Em entrevista à CARAS Brasil, o ator gaúcho Paulo Adriane, que deu vida a Priscila, personagem icônica da TV Colosso, celebra volta da atração no Viva
Para a alegria dos eternos fãs apaixonados pela TV Colosso, o VIVA anunciou, na última segunda-feira, 9, que a atração estará de volta à televisão a partir de 7 de outubro. Serão exibidos 40 episódios do programa, que é inédito no canal, em uma edição especial de comemoração ao mês das crianças. Com a iniciativa, os telespectadores poderão matar a saudade de Gilmar, Thunderdog e, claro, da diva Priscila. Por falar nela, a CARAS Brasil bateu um papo com o ator Paulo Adriane (55), que deu vida a personagem icônica da produção infantil. O artista comemora a novidade e destaca: "Público tem muito afeto".
O gaúcho, que também é diretor e produtor, foi o responsável por manipular a animadíssima sheepdog, que até hoje permanece no coração e na lembrança de quem acompanhou o programa de enorme sucesso da TV Globo. Ele fala com muito carinho da personagem. “Você sabe que não tem uma semana da minha vida, nesses 30 anos, que alguém não fale sobre a TV Colosso, que não lembre, com muito carinho, que não elogie? Porque a TV Colosso foi um marco na TV, né? Entrou para substituir a Xuxa e foi um marco pelo ineditismo dos bonecos; tanto os de manipulação direta, os de manipulação de mão – manipulação de luva, que a gente chama – ou os de fantasias de vestir, além dos animatrônics, que são os bonecos que funcionam com rádio. Ele faz com que – no caso da Priscila, por exemplo – a boca e as sobrancelhas dela (sejam operadas) por uma terceira pessoa”, diz Paulo.
“É com muita alegria no coração, com muita felicidade (que ele recebe a novidade). Porque quando sai alguma coisa da TV Colosso nas redes sociais, alguma notícia, alguma lembrança, seja o que for, e isso são infindas, né, as publicações? Gosto de ver os comentários porque são muito preciosos o carinho e o afeto que as pessoas têm pelo programa”, acrescenta o artista.
E será que a TV Colosso vai conquistar o coração da atual geração de crianças? Paulo tem absoluta certeza que sim! “Por N motivos. Todas as aparições, digamos assim, públicas da Priscila, até hoje, depois do programa ter saído do ar, na Globo, sempre foram incríveis, porque as pessoas ficam encantadas com a personagem. É como se, e para mim também, a personagem existisse de fato. Todas as vezes que a Priscila está no Projac, circulando, artistas consagrados, artistas de verdade, como a Renata Sorrah, por exemplo, ficam encantados com aquela magia; o boneco proporciona isso", salienta.
"Acho que o boneco proporcionando isso é atemporal. A Priscila é muito carismática, seja pela voz da Mônica Rossi, pela criação genial do Luiz Ferré e do Roberto Dornelles, do grupo Criadores e Criaturas, acho que um pouco também pelo meu trabalho, pela minha dedicação de tantos anos, tenho certeza. Vai fazer um ano agora em outubro, que a gente teve lá no Serginho Groisman, no Altas Horas, e quando a Priscila surgiu, as crianças ficaram ensandecidas com a Priscila (risos). Então, isso é muito legal”, emenda.
MISSÃO DE VIDA
Para Paulo, fazer parte da produção infantil foi uma missão de vida. “Destino, sabe? Acho que a gente é predestinado para algumas coisas na vida. Fui para o Rio em 1994, tentar carreira – sempre fui de centros de tradições gaúchas, dancei desde os meus seis anos de idade em CTGs, os populares CTGs aqui no Rio Grande do Sul, dancei nos grupos mirim, juvenil, adulta e eu me tornei ator com 18, 19 anos. Comecei a fazer oficinas, cursos de teatro. Não tenho formação acadêmica, sou autodidata e fui para o Rio tentar carreira”, fala.
O artista ainda revela que foi por acaso que ele conseguiu ser convidado para fazer um teste para a TV Colosso. “Fiquei sabendo do teste da TV Colosso no ônibus, quando estava voltando de um teste para a Confissões de Adolescente. O ônibus estragou, o 1438, e eu estava com uma amiga minha gaúcha. Tinha um cara que era da produção da TV Colosso, que veio conversar com a gente. E aí me falou do teste e eu fui fazer o teste. O programa já estava no ar há sete meses, quando cheguei no Rio, eu via a Priscila, aqui da minha casa no Sul, mas nunca imaginei que a minha história fosse mudar tanto. A partir do momento que fiz o teste, fui aprovado com mais oito pessoas porque já era um sucesso a TV Colosso, e eles queriam criar – o Boninho junto com o Luiz Ferré e o Roberto Dornelles – mais personagens de fantasia”, relembra.
