Desfile de grife destacou modelitos com visuais que provocam reflexão
No inverno da Prada, Miuccia Prada (75) e Raf Simons (57) propõem uma reflexão profunda sobre conceitos contemporâneos de feminilidade e de glamour e instiga esse questionamento por meio de uma redefinição dos códigos tradicionais do que conhecemos por feminino, afastando as silhuetas restritivas, a sensualidade exacerbada, além da delicadeza inocente — três pilares muito comuns quando tratamos do tema.
As roupas possuem volumes mais generosos, nervuras que chegam a causar estranheza, laços realocados para lugares menos óbvios e símbolos tradicionais do vestir feminino totalmente reconfigurados — vide os vestidos pretos que aparecem no início e mais ao final da apresentação da marca e que traziam volume na cintura, comprimento médio, decote mais arredondado ou uma versão de forma quadrada, manifestando uma nova ideia para o tradicional, romântico e por vezes sexy little black dress.
A paleta profunda, variando entre o preto, terrosos densos e vermelhos mais fechados, reforça a proposta da feminilidade contemporânea, mais afastada da inocência e dos ideais de perfeição que nos são impostos. A escolha pela estética mais introspectiva também se apresenta na beleza das modelos.
A make zero e os cabelos propositalmente desgrenhados enfatizam a despretensão e autenticidade (e talvez até um certo cansaço), apartando a mulher dos padrões artificiais — e muitas vezes inalcançáveis — de beleza. Certamente é uma abordagem que sugere que a feminilidade não está vinculada a receitas clássicas e fórmulas prontas, mas é uma construção multifacetada e sobretudo subjetiva. Claro que o glamour tradicional também é trabalhado aqui.
Os acessórios imponentes, as texturas de pele, estolas e casacos sugerem que a exuberância pode e deve fazer parte da vida da mulher contemporânea. A coleção não só apresenta roupas, mas provoca um diálogo sobre liberdade e evolução do feminino.
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