Entrevista

Almir e Gabriel Sater celebram o trabalho juntos na novela Pantanal

Pai e filho, Almir Sater e Gabriel Sater levam público de Pantanal à loucura com semelhança e talento: 'Ele sempre foi meu herói, meu mestre artístico'

Por Bianca Portugal Publicado em 02/09/2022, às 09h00

Almir Sater e Gabriel Sater em entrevista na revista CARAS - Fotos: Julia Costa/TV Globo

O rosto é igual, o talento também. Mais de 30 anos depois, a novela Pantanal voltou a emocionar os brasileiros, mas uma das surpresas mais tocantes que a trama trouxe foi o encontro de Almir Sater (65), uma das maiores lendas da música brasileira, com seu filho, Gabriel Sater (40), que demonstrou nas telas uma quase mística herança genética. Para delírio dos fãs, Gabriel vive o Trindade, mesmo personagem que seu pai interpretou na primeira versão. “Quando eu soube que seria o Gabriel quem faria o Trindade, fiquei muito feliz. O Bruno (Luperi, autor) criou uns enfrentamentos do Trindade com o Eugênio, enfrentamentos musicais. Eu falei para o meu filho: ‘Não vou dar moleza, hein!’. Meu filho toca bem, toca violão erudito. Há uns anos começou a estudar viola. É um cara que se dedica muito”, afirma Almir, exalando orgulho, e que hoje dá vida ao sábio chalaneiro Eugênio. 

O desafio foi prontamente aceito por Gabriel, que, em vez de medo, teve devoção. “Fiquei enlouquecido quando soube que poderia fazer o Trindade. Tinha 9 anos quando meu pai fez a novela. Assistia a quase tudo porque minha mãe tirava algumas cenas. Meu pai sempre foi meu herói, meu mestre artístico”, conta Gabriel. O ator mudou toda a sua vida para encarnar o personagem. Ema­greceu 14 kg e estudou com afinco a viola de 10 cordas. “Fiz o teste em novembro de 2020 e, desde então, não parei de pensar em como melhorar. Desde essa data, estudo diariamente. A música é minha arte há 22 anos. A dramaturgia entrou em 2014, mas não é menos importante para mim. Uma coisa está ligada a outra. Se não fosse o Trindade, por exemplo, eu não teria evoluído na viola como evoluí e não teria escrito oito novas músicas para ele. Eu amo o que faço, mas não me considero um cara workaholic. Diria que sou um worklover”, brinca Gabriel.

Muito à vontade na pele de Trindade, só um detalhe causa um certo “desconforto” em Gabriel: o pacto de seu personagem com o cramulhão. Homem de fé, criado em colégios católicos, mas sem religião definida, ele assistiu a vários filmes sobrenaturais. Porém Gabriel não esconde seu medo quando o assunto é o cramulhão. “Criei um ritual. Antes de qualquer cena, faço orações para adentrar nesse universo com respeito. O que não quer dizer que eu não tenha medo. Medo e respeito andam lado a lado. Mas que fique claro que Trindade é um homem de boa índole, não é ruim. As ações dele falam mais do que as palavras”, explica o ator. Curiosamente, o que poucos sabem é que o pacto com o diabo foi uma ideia que surgiu de uma conversa entre seu próprio pai e Benedito Ruy Barbosa (91), autor da primeira versão de Pantanal. “Era para eu me apresentar na novela como Almir Sater mesmo. Aí eu não quis, não queria misturar ficção com realidade, queria um personagem. Disse que eu era um violeiro e que poderíamos trabalhar no folclore da viola. Aí ele falou sobre os pactários, pessoas que fazem pacto com o diabo para tocar bem, por fortuna, algo assim. Ele realmente escreveu muito bem meu personagem, eu pude tocar e o Trindade cresceu muito na trama”, explica Almir.

A novela foi um divisor de águas na vida de Almir, assim como tem sido na vida de Gabriel. Apaixonado pelo Pantanal desde criança, onde passava férias na casa de um amigo de seu pai, Almir viu no trabalho a oportunidade de viver na região. “O Sérgio Reis me perguntou se eu não queria participar da trama. Tive uma certa resistência porque estava pensando em uma carreira instrumental, queria ir para os Estados Unidos. Perguntei se iam gravar no Rio de Janeiro e ele disse que era no Pantanal mesmo. Aí eu pensei: ‘A gente vai passar um ano no Pantanal e receber por isso? Topo!’”, se diverte ele, lembrando. “Sempre que falavam de férias eu ficava na porta da casa desse meu vizinho para dizer que eu queria ir com ele para o Pantanal. Prometi para mim mesmo que, assim que eu pudesse, moraria nesse lugar. E sonho é tudo na vida. Com a novela, começei a trabalhar como nunca na vida. Ganhei meu primeiro dinheirinho e comprei essa terra aqui. Insisti dez anos com a dona para ela me vender. Quando fiz Pantanal, ela disse: ‘Ah, agora que você ficou famosinho vou te vender’”, conta ele, ao lado do filho em sua fazenda.

Para Gabriel, a novela também tem dado novos rumos à sua vida. Casado há 16 anos com a produtora Paula Cunha (42), ele não pensa em se mudar de São Paulo para o Pantanal, mas se prepara para novos shows, ao lado de outro grande ídolo, o maestro João Carlos Martins (82), Do Clássico ao Pantanal, e inúmeras  apresentações solo com os novos singles que tem lançado. E para os que amam ouvir a incansavelmente repetida música Ca­valo Preto na novela, ele avisa: “Eu adoro tocar essa música! Fiz até um novo arranjo para ela e podem pedir que eu toco mesmo!”.

Já em casa, a vida de Gabriel continua tranquila. Nem as cenas quentes de Trindade com sua princesa Irma, interpretada por Camila Morgado (47), abalam a sólida relação com Paula, que cuida da carreira musical dele. “Ela sabe o quanto a amo e que sou louco por ela. Ela até me pede para ser mais verdadeiro em cena, porque sabe que a minha realização é nossa, minha carreira é nossa. Paula é uma mulher muito chique, culturalmente falando, e o melhor de tudo é que somos muito amigos, além de marido e mulher”, se declara ele. E foi justamente com seu violão que Ga­briel conquistou a amada. “Paula foi ao lançamento do meu primeiro disco. Ela falou que eu estava feio na foto de divulgação do show, mas me deu moral. Minha avó Nair, quando viva, dizia que ela é meu amuleto da sorte. Ela é mesmo meu anjo da guarda em muitos sentidos”, conta o apaixonado Gabriel.

A enorme cumplicidade entre o casal também aparece quando o assunto é filho. Por enquanto, os dois acreditam que não é o momento. “Não temos condições agora de darmos conta. Não temos família por perto e nossa vida está um furacão. Por enquanto, nossa dedicação máxima é aos nossos cães”, conta ele, que possui cinco cachorros e não para de pensar em adotar mais um. “É um amor que não tem explicação”, resume o artista.

Fotos: Julia Costa/TV Globo

Almir Sater Gabriel Sater

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