Em entrevista à CARAS Brasil, Cassio Scapin falou sobre ressuscitar o icônico Odorico Paraguaçu em 'O Bem Amado Musicado'
Cassio Scapin (58) vem se consagrando na pele de Odorico Paraguaçu em 'O Bem Amado Musicado'. O ator encerra sua apresentação na terceira temporada da peça dirigida por Ricardo Grasson no próximo domingo, 30, no Teatro FAAP, em São Paulo (SP), após ressuscitar o político criado por Dias Gomes (1922-1999).
Em entrevista à CARAS Brasil, Scapin fala sobre a crítica política atemporal do espetáculo, escrito em 1962, e levado ao público 61 anos depois sem adaptações, e revela o desejo de uma nova temporada de 'O Bem Amado Musicado', que já foi apresentado duas vezes em São Paulo e uma em Curitiba (PR).
"A obra original é de uma dramaturgia muito boa. Pela formação cultural e o período histórico de Dias Gomes, ele teve uma influência muito forte do teatro brechtiano, com personagens muito bem desenhados, então você não precisa se desdobrar muito", ressalta Cassio Scapin, que ficou eternizado na memória do público como o Nino da série infanto-juvenil 'Castelo Rá-Tim-Bum' (1994-1997).
O ator conta que por conta dessa essência, nesta adaptação, as atualizações se resumiram, principalmente, à parte musical - que conta com canções de Zeca Baleiro (57) e Newton Moreno (55) e com direção musical de Marco França (46) - e estética. "Vemos a radicalização dos personagens, ou seja, um desenho muito mais forte pra dizer o que significam", explica Scapin, que lembra que na telenovela de 1973 da Rede Globo o tom adotado é mais "naturalista".
"Foi uma opção da direção fazermos uma coisa mais desenhada, quase como um teatro de rua, de cordel, e isso muda bastante como a gente emposta, conduz o personagem, a encenação de uma forma geral", analisa.
Segundo Cassio Scapin, a ideia de 'O Bem Amado Musicado' nasceu durante a pandemia do coronavírus. Durante uma entrevista on-line, o ator foi questionado se havia algum personagem conhecido que ele ainda não havia feito e que gostaria de interpretar. Foi quando ele mencionou a icônica obra de Dias Gomes por achá-la "pertinente para o momento histórico do país".
"O Grasson [ diretor da peça] ouviu a entrevista e me ligou 15 minutos depois perguntando se eu topava fazer. Sou sagitariano, falei 'vamos' e aí partiu esse primeiro impulso, procuramos um produtor e tocamos o projeto, que contou com a reunião de atores individuais, todos com trajetória particular importante", relembra Scapin.
O ator acumula também em sua trajetoria a interpretação de diversos figurões reais da história como Santos Dumont (1873-1932) na minissérie 'Um Só Coração' (2004), na peça 'Além do Ar' (2019' e na série documental 'Santos Dumont, um Inventor por Esporte' (2023); Friedrich Nietzsche (1844-1900) na peça 'Quando Nietzsche Chorou' (2006); Salvador Dalí (1904-1989) na peça 'Histeria' (2016); e Olavo Bilac (1865-1918) na minissérie 'Amazônia' (2007).
Para ele, fazer "figurões" lhe propicia uma distância que permite "escapar de si mesmo". "Eu gosto de ser ator e o que eu gosto é de ficar longe de mim", destaca Cassio Scapin, que torce para uma nova temporada do espetáculo. "Tenho o desejo e a intenção de outra temporada. Esperamos conseguir possibilidades de leis de incentivo", afirma o ator, que caso não siga com uma nova leva da saga de Sucupira, deve retornar com a comédia teatral 'Sylvia' no final do ano. Fora dos palcos, Cassio Scapin, se prepara para rodar um filme nos próximos meses.
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