MITO OU VERDADE?

Tristeza causa câncer? Saiba se fatores emocionais podem contribuir para o surgimento da doença

Em entrevista à CARAS Brasil, o oncologista Jorge Abissamra Filho comenta se as emoções influenciam diretamente no surgimento do câncer

Dr. Jorge Abissamra

por Dr. Jorge Abissamra

Publicado em 27/08/2024, às 12h50

O câncer não é uma doença que afeta apenas o corpo, há impactos diretos na saúde emocional - Freepik

A literatura médica tem avançado bastante para posicionar o papel das questões da saúde emocional com o desenvolvimento de doenças. Em entrevista à CARAS Brasil, o oncologista Jorge Abissamra Filho destaca que é certo que há uma correlação entre ambos, entretanto, no caso das doenças oncológicas, essa associação não é definitiva.

“Desse modo, não podemos afirmar que questões emocionais corroboram para o desenvolvimento do câncer de modo direto, mas podemos inferir que os pacientes com maior fortalecimento da saúde emocional apresentam melhores performances durante o tratamento”, explica.

De acordo com o especialista, a relação existente é de modo indireto. “Pacientes com estresse, depressão, ansiedade, tristeza estão mais propensos a um estilo de vida que potencializa os fatores de risco para o surgimento da doença, seja pelo consumo excessivo de tabaco e álcool, alimentação desregulada, ausência de rotina de sono e sedentarismo, por exemplo”, diz.

“O câncer não é uma doença que afeta apenas o corpo, há impactos diretos na saúde emocional dos pacientes, desde a descoberta do diagnóstico, até o processo de tratamento. Fortalecer a saúde emocional é um passo importante para encarar o câncer de frente, por mais difícil que seja”, acrescenta Abissamra.

Segundo o oncologista, é comum que ao receber o diagnóstico, o paciente apresente sintomas de medo, raiva, angústia, desesperança, ansiedade e depressão. “Não é fácil encarar esse momento, entretanto, quanto mais cedo a doença for detectada, maior é a chance de cura”, pontua.

Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que as chances de cura chegam a 90% quando a doença é diagnosticada em seu estágio inicial, desse modo, a realização de exames de rastreio e evitar os fatores de risco podem inibir também os impactos na saúde emocional.

“Por mais difícil que seja, os pacientes que encaram melhor o diagnóstico apresentam níveis de imunidade mais altos e conseguem realizar o tratamento com quimioterapia com a frequência correta. Por outro lado, os pacientes mais depressivos ou com quadro de saúde emocional mais frágil tendem a ter os níveis de imunidade mais baixo, por consequência, não conseguem ciclar a quimioterapia corretamente, o que pode acentuar o desenvolvimento da doença”, salienta.

Abissamra ressalta que é preciso cuidar da saúde emocional. “Algumas coisas básicas no dia a dia podem fazer uma grande diferença. A prática de atividades físicas, alimentação saudável, rede de apoio fortalecida, evitar o consumo excessivo de álcool e tabaco, uma boa noite de sono, realizar atividades prazerosas, entre outras, fortalecem a saúde emocional e evitam os fatores de risco de surgimento do câncer”, fala.

“O autocuidado é fundamental para a preservação da saúde emocional, ao mesmo passo, diminuem no desenvolvimento do risco de doenças, agora, caso você se deparar com o diagnóstico de câncer, elabore a resiliência, fortaleça a sua saúde emocional, a rede de apoio, confie no tratamento, nos profissionais da saúde e transforme os obstáculos em força para seguir, mesmo em tempos difíceis”, finaliza.

 

Dr. Jorge Abissamra

Dr. Jorge Abissamra é médico (145307 CRM SP) pela Universidade de Santo Amaro e especialista em Clínica Médica pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e especialista em Oncologia Clínica pelo Instituto de Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho. Atualmente é coordenador da Oncologia da Hospital Santa Clara e coordenador da Oncologia da HapVida Intermedica NotreDame. Também atua como diretor da Oncologia da Amo Saúde e possui experiência na área de Clínica Médica, com ênfase em Oncologia.

Saúde câncer tristeza saúde mental Oncologista

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