Em entrevista à CARAS Brasil, Jayme Periard falou sobre estrelar monólogo aos 40 anos de carreira e refletiu sobre trajetória
Jayme Periard (62), que coleciona diversos trabalhos na atuação, celebra 40 anos de carreira com a peça A Quebra, que estreia no Teatro das Artes, no Rio de Janeiro, em 4 de setembro. Em entrevista à CARAS Brasil, o ator falou sobre o monólogo, que trata do tema de pedofilia em igrejas, e refletiu sobre trajetória, solidão e fé: "Momento de reencontro".
"Tem uma preocupação muito grande em abordar esse tema sensível. É um tema que a gente sabe que toca em uma das coisas mais importantes e significativas para os seres humanos, que é a fé. Fazemos um espetáculo onde a gente tenta - e acho que consegue demonstrar - a separação do que é a sua fé, crença pessoal ou prática religiosa espiritual, daquilo que é um crime", afirmou Jayme Periard.
"Como fiz essa concepção e direção - e estou atuando - passei mais de um mês aqui, ensaiando e levantando esse espetáculo sozinho. Pude me lembrar muito dos meus primeiros momentos no teatro e ver o quanto havia aprendido, não só como artista, mas como ser humano durante essa trajetória. Era engraçado, porque era um momento muito solitário, mas esse momento me levou ao aprendizado com tantos colegas fantásticos que tive o privilégio de encontrar na minha carreira. Não só atores e diretores, mas todos - equipe técnica, de redação, de produção - que são peças fundamentais para esse nosso ofício de contar histórias. Foi um momento de reencontro", refletiu o ator.
Católico, Jayme Periard estudou em uma escola de padres quando criança e revelou que, com o espetáculo e a comemoração de seus 40 anos de carreira, decidiu fazer uma viagem reflexiva para revisitar sua infância: "Fui até Nova Friburgo, onde fui criado, no colégio jesuíta onde comecei a fazer teatro, e fui no teatro. É impressionante, porque nada mudou. E são muitos e muitos anos. Tinha treze naquela época, são quase 50 anos. Aquilo me emociou, pude ficar lá sozinho um pouco, passeando por ali".
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"No colégio em que eu estudei - não só na época em que estava lá, mas em todos esses anos - nunca houve um caso [de abuso sexual]. Não há nenhuma conexão pessoal minha em relação a algum caso no colégio onde estudei e nas minhas relações pessoais relacionado à Igreja. A coisa mais difícil que aconteceu foi que várias pessoas das minhas relações, que souberam do tema do espetáculo, acabaram me contando experiências pessoais - não dentro de igrejas - mas de abuso. Quando a gente escuta um relato de documentário, a gente tem uma sensação forte, mas quando é alguém que você conhece, isso é infinitamente maior", pontuou Jayme Periard.
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