TRAJETÓRIA DE LUTA

Maria da Penha revela que não sabia que era vítima de violência: 'Ele era uma pessoa má'

Em entrevista à CARAS Brasil, Maria da Penha relembra trajetória de luta e como inspirou sua história inspirou a Lei contra violência doméstica no Brasil

por Surenã Dias

sdias_colab@caras.com.br

Publicado em 08/08/2024, às 12h15

Maria da Penha ficou paraplégica após ser vítima de violências do ex-marido - Foto: Reprodução / Instagram

Maria da Penha (79), ativista que inspirou a lei brasileira contra violência doméstica, confessa que por muito tempo não imaginava que ela era vítima de abusos dentro do seu casamento. Em entrevista à CARAS Brasil, a escritora relembra parte de sua trajetória de luta e conta como ter ajuda de outras mulheres foi importante para se preparar para os desafios que iria enfrentar nos anos seguintes à sua separação. 

Segundo a ativista, ela apenas começou a entender o que era violência doméstica após passar a se associar a grupos de mulheres que apoiavam vítimas. "Até então, o meu pensamento era de que ele era uma pessoa má, mas eu não tinha essa ideia de violência doméstica como nós temos hoje"

"Então, no momento em que isso aconteceu eu perguntava para as meninas, você acha mesmo que o tribunal, o judiciário vai anular o julgamento. Aí as meninas diziam assim: 'Não se iluda, porque o poder judiciário também é machista. O machismo está presente na nossa sociedade e o poder judiciário faz parte dela", relembra. 

Antes de seu ex-marido ser condenado, Maria da Penha precisou ir a julgamento outras duas vezes, até finalmente ter sua história comprovada. Na época, o sucesso de seu livro Sobrevivi e Posso Contar, que conta com provas e fortes relatos de violência, foi importante para que o judiciário brasileiro se interessasse pelo caso. 

"Nesse livro eu coloquei a minha história, como eu havia o conhecido e as contradições contidas no processo, da primeira tomada de testemunha, quando ele disse que tinha sido um assalto. Pouco tempo depois, quando quase todas as pessoas foram ouvidas, ele novamente foi chamado para depor e ele entrou em contradição com a própria história dele", diz. 

Em 1983, Penha sofreu duas tentativas de assassinato por parte de seu marido, o economista e professor colombiano Marco Antonio Heredia Viveros. Na primeira, ele simulou um assalto e atirou nela; na segunda, tentou eletrocutá-la enquanto ela estava no banho. Como resultado das agressões, Penha acabou ficando paraplégica.

O caso demorou quase 20 anos para ser reconhecido e julgado pelo sistema judiciário brasileiro. Seu ex-marido foi condenado e cumpriu apenas dois anos de prisão, sendo solto em 2004. No ano de 2006, o governo brasileiro utilizou a história da ativista como inspiração para sancionar a Lei Maria da Penha, importante ferramenta legislativa no combate à violência doméstica e familiar contra mulheres no Brasil. 

CONFIRA O VÍDEO:

 

Surenã Dias é repórter de pautas especiais do Grupo Perfil. Formado em Jornalismo, possui passagem por diversos veículos de comunicação na web. Atualmente trabalha em projetos sobre o universo da TV, famosos, novelas, música e reality shows.

Maria da Penha ativista luta feminina

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