Um dos maiores dilemas da mulher contemporânea é encaixar um bebê no seu cotidiano profissional
Ter um filho é uma das realizações mais naturais na vida de uma mulher. Manter uma atividade profissional, nas últimas décadas, também. Então, por que continua sendo tão difícil, para a maioria das mães, coordenar as duas coisas? Salete Arouca, psicóloga, ajuda a responder.
“A maternidade é um momento único na vida da mulher, um estado de graça. No entanto, também é um período cheio de medos a serem vencidos e mistérios a serem descobertos”, comenta Salete. O ato de voltar a trabalhar representa um desses desafios e a origem do medo, segundo a psicóloga, pode ser localizada alguns meses antes, no parto.
“Quando o obstetra corta o cordão umbilical, acontece a primeira separação entre mãe e filho. Mas, embora ela seja um marco importante, não é radical. O bebê sai da barriga e vai para o colo, encerrando a ansiedade que marca o período de gestação”, acrescenta Salete. A volta ao trabalho, por sua vez, traz consigo a separação física. É o momento de encarar a distância entre mãe e bebê, que caram tantos meses unidos em tempo integral e, agora, têm de se acostumar à ausência por várias horas.
Do ponto de vista psicológico, são momentos de angústia e conflito, considerados normais em função da separação. “É esperado, na volta ao trabalho, a mãe sentir-se culpada, indecisa e angustiada”, diz Salete. “É uma fase de transição, que envolve mudanças, reorganização e aprendizado.”
Para minimizar tais sentimentos e passar por essa fase da maneira mais serena possível, Salete oferece algumas orientações. “Durante a gestação, é importante de nir quanto tempo a mãe ficará com o bebê e onde vai deixá-lo quando retornar à atividade pro ssional. Esse planejamento vai oferecer mais segurança no momento da volta”, salienta a psicóloga. As tradicionais opções (casa dos avós, babá ou berçário) devem ser analisadas antes do nascimento e todas as providências práticas, encaminhadas com antecedência.
Outra medida válida é começar a se ausentar por alguns períodos para que a mãe e o bebê passem a se habituar à separação. Podem ser saídas curtas — ir ao banco, almoçar fora, fazer compras — suficientes para que a volta definitiva ao trabalho não pareça tão radical e traumática. Uma dica que deve ser considerada importante é a qualidade, e não a quantidade, de tempo que a mãe dedica ao bebê. “Quando estiver com seu bebê, faça disso um momento único entre vocês. Acredite, você sobreviverá e o seu bebê também”, completa Salete.
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