Totia Meireles faz balanço de seus 40 anos de carreira; atriz abre seu apartamento onde mora sozinha
Prestes a completar 40 anos de carreira, Totia Meireles (64) é daquelas pessoas que não ficam na zona de conforto. Nos últimos tempos, por exemplo, ela tem se dedicado a desenvolver suas habilidades no sapateado, além de aprender a tocar violino. Tudo para brilhar nos palcos com o musical O Jovem Frankenstein, que acaba de estrear no Rio. “A gente serve ao personagem. O que o personagem pede, temos que estar disponíveis. Isso é rico, pois você acaba descobrindo novas aptidões”, conta ela, que em cena alia suas grandes paixões: a atuação, a dança e o canto. “Já fiz muitos musicais, mas esse é diferente. É uma espécie de sátira aos filmes de terror”, emenda ela, em seu apartamento, no Rio de Janeiro.
Se, na profissão, Totia se entrega de corpo e alma, na vida pessoal não é diferente. Autêntica, ela fugiu dos padrões para viver aquilo que acreditava. “Quando cheguei à conclusão que não queria filhos, me perguntavam se eu não iria me arrepender, você é pressionada por todos os lados. Quando você está feliz com você mesma, é o que vale. Acho lindo quem tem, mas dou graças a Deus de não ter tido filhos, porque sou independente, dona da minha vida. Educar é algo muito difícil”, fala ela, casada há mais de 30 anos com o médico Jaime Rabacov (67).
O papel de avó, no entanto, a artista abraçou sem pensar duas vezes. “Tenho netos, porque Jaime veio com uma filha, a Olivia. Eu fui direto para a fase boa!”, brinca ela. O casamento, aliás, também tem suas particularidades e dispensa a rotina. Cada um mora em uma cidade. Ela, no Rio. Ele, em Miguel Pereira. “Na pandemia a gente morou junto e adorei. Foi como me casar de novo! Agora, a gente se separou! Eu voltei para o Rio por conta do trabalho. Mas nos vemos aos finais de semana. Não tem um modelo que eu goste mais, depende do que o momento oferece”, diz ela.
São quase 40 anos de carreira. Que balanço faz do período?
Muita coisa mudou. Em termos de teatro musical, porque nos profissionalizamos, se transformou em um grande investimento. Eu nunca pensei em ser atriz e, quando percebi, já estava emendando um trabalho no outro, não tive um planejamento. Antes, só tinha TV, cinema e rádio e, hoje, apesar de termos diferentes canais de trabalho, está mais difícil. Tem muita gente e, para quem está começando, é uma loucura, tem que gostar muito do que faz. Mas é o amadurecimento que trouxe a maior mudança. Eu comecei cedo, tenho uma carreira solidificada, sei o que gosto e o que não gosto. Nada como a maturidade para dar certezas dentro das incertezas.
Outra diferença é a questão dos contratos fixos...
Antes você tinha uma garantia. Hoje, você conta nos dedos da mão quem tem contrato fixo. Quase todos são por obra. Aconteceu co- migo há 12 anos, quando não re- novei com a Globo. Isso dá um ânimo para ir à luta. Você sente o baque, mas, por outro lado, ganha liberdade, um gás novo. ‘Agora que estou solta, vou ver o que quero fazer’. Fiz teatro, cinema, fiz minha primeira produção, Herivelto Como Conheci. Eu adorei produzir, mas é difícil, falta patrocínio.
Essas dificuldades fazem a arte no Brasil ser um desafio?
Aqui no Brasil sempre tivemos muitos obstáculos para levantar um espetáculo, uma exposição, um balé. No último governo, então, foi impossível. A arte foi a primeira a ser cortada, nós sofremos, mas estamos ressuscitando de novo, tanto que tenho visto os teatros lotados, as pessoas estavam sedentas para ver coisas boas, ver arte. Após tanto sufoco, elas estão ávidas de cultura. Ainda assim, fácil não é, precisamos de patrocínio, porque a bilheteria não paga.
A música é muito presente em sua carreira. Como tem sido atuar, dançar e cantar no musical?
Esse musical é maravilhoso, é uma adaptação do filme O Jovem Frankenstein, de 1974. É uma sátira dos filmes de terror e, após sucesso na Broadway, chega pela primeira vez ao Brasil. Faço a governanta Frau Blücher e tive que correr atrás de algumas coisas, como o sapateado. E o violino é o grande barato, o grande mistério, porque é difícil, tem a posição dos braços, dos dedos... o fundo musical ajuda a criar o clima do espetáculo. A música serve ao texto e o texto serve à música.
E a TV? Está com saudade?
– Minha saudade é só de trabalhar e isso tenho feito bastante. Fiz uma participação na série Detetives do Prédio Azul, do Gloob, e tenho três filmes para serem lançados: Uma Carta para Papai Noel, As Visões de Ulisses e Todo Mundo Tem Problemas Com o Amor. Às vezes, dá vontade de fazer uma novela, porque é outro clima.
Recentemente, você fez uma brincadeira na internet sobre os excessos de procedimentos esté- ticos. Como lida com isso?
Quando um assunto é tabu, tem que ser falado. Quanto mais falarmos, mais as pessoas perceberão que envelhecer é normal. No Brasil, ficar velha significa não prestar para mais nada, é quase um xingamento. Nós não somos pre- paradas para chegar aos 65 anos, tínhamos a visão de que uma mulher dessa idade seria uma senho- rinha. O que faço hoje, aos 64, não imaginava que poderia fazer. E eu não sou uma senhora, sou capaz de fazer muita coisa. Todo mundo quer parecer mais jovem, mas isso é complexo, porque tentar ser mais jovem é não aceitar a velhice. Eu faço procedimentos, mas é para me sentir melhor, saudável. No fundo, todos querem ficar bem ao se olhar no espelho. Amadurecer traz coisas positivas.
O que a Totia madura diria para a Totia da juventude?
Não mudaria nada do que fiz, porque sou resultado da Totia dos 20, dos 30, dos 40 anos. Mas diria para aproveitar mais os momentos. Fui um pouco Zeca Pagodinho e deixei a vida me levar e, às vezes, acho que não aproveitei os momentos, não percebi todos eles
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