O diplomata Juan Lohlè abre as portas da moderna e arrojada sede de seu país em Brasília
Depois de oito anos servindo seu país no Brasil, o embaixador da Argentina, Juan Pablo Lohlè (63), se prepara para deixar o País e retornar a Buenos Aires. Além do bem-sucedido trabalho diplomático, Lohlé levará na bagagem o mérito de ter tornado realidade a construção do primeiro prédio próprio da Embaixada da Argentina em solo brasileiro. “Essa foi uma decisão política do presidente Néstor Kirchner, em 2004. Diante da importância do Brasil como parceiro prioritário da Argentina, ele decidiu construir uma sede própria. Foi uma honra termos nossa presidente, Cristina Kirchner, presente à inauguração”, conta o diplomata, citando a cerimônia que contou ainda com a presidente Dilma Rousseff (64) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (66), em Brasília, no final de julho.
O imponente edifício fica no Setor de Embaixadas Sul da capital federal, local nobre que os arquitetos Oscar Niemeyer (104) e Lúcio Costa (1902-1998) reservaram exclusivamente para representações diplomáticas no desenho original da cidade, fundada em 1960. O terreno, de 2,5 hectares, foi cedido pelo governo brasileiro em 1968. “Antes, tanto a chancelaria quanto a residência oficial funcionavam em uma chácara residencial no Lago Sul”, lembra o embaixador. Durante grande parte do século XX, a Embaixada da Argentina no Brasil teve como sede o Palácio Guinle, na praia de Botafogo, no Rio, então capital do País. “É desta época, quase um século atrás, que são os móveis que decoram o mezanino acima do salão de eventos. São peças históricas”, afirma Lohlè.
A área construída tem 4000m2, dois andares, fachada principal com uma colunata decorada com 20 pilares de granito e grande pátio central. Os amplos espaços internos ostentam granito, madeira e vidro, criando uma atmosfera fresca e agradável. O teto foi revestido de cobre. “É um metal nobre, durável e bem resistente à corrosão”, explica o diplomata. O projeto moderno, assinado pelo Estúdio de Arquitetura Manteola Gomez Sanchez, Santos y Solsona, começou a ser construído em dezembro de 2007. A equipe foi chefiada por Justo Solsona (80), que, coincidentemente, deu aulas a Sofia, filha do embaixador formada em Arquitetura. “Ela veio diversas vezes me visitar e sempre aproveitou para explorar a cidade, as obras de Niemeyer, que são um marco na arquitetura mundial”, diz ele, pai também da advogada Paula (25) e do cientista político Julian (32). Todos moram em Buenos Aires.
Tanto na entrada principal quanto no pátio interno destacam-se os espelhos d’água. “Foi uma ótima solução para enfrentar a baixíssima umidade de Brasília nos meses de maio a setembro”, observa Lohlè. De todos os escritórios, uma maravilhosa vista para grandes espaços verdes se descortina. As janelas do gabinete do embaixador abrem-se para o parque gramado, onde flamboyants dividem espaço com mangueiras e árvores nativas do cerrado. “Fizemos questão de manter as espécies características da flora desta região, até para preservar a fauna, que é tão interessante e abundante por aqui. Somos sempre visitados por garças, diversas espécies de passarinhos e até um gavião, que nos honra com sua presença todas as manhãs”, vibra ele. Arrematando o cenário ao fundo, o lago Paranoá e a Ponte JK, dois dos cartões-postais da capital federal.