ATRIZ E HUMORISTA

Maria Clara Gueiros reflete sobre síndrome do ninho vazio e fala da vida fora da Globo: 'Um baque'

Maria Clara Gueiros está em cartaz com a comédia Agora É Que São Elas e reflete sobre a síndrome do ninho vazio em entrevista à Revista CARAS

Atriz é casada com o músico e escultor Edgar Duvivier - Foto: Marcio Farias

Em cartaz nos palcos cariocas com a comédia Agora É Que São Elas, Maria Clara Gueiros (59) explora, mais uma vez, a faceta que a consolidou na carreira: a de humorista. Só que agora, ao lado de Júlia Rabello (42) e Priscila Castello Branco (35), ela aposta na questão de gênero e se transforma em vários personagens, femininos e masculinos. “A gente abriu sessão extra já na segunda semana, eu nunca tinha passado por esse sucesso”, celebra a artista, que é dirigida por Fábio Porchat (41).

Conhecida pelos bordões que emplacou na TV Globo — entre eles o ‘vem cá, te conheço?’ —, a atriz revela como encarou a nova realidade após o término do contrato com a emissora, conta que está passando pela síndrome do ninho vazio, desde que os filhos, João (30) e Bruno (27), foram estudar fora do País, e que a receita de seu casamento com o músico e escultor Edgar Duvivier (69) é simples: cada um ter a sua casa.

Bem resolvida, ela ainda encara com tranquilidade a proximidade dos 60. “Vou me reconstruindo em cima da idade que tenho”, diz ela, em bate-papo com CARAS em seu apartamento carioca.

– Como tem sido fazer o espetáculo com as meninas e o Fábio?

– Eu já amo trabalhar e trabalhar fazendo comédia, no teatro e com essa equipe é um presente. A gente tem um espírito de família, é uma vontade de estar junto, de se conhecer, dividir a cena com amizade, com respeito e isso é tão difícil de acontecer.

– Por ser humorista, sente que as pessoas têm a expectativa de que você seja sempre engraçada?

– O humor é um olhar, você olha o mundo pelo viés do humor e isso não quer dizer que a gente está sempre bem-humorado. Eu sou muito focada e muito séria. Acho, inclusive, que as pessoas que ficam fazendo graça o tempo inteiro tendem a ser cansativas. O humor é um estado de espírito, mas a gente tem que poder ter disponibilidade para falar sério, senão fica aquela pessoa fazendo piada e uma hora dá vontade de falar ‘Chega! Parou! Concentra!’. E tem tanta coisa séria para falar no mundo. Eu sou focada, sou séria na minha personalidade, mas eu tenho uma preocupação de sempre botar um bom humor, uma alegria nas coisas que faço.

– Antes de ser humorista, você é atriz. Gosta de outros gêneros? Tem vontade de fazer drama?

– Adoro! Eu amo a coisa da pesquisa do ator, sou muito observadora, eu gosto de construir novas pessoas e poder usar do arcabouço interno que tenho. Eu tenho vontade de fazer drama, adoro. Acaba que sou 99,9% das vezes chamada para fazer humor. Mas isso me alegra, porque eu acho que tenho muito humor para mostrar e considero que é como na medicina, que tem médicos especialistas, né? Eu me sinto especialista no humor, é uma técnica diferente, uma maneira de ver o mundo diferente, de abordar os personagens, o texto, então para mim é uma honra.

– Foram 17 anos na TV Globo, uma vida!

– Sim! Olha que círculos engraçados, eu já tinha 17 anos de carreira quando fui para o Zorra Total. Eu fazia teatro, estava naquele momento de ‘não sei mais o que tenho que fazer para dar uma virada’, porque estava feliz, fazendo teatro sem parar, mas não conseguia me sustentar com a profissão. Sou psicóloga de formação, mas não exerci a Psicologia, eu fazia bolo para ter uma renda por fora e tive um ex-marido fantástico — Bernardo Jablonski, ator e diretor — que me bancava e eu podia me dar ao luxo de não me sustentar do meu trabalho. Só que a gente quer ter essa realização também e quando você vai para a TV atinge um número absurdo de pessoas, então foi ali que apareci para o grande público e me consolidei.

– Foi um susto quando esse contrato chegou ao fim?

