Entrevista

Documentário de Xuxa Meneghel traz à tona alegria e dores

Com direção de Pedro Bial, o documentário sobre Xuxa Meneghel resgata personalidades da trajetória da Rainha: 'Abri caixinhas que eu não queria, mas que era necessário'

Por Tamara Gaspar Publicado em 13/07/2023, às 08h59

Xuxa Meneghel na gravação do seu documentário para o Globoplay - FOTOS: BLAD MENEGHEL

A jornada de Xuxa Meneghel (60) dispensa apresentações. Ainda assim, até mesmo para a eterna Rainha dos Baixinhos, mergulhar em suas memórias e em seu passado pode ser surpreendente. “Descobri coisas que eu não sabia, abri caixinhas que eu não queria, mas que era necessário”, avalia ela, ao falar com exclusividade a CARAS sobre a recente estreia de Xuxa, o Documentário, no Globoplay, em celebração aos 60 anos da estrela.

Com direção de Pedro Bial (65), o documentário narra a história da rainha em cinco episódios pontuados por depoimentos e reencontros, tudo de forma transparente e reveladora: sorrisos, alegrias, traumas, lágrimas e desafios, nada passou em branco. “Trabalho que nos orgulha. Acho que está a altura da nossa Rainha, se é que é possível chegar a tal altitude”, afirma Bial. Na lista dos medalhões que participaram da produção, destaque para José Bonifácio de Oliveira Sobrinho (87), o Boni, e Marlene Mattos (73), com quem Xuxa rompeu relações após quase duas décadas de parceria. “Quem acha que me conhece vai se surpreender e quem não gostaria de me conhecer também vai se surpreender. E nada de ‘Xuxa, eu te amo’. Se tinha algo que era para ser mostrado, foi mostrado”, avisa ela. Então, prepare a pipoca e o coração para maratonar essa jornada!

– São 60 anos de vida, inúmeros programas e projetos artísticos. Ainda assim, com toda a experiência, está com aquele ‘friozinho na barriga’ diante da estreia do documentário?
– Não... não tenho frio na barriga nem quando vou fazer show para um monte de gente, mas fico ansiosa para que tudo dê certo, fico preocupada para que nada dê errado. Aliás, acho que nunca me deu frio na barriga. Meu medo é decepcionar as pessoas ou que as coisas comecem a não dar certo.

– Relembrar sua trajetória fez com que você entrasse em um processo de autoanálise?
– Reviver tudo, às vezes, não é bom, porque você abre caixinhas que eu não gostaria de abrir. Mas não diria autoanálise, porque nunca fiz análise — tentei fazer por dois meses na minha vida, mas não me adaptei, não deu certo. O que posso dizer é que não foi muito agradável abrir certas caixinhas, mas foi necessário.

– Quais dessas lembranças ‘esquecidas’ mais te emocionou?
– Foi mais forte ainda, eu descobri coisas que eu não sabia por meio do olhar de pessoas que me conheciam. Como o diretor americano que trabalhou comigo e que eu não sabia porque tinha deixado de trabalhar, quem tinha falado para ele para eu trabalhar lá fora, pessoas que trabalharam comigo no início, como a primeira paquita. Foi legal ver e ouvir toda essa minha história, pelo olhar mais das pessoas do que meu.

– Em meio a tantos momentos e episódios que são narrados, se pudesse voltar ao tempo, qual deles gostaria de reviver?
– Com certeza o nascimento da minha filha. Aproveitar ela pequenininha, agarrar ainda mais do que agarrei. Aproveitar mais a minha mãe que estaria ao meu lado, porque ela ainda não estava doente, a gente não tinha descoberto o Parkinson. Seria o máximo voltar aos 34, 35 anos, quando engravidei e Sasha nasceu.

– Qual capítulo de sua trajetória considera o mais desafiador?
– Fazer programas em outras línguas, inglês e espanhol, foi bastante desafiador, porque uma das coisas de que gosto e acho que era o meu canal direto com as crianças era a linguagem. A linguagem que vinha do coração, da alma. Eu sentia, era coração e boca, não pensava. Quando você faz isso em outra língua, obviamente, você tem que parar, pensar, traduzir, raciocinar, então, isso me atrapalhou bastante.

– E de qual capítulo você tem mais orgulho?
– Não vou responder isso porque não seria justo. Todos têm o seu valor e me orgulho de todos porque é a minha história.

– Acredita que o melhor capítulo ainda está por vir?
– O fato de dizer que gostaria de voltar ao tempo para ver o nascimento da minha filha me faz acreditar que o capítulo mais emocioante da minha vida está por vir quando eu vir minha filha grávida, tendo o meu primeiro netinho ou netinha. Acredito que será um capítulo muito especial.

– Fazendo um balanço, o que mudou ao longo desses anos? E o que continua imutável?
– Tanta coisa mudou. No meu livro de memórias demonstro muitas mudanças. A pessoa tem que mudar, se não muda, está errado. Uma coisa imutável é o que minha mãe me passou, a índole. Isso vem de berço e não muda, assim como meu amor pelos bichos, pelas crianças, pela natureza, pelas coisas simples da vida e minha vontade de não decepcionar quem eu amo.

– Boni participou do documentário. Qual a importância dele na sua trajetória?
– É uma resposta difícil e fácil ao mesmo tempo! Difícil porque se eu só falar do Boni o público não entenderá a importância das outras pessoas que passaram na minha vida. Destaco o Mauricio Sherman, o seu Adolpho Bloch, que me deu a chance, o carinho e o colo dele quando eu precisava. O João Araujo, que me abraçou e sabia das minhas dificuldades. E, acima de tudo, Mário Lúcio Vaz, uma pessoa que investiu muito, acreditou em mim e convenceu o Boni a me ver com os olhos que ele me viu. Então, mais uma vez, eu reforço: ver minha história através dos olhos das pessoas que viveram e conviveram comigo é muito bom e o Boni, sem dúvida nenhuma, é uma pessoa fundamental na minha carreira e na minha vida. Ele acreditou em mim e, mesmo eu querendo fazer muitas coisas e o Mário Lúcio e o Sherman apostando em mim, se não fosse o Boni, eu não estaria onde eu estou. Muitas pessoas me ajudaram a chegar aonde estou, mas sem dúvida nenhuma, tem um aval e uma assinatura do Boni em tudo.

– Um dos encontros mais comentados foi com a Marlene Mattos. Nas fotos, a gente observa um clima leve. Foi assim?
– Não! Para você ver como as fotos enganam! Não foi nada leve, não foi nada bom, mas foi algo muito necessário.

– Quem fica mais ansioso diante da estreia do documentário: a própria Xuxa ou o público?

– Eu acho que não finaliza comigo, nem com o público. Essa ansiedade vai continuar porque minha história não acabou, ela ainda vai ser escrita pelo meu público, por mim, pela minha filha, pelas pessoas que trabalham comigo... ou seja, essa ansiedade para que tudo continue certo, que dê certo, vai continuar. Tenho certeza de que quem acha que me conhece vai se surpreender e quem não gostaria de me conhecer também vai se surpreender. É um documentário para deixar para meus netos, para deixar minha filha orgulhosa. É meu primeiro e único documentário, os outros terão que ter outro nome, porque o documentário Xuxa é só esse. Então, é bom as pessoas que gostam de maratonar aproveitarem bastante, porque foi feito com muito cuidado, respeito, carinho e, se tinha algum momento para mostrar alguma coisa que não parece interessante ou legal, foi mostrado.

FOTOS: BLAD MENEGHEL

 

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