Eu digo que eu fui enganada rs Porque quando Aldri me convidou pra fazer a peça eu não tinha entendido que era monólogo. Só entendi na nossa primeira reunião presencial. Primeiro fiquei assustada, mas hoje posso dizer que essa troca direta com o público, cara a cara, é uma honra imensa. Acho que a grande questão em um monólogo é que se você esquecer o texto, não tem ninguém pra te salvar (risos)."

 

"Mas ao mesmo tempo, a gente tem uma maior possibilidade de experimentar. Eu testo entonações diferentes, respiro em um momento diferente, e posso fazer isso com tranquilidade, porque não atrapalharei a cena de ninguém. E como o teatro é 'vivo', eu posso brincar com temperaturas de atuação de acordo com a plateia daquele dia. E isso é mágico demais. "

Relação de arte e educação 

"A arte salva vidas. Eu não tenho dúvidas. Conseguir dar um recado importante através de uma ferramenta artística como é o teatro, nos dá a possibilidade de atingir de forma profunda os espectadores. Pode ser que a pessoa não se sinta impactada pela peça inteira, mas com certeza irá refletir sobre alguma das falas. E esse é nosso grande objetivo, provocar a reflexão, nem que isso tenha que acontecer através de um certo desconforto." 

A importância da representatividade

"Para combater o racismo precisamos (dentre outras coisas) de pessoas pretas ocupando todos os espaços. Porque a sociedade precisa se acostumar a ver pessoas pretas em diferentes lugares e não só em posições de subserviência. Esse é um grande diferencial da nossa produção. E eu dou um valor gigante a iniciativas como essa."

Desafios do espetáculo

"Acho que o texto do Aldri traz uma influência até do mundo de 'clown'. Porque no universo do palhaço existe essa mecânica de ir do riso ao choro em tempo recorde. E isso acontece algumas vezes nessa peça. Em um momento a professora Bell tá super feliz, gargalhando e de repente ela já está assustada e com os olhos marejados de pavor. Mas confesso que ao mesmo tempo que é difícil realizar essas mudanças bruscas, o texto e a condução assertiva da direção facilitam muito esse processo. Foi uma construção de personagem minuciosa e coletiva. Hoje a professora Bell já é quase meu alter ego (risos)."

De que forma a montagem contribui para a luta contra o racismo

"Reflexão. Se a cada plateia que assistir essa peça, pelo menos metade sair dali refletindo sobre suas atitudes diárias na perspectiva de combate ao racismo eu já me sentirei vitoriosa."

Reaproximação com o teatro

"O audiovisual foi tomando conta da minha vida, principalmente como apresentadora e acabei não me envolvendo em nenhum projeto de teatro. Mas o palco é definitivamente o meu lugar no mundo. Tô muito feliz de ter retomado minha conexão com essa arte milenar."

Planos futuros

"Eu precisarei parar um tempinho com a peça , mas é um período curto, porque tenho uma intervenção cirúrgica simples pra fazer, mas como a peça me exige muito fisicamente, então terei que dar essa pausa. Mas logo depois quero retomar a peça porque temos vontade de fazer uma turnê nacional com o Pequeno Manual. E a minha luta fora dos palcos acontece desde o momento em que acordo, porque a maior luta de uma pessoa preta no Brasil é sobreviver."

O monólogo Pequeno Manual Antirracista, fica em cartaz no Teatro Nair Bello, no Shopping Frei Caneca até o dia 29 de novembro, e marca a primeira adaptaçào de uma obra de Djamila Ribeiro para o teatro. 

Tábata Santos e Bárbara Aguiar, sob a supervisão de Arthur Pazin

Tábata Santos é apaixonada pelo universo cultural. Adora música, teatro, livros e cinema. A escrita faz parte da sua vida e escrever para a Caras e a Contigo é um aprendizado e inspiração constante.

Luana Xavier Pequeno Manual Antirracista

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