E continua: “No primeiro dia de gravação, o diretor de manipulação, que é o Dornelles, já me colocou na Priscila, e eu, no jargão teatral e das cênicas eu roubei o personagem, entre aspas, sempre com muito respeito aos meus colegas, mas imprimi uma característica na Priscila nesses 30 anos, e eu me tornei, então, o protagonista da personagem. E aí assim, claro, outras pessoas já vestiram a personagem até porque quando nós gravávamos era muito intenso o ritmo de gravação por ser um programa diário. Mas eu me tornei, e sou ainda hoje, o protagonista da personagem com muito orgulho, satisfação e honra”.
Para Paulo, foi um marco em sua vida e história. “Acho que quando você tem uma visibilidade assim, numa emissora, como a TV Globo, por exemplo, mesmo escondido dentro dos bonecos, considero um grande exercício. Para todos os atores, seria um grande exercício porque a gente se esconde para revelar. Então, é muito importante a gente poder dar visibilidade para o ator, porque antes de tudo precisa ser ator, e, depois disso, para o ator-manipulador ou o ator-animador – que neste caso, sou eu ali dentro da Priscila – é muito importante essa visibilidade porque essa classe existe. Vou publicando as coisas há anos e aí tem muitos, muitos atores manipuladores que vêm conversar comigo, elogiar ou trocar figurinhas sobre esse trabalho, que é um trabalho árduo, né? Mas é um trabalho tão puro, tão genuíno. Então, sem dúvida nenhuma, foi um grande marco na minha vida”, reflete.
O gaúcho sente saudades de dar vida a Priscila mas pontua: “Amo fazer a personagem, eu amo, amo mesmo! E te digo que sinto muita saudade, sim, mas também te digo que neste período do término do programa, lá em 90 – ficou no ar até setembro de 96 e ainda reprisou até dezembro de 96, na própria TV Globo – em todos esses anos, a Priscila nunca foi esquecida. A gente fez muitos Vídeos Shows, Ana Maria Braga, Faustão, Xuxa Hits, especiais da Globo de Natal, outros especiais; mas depois do programa ter terminado, a gente fez Criança Esperança, a gente fez os 50 anos da Globo, que foi assim sensacional, Priscila com Angélica e 50 Emílias, junto com a Anitta e o Projota, apenas com um ensaio. E assim, se você olhar o vídeo da ocasião dos 50 anos da Globo no Maracanãzinho, foi perfeito. Até eu fico assim: gente, como é que isso aconteceu dessa forma? Tem algo que vai além do humano. É o encantamento do boneco, é a magia. Então, sinto saudade, mas, eventualmente, estou indo ao Rio, a São Paulo. A gente já fez tantas coisas fora da TV como eventos".
"Sinto muita saudade, claro, de uma época – imagina, estou com 55, mas eu ainda estou inteiro para fazer (risos), e acho que eu melhorei, segundo o Betinho Ferré. Sinto saudade daqueles colegas, daqueles amigos, porque era um ambiente muito saudável, muito familiar, a gente se dava muito bem, eram tantos talentos ali, tanto atores que vestiam fantasias, como os que manipulavam bonecos, dubladores, autores, roteiristas, enfim. Sinto saudade de uma época do Rio, eu gaúcho, recém chegando no Rio, com 23, 24 anos, e de repente, caí de paraquedas dentro da Priscila. Então, tenho saudade disso tudo e do sucesso que fazia. Mas, reiterando o que falei, eventualmente mato essa saudade em momentos importantes”, completa.
Segundo Paulo, o projeto teve muitas possibilidades de ir para outras emissoras, durante todos esses anos que ficou fora do ar. “Mas são coisas que não aconteceram. Agora, a alegria de estar no Viva, revivendo tudo, acho que vai ser muito importante para o projeto TV Colosso, para o projeto do grupo Criadores e Criaturas. Aliás, eles são um grupo de teatro de bonecos gaúchos, tanto o Ferré quanto o Betinho”, finaliza.