Nas últimas semanas, a mídia deu destaque ao câncer de testículo porque nos capítulos finais da novela Insensato Coração o personagem André, vivido pelo ator Lázaro Ramos (32), descobriu-se portador da doença.
O câncer de testículo corresponde a 1% de todos os tumores malignos que ocorrem na população masculina. É mais comum em brancos dos 16 aos 40 anos, sendo raro fora desta faixa etária. Em geral ocorre em um testículo apenas, mas cerca de 3% dos atingidos podem desenvolvê-lo também no outro.
Não se descobre a causa da maioria dos casos. Sabe-se, porém, que estão mais suscetíveis a desenvolvê-lo: a) meninos que nascem com criptorquidia, ou seja, com um (mais comum) ou os dois testículos fora do escroto, permanecendo ocultos no abdome ou na pelve; b) homens que têm história deste câncer na família; c) portadores de algumas síndromes genéticas raras; e d) indivíduos como ciclistas cujos testículos sofrem traumas crônicos.
Os sintomas da doença, enquanto está só no testículo, são: a) aumento do volume testicular; b) alteração de sua consistência (endurecimento), o que é perceptível à palpação; e c) dor de intensidade variável. Mas o câncer primário de testículo, é preciso destacar, pode não dar sintomas e eles aparecerem somente quando já houve metástase. Quando dá metástase, ou seja, se espalha pelo organismo, vai de início para os gânglios situados na região do abdome, na altura do umbigo. Lá ele cresce e pressiona músculos e nervos locais, o que leva a dor nas costas. Quando vai aos pulmões, causa falta de ar e tosse. Ao chegar ao cérebro e crescer, comprime os tecidos e causa edema (inchaço).
Pais devem ficar atentos aos filhos que nascem com criptorquidia e cuidar para que seja corrigida, evitando que fiquem expostos à infertilidade e ao câncer de testículo. Homens com sintomas do câncer, de outro lado, devem consultar um clínico geral ou um urologista. Uma boa alternativa é o setor de Urologia das Universidades Federais e Estaduais existentes nas capitais e em cidades grandes Brasil afora.
O diagnóstico inicial é clínico, ou seja, o médico examina o paciente. Pode confirmar a doença com ultrassom. O tratamento é sempre cirúrgico: extrai-se o testículo atingido. Mas a cirurgia é feita pela virilha, não pelo escroto. Caso se retire o testículo pelo próprio escroto, existe o risco de o câncer se disseminar pela pele. Então, “grampeiam-se” os vasos da virilha, para evitar que células doentes se espalhem por eles, e se retira pela virilha. Faz-se em seguida exames de imagem dos gânglios do abdome e dos pulmões para saber se havia metástase. Se o câncer estava só no testículo extraído, o paciente fica em observação por cinco anos para garantir que a doença foi curada. Em alguns casos, opta-se por tratamento complementar de duração curta com quimioterapia. Caso já tenha havido metástase, faz-se também quimioterapia. Felizmente, o câncer de testículo é muito sensível à quimioterapia. Assim, consegue-se curar cerca de três quartos dos casos, mesmo quando houve metástase.
Existem maneiras, enfim, de preservar a fertilidade, que pode ser prejudicada pelo tumor ou pelos tratamentos do câncer. A mais conhecida estratégia é colher o esperma e armazená-lo em banco de sêmen.