– Deu um sustinho sim, porque foram 17 anos e a TV Globo é uma empresa mãe para a gente. Eu não parei de trabalhar lá, os projetos todos eram legais, eu praticamente emendei um no outro e você está ali no baralho deles. Quando você vai para uma carreira solo, você que é dono da sua carreira, você tem que se vender. Durante 17 anos eu estava na melhor situação possível, tranquila, porque tinha salário, plano de saúde, todos os direitos, feliz e só fazendo coisa legal. Mas, dado que era uma situação que tinha que acontecer, porque a emissora está reestruturando o esquema deles, eu me adaptei superbem e, menos de dois meses após ter acabado o meu contrato, eu já estava trabalhando em outras coisas. E como não paro de fazer teatro, estou sempre na ativa e quero continuar assim para sempre.

– Onde a Psicologia entra?

– A Psicologia é uma paixão porque eu adoro gente, adoro conversar, ver as pessoas interagindo comigo, com as outras, eu sou uma observadora profissional. Eu escolhi a Psicologia porque sou assim e acho que o trabalho de atriz também tem a ver com isso, uma coisa complementa a outra.

– Seu filho Bruno segue seus passos na arte. Teve um incentivo da sua parte?

– Não incentivei e nem desincentivei, foi natural e ele descobriu no tempo dele. Ele foi para o Tablado, que é a nossa casa, o pai dele era professor do Tablado e ele nunca tinha se interessado em fazer. O pai teria o maior orgulho em vê-lo no teatro, mas ele só foi fazer depois que o pai morreu. Acho o máximo, porque eles foram criados na coxia. Ele, agora, estuda teatro corporal em Paris.

– Como você fica longe dele?

– O ninho ficou vazio. Eu sou muito ligada nos meninos, mas se eles estão bem, eu estou bem. Fico feliz com as conquistas deles. João, o mais velho, mora na Califórnia, foi fazer pós-graduação em Stanford. Ele foi em 2022 e o Bruno foi ano passado. Foi um baque, mas um mês depois eu estava de férias e fui visitá-los. Com a tecnologia a gente se fala direto.

– Que bom que tem um companheiro como o Edgar ao seu lado, ou quase, já que cada um tem sua casa, não é?

– É a melhor receita! Nós temos duas casas, mas a gente dorme junto todas as noites, sempre. Digo que o quartel-general é aqui e a gente está junto sempre, a gente toma café da manhã, almoça, janta junto. E o Edgar, como é escultor, artista plástico e músico, precisa de um lugar grande, ele não cabe aqui. Então, no horário nobre ele está aqui e no comercial ele está lá na casa dele, que é uma galeria, cheia de obras, onde ele toca saxofone. Imagina tocar nesse prédio? Então, é o melhor dos mundos. Já fui casada 16 anos e ele também, então a gente já não tinha essa fantasia de ‘queremos casar’. Digo que a gente é casado, ele também, porque a gente é e tem dado certo assim há 14 anos.

– Recentemente você celebrou a chegada dos 59 anos. Lida bem com o passar do tempo?

– Lido bem, apesar de viver num País superligado em imagem, o mundo está cada vez mais ligado na imagem, em como você está nas fotos no Instagram. Eu nunca, em toda a minha vida, quis ser mais jovem do que eu era, eu sou uma pessoa muito adaptada, vou me reconstruindo em cima da idade que tenho. E olha que o mundo artístico é cruel! Mas estou feliz e a gente vai fazendo os personagens que têm a ver com a nossa idade. Imagina se eu quero fazer uma coisa para ser mais jovem, não, faço mais velha numa boa. Estou tranquila, envelhecer é inevitável. A outra opção é pior, né (risos)?! Só quero o que é meu. Se não veio para mim, se o universo não me trouxe, é porque não era para ser. Quero trabalhar, pagar os meus boletos e ter paz de espírito.

 

Maria Clara Gueiros exibe obra na sala da sua casa (Foto: Márcio Farias)
Maria Clara Gueiros destaca estilo na sala de estar (Foto: Márcio Farias)
Maria Clara Gueiros (Foto: Márcio Farias)
Maria Clara Gueiros (Foto: Márcio Farias)
Maria Clara Gueiros (Foto: Márcio Farias)
Maria Clara Gueiros (Foto: Márcio Farias)
Maria Clara Gueiros (Foto: Márcio Farias)

 

Fotos: Marcio Farias

Fernanda Chaves é repórter da revista CARAS e da Contigo! Novelas. É formada em jornalismo e já passou pela revista Minha Novela e pela Mattoni Comunicação. Escreve sobre celebridades, TV, novelas e reality show.

Maria Clara Gueiros

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