Agência: do latim agentia, do mesmo étimo de agere, fazer. Designa capacidade de agir, executar um trabalho ou diligência, qualificando também estabelecimento que, mediante retribuição, presta serviços e consultorias. Nos últimos tempos tem aparecido um tipo específico de agência, que se notabiliza por dar nota de risco para as finanças em vários países. Recentemente, essas agências rebaixaram até a economia norte-americana, porto seguro para as aplicações, mas o presidente Barack Obama (55) revidou: “Não importa o que uma agência pode dizer, nós sempre fomos e sempre seremos uma nação AAA. Apesar de todas as crises que passamos, temos as melhores universidades, as melhores empresas e os mais inventivos empreendedores”.
Lavrar: do latim laborare, trabalhar, sofrer. Inclusive a palavra trabalho procede do nome de um instrumento de tortura, o tripalium, geringonça de três paus onde era afixado e às vezes empalado o condenado. Os trabalhadores agrícolas lavraram a terra até fins do século XVIII com um arado inventado na Mesopotâmia, atual Iraque, em 5500 a.C., até que o norte-americano Charles Newbold (1764-1835) forjasse o arado de ferro com três peças: a aiveca, a relha e os revolvedores.
Odisseia: do grego odysseía, volta, regresso, pelo latim odyssea, designando a célebre narrativa em que Odisseus, Ulisses em português, o mais famoso dos heróis do lendário poeta grego Homero (século IX a.C.), na Odisseia, faz seu regresso a Ítaca, sua terra natal. Presente também na outra obra solar do autor, a Ilíada, ele vive incríveis peripécias na volta ao lar. Odisseia tem também o sentido de longa perambulação, repleta de eventos e aventuras, e viagem ou travessia intelectual ou espiritual. Ulisses vai para Guerra de Troia, que dura 10 anos, deixando a mulher Penélope e o filho Telêmaco, de apenas 1 mês. A narrativa começa pelo fim, quando Zeus, na assembleia dos deuses, acolhendo requerimento de Atena, decide que Ulisses pode voltar a Ítaca.
Retornar: de tornar, do latim tornare, arredondar, voltar. Este último significado é reforçado em português pelo prefixo “re”, indicando voltar ao lugar de onde partiu ou de onde se começou a viagem ou outro evento. Por isso se diz “retonar a ligação”, ligar para quem nos ligou. O mais célebre retorno de todos os tempos é o de Ulisses na Odisseia. Penélope, sua esposa, manda o filho Telêmaco, então com 20 anos, em busca do pai, que está preso na ilha de Ogígia. Quem leva a ordem de Zeus à deusa Calipso, sua carcereira, por sete anos, é Hermes. O herói constrói uma jangada e inicia o caminho da volta para a casa e para a pátria.
Tapete: de origem controversa, provavelmente iraniana, mas registrado em grego como tapes. Para o português veio do latim tapete, declinação de tapes. É um tapete que Penélope tece enquanto espera pelo retorno de Ulisses, seu marido. E diz a seus pretendentes que casará com um deles quando concluir o trabalho, mas desfaz no dia seguinte o que teceu no dia anterior. Um dia Ulisses retorna ao lar, disfarçado de mendigo, mas é reconhecido pelo filho e pela criada, que, ao lavar os pés do antigo amo, reconhece-o por uma cicatriz. Após derrotar os pretendentes aos quais Penélope resistiu durante anos, dá-se a conhecer a Laerte, seu pai, e a todos mais.
Vatapá: do ioruba vata’pa, iguaria muito apreciada, que tem por base pão amolecido ou farinha de trigo, com carne de peixe desfiada, camarão fresco, camarão seco e temperos: sal, gengibre, coentro, cebola, leite de coco, amendoim, castanha de caju. Depois de torrados e moídos, recebem azeite de dendê e pimenta-malagueta. O cantor e compositor baiano Dorival Caymi (1914-2008) deu a receita em célebre canção: “Quem quiser vatapá, ô/ Que procure fazer/ Primeiro o fubá/ Depois o dendê/ Procure uma nêga baiana, ô/ Que saiba mexer/ Que saiba mexer/ Que saiba mexer/ Bota castanha de caju/ Um bocadinho mais/ Pimenta-malagueta/ Um bocadinho mais/ Amendoim, camarão, rala um coco/ Na hora de machucar/ Sal com gengibre e cebola, iaiá/ Na hora de temperar/ Não para de mexer, ô/ Que é pra não embolar/ Panela no fogo/ Não deixa queimar/ Com qualquer dez mil réis e uma nêga ô/ Se faz um vatapá/ Se faz um vatapá/ Que bom vatapá”.