Entrevista

Paula Burlamaqui celebra sua melhor versão: ‘Sou empoderada'

Sincera diante do enfrentamento do tempo, a atriz Paula Burlamaqui se diz mais segura e seletiva nas relações

por Tamara Gaspar

tgaspar@caras.com.br

Publicado em 24/12/2023, às 20h00

Paula Burlamaqui em entrevista na Revista CARAS - FOTOS: VIRNA SANTOLIA

Para Paula Burlamaqui (56), o tempo é como uma balança – com nuances positivas e negativas –, cujo maior desafio é encontrar um ponto de equilíbrio. “Envelhecer é uma controvérsia! Ao mesmo tempo que acho horroroso e não nego isso, fiquei mais calma, segura, já não tenho mais a ansiedade da juventude. Ainda assim, sinto muito esse processo, porque você perde o viço da pele, já não tem tanta
energia para fazer as coisas, é uma batalha!”, admite ela, sem meias-palavras, durante conversa exclusiva com CARAS. Apesar dos embates cronológicos, Paula gosta de sua atual versão. “Eu me sinto mais empoderada e me acho muito mais interessante em todos os sentidos, eu só queria ter um pouco mais de colágeno!”, brinca a atriz, no ar com a global das 6, Elas por Elas.

– Quando começou a perceber esse processo do tempo?

– Foi depois dos 40 anos. E foi bem pontual! Entrei no chuveiro e não consegui enxergar o que era xampu e o que era creme, porque estava com a vista cansada. Aquilo foi marcante!

– Você luta contra isso?

– Luto com todas as minhas armas. Não aguento mais ir à academia todo dia, mas ainda assim vou com frequência. Vou ao dermatologista, tenho uma alimentação saudável e já não pego sol como pegava antes...

– As mulheres têm falado sobre a questão do envelhecimento. Vê como uma quebra de tabu?

– Eu sempre fui muito espontânea, de falar o que penso mesmo que não fosse agradar às pessoas. Acho que os tempos estão mudando e aquilo que não se falava antigamente, hoje, se fala. Não é necessariamente uma quebra de tabu, mas uma evolução da espécie humana, são as mulheres ganhando mais espaço, e a tendência é isso se ampliar cada vez mais.

– Falar o que pensa, ser sincera... isso te ajuda ou atrapalha?

– Nunca me atrapalhou, ao contrário, me ajudou. Tenho amigos que ligam e dizem que sou a única que vou dizer a verdade para eles.

– A maturidade te deixou uma pessoa mais seletiva?

– Muito mais seletiva, não só nas relações afetivas, mas nas amizades também. Para me tirar de casa e ter minha companhia tem que ser uma pessoa que valha muito a pena, senão, prefiro ficar com meus cachorros e gatos.

– Hoje, o que você procura em uma relação a dois?

– Eu busco o companheirismo, uma pessoa calma, um cara inteligente, gentil, porque a parte boa de não estar sozinha é justamente ter uma companhia para ir ao teatro, sair para jantar, ir à casa dos amigos. Hoje, não ligo tanto para essa coisa da aparência.

– Por falar nisso, e o coração?

– Estou namorando e é bem recente, tem uns cinco meses.

– Você não teve filhos. Em algum momento houve cobranças?

– Fiquei muito tempo com uma pessoa e não engravidei. Depois, acho que não tive parceiros com os quais eu idealizasse construir uma família. E aí o tempo passou! Mas tenho meus dois cachorros e quatro gatos e não me sinto só. Quem tem animal tem um amor.

– O tempo trouxe mudanças na vida pessoal. E na profissional?

– São 36 anos de carreira. No início, eu era muito insegura, mas com o tempo, a prática e o estudo — eu sempre estudei muito —, fui ganhando confiança.

– É uma carreira difícil?

– Sim! Não sei comparar com outras, mas na carreira artística, para você trabalhar, precisa sempre da aprovação de muita gente. O produtor, o diretor, o autor, é muita gente para decidir seu destino, mas foi isso que escolhi. Tenho percebido que, quando você vai ficando mais velha, os papéis na TV e no cinema vão diminuindo. No teatro é mais fácil. Mas isso não me chateia, é a realidade. Ainda estou com gás para fazer as coisas em que acredito. Acho que os convites devem ficar cada vez menores, mas se me chamarem eu vou. Lá na frente, quem sabe, eu abra alguma coisa relacionada aos pets, para manter a cabeça ativa.

– Você é uma sex symbol de sua geração. As pessoas confundiam imagem e talento? Teve que provar algo para seguir em frente?

– Nunca senti isso, pelo contrário, vim de um concurso de beleza, o Garota do Fantástico, que me abriu portas de uma maneira absurda. Acho que tive essa facilidade, porque sempre estudei, fiz teatro.

– Arrepende-se de algo?

– Não me arrependo de nada! Eu gosto tanto do meu ofício, que tenho prazer em tudo que faço. Fiz peças que foram um fracasso absoluto, mas ainda assim gostava de estar em cena, não desanimava.

– O que espera de 2024?

– Estou produzindo duas peças, uma delas é um monólogo sobre envelhecimento, que ainda não tem nome. Já que está difícil isso, resolvi escrever sobre o tema!

FOTOS: VIRNA SANTOLIA; STYLING: SAMANTHA SZCZERB; MAKE: ALINE ZELENKA E AGRADECIMENTOS: CASA JULIETA DE SERPA, NAYANE, RAFFER, POWERLOOK E GUTÊ

 

Tamara Gaspar é subeditora da revista CARAS e CONTIGO! Novelas. Formada em Jornalismo e Letras, possui extensão em Teoria da Comunicação e é especialista em monarquia. Escreve sobre celebridades, realeza, TV e novelas.

Paula Burlamaqui entrevista